Boletim de Mortalidade nº40
Janeiro a junho de 2007

 

ESPERANÇA DE VIDA  NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS

Mortalidade em Campinas

Informe do Projeto de Monitorização
dos Óbitos no Município de Campinas

Secretaria Municipal de Saúde - Prefeitura Municipal de Campinas
Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde / DMPS / FCM / UNICAMP

 

Esperança de vida em Campinas

 

A esperança de vida ao nascer constitui um importante indicador das condições gerais de vida e de saúde de uma população, capaz de sintetizar a intensidade com que os riscos de morte atuam, sem ser afetado pelas diferenças de estrutura etária. Construída a partir da tábua de vida, a esperança de vida representa o número médio de anos que uma pessoa viverá a partir da idade que tem, pressupondo que ao longo da vida esteja exposta aos mesmos riscos de morte observados naquele dado ano, naquela população que está sendo analisada.

Em Campinas, a esperança de vida ao nascer atingiu 74,7 anos em 2005, o que significa que um recém-nascido deste município viverá em média 74,7 anos se os riscos de mortalidade que ele experimentar no decorrer da vida forem os mesmos observados na população de Campinas em 2005. Essa esperança foi de 71,1 para o sexo masculino e 78,4 para o feminino, revelando uma vantagem de 7,3 anos para as mulheres (figura 1). Observa-se ainda nesta figura que o município apresentou um aumento substancial de 4,8 anos de vida entre 1991 e 2005. Um outro aspecto importante é que as diferenças entre homens e mulheres, que haviam aumentado de 8,4 em 1991 para 9,5 anos em 2000, diminuem para 7,3 anos em 2005.

 

 

A tabela 1 retrata a situação da esperança de vida ao nascer de Campinas em relação a alguns estados e países selecionados.

 

 

Analisando comparativamente, a esperança de vida ao nascer de Campinas é um pouco maior em relação à média brasileira e bastante superior à de alguns estados, como Alagoas. No entanto, é ainda, em média, 6 a 7 anos inferior às maiores esperanças de vida observadas no contexto mundial, como por exemplo dos países desenvolvidos Japão e Suécia.

Além da esperança de vida ao nascer, a tábua de vida proporciona informações sobre o número médio de anos de sobrevivência nas diversas idades. Assim, moradores de Campinas com 70 anos de idade, em 2005, apresentavam uma esperança de vida de 12,7 e os de 30 anos de idade uma esperança de 46,6 anos (figura 2).

 

Uma síntese das diferenças existentes na figura 2 é apresentada na tabela 2. Verifica-se que, nos dois períodos analisados, houve aumento da esperança de vida ao nascer em todas as idades, sendo que os incrementos são maiores nos jovens e diminuem progressivamente com o aumento de idade.

Em termos de aumento percentual, os ganhos foram maiores nos mais idosos entre 1991 e 2000 e mais elevados nos mais jovens entre 2000 e 2005. Assim, moradores de Campinas com 50 anos de idade apresentaram um aumento de meio ano (0,5) na esperança de vida entre 2000 e 2005, o que representou 1,8% de aumento em relação à esperança de vida observada em 2000.

Em 2005, as mulheres apresentaram esperanças de vida superiores às dos homens em todas as idades, sendo as diferenças absolutas, entre os sexos, maiores nos mais jovens e as diferenças relativas mais elevadas nos mais idosos (tabela 3).

 

A figura 3 apresenta os valores das esperanças de vida de homens e mulheres moradores de Campinas nas diferentes idades, comparando os anos de 1991, 2000 e 2005. É possível verificar que uma mulher de 20 anos tinha 59,4 anos de esperança de vida em 2005, enquanto um homem da mesma idade para o mesmo ano tinha 52,6.

A tabela 4 sintetiza as diferenças presentes nas figuras 3 e 4. Observa-se que os homens de 30 anos ou menos apresentaram um ganho maior de anos de vida no período 2000-2005 do que no período anterior. Nas mulheres, em todas as idades, houve redução do ganho no período 2000-2005 relativamente a 1991-2000. Comparando-se os sexos, verifica-se que entre 1991 e 2000 o crescimento da esperança de vida foi maior nas mulheres que nos homens, ocorrendo o inverso no período 2000-2005 quando os homens apresentaram ganhos superiores.

 

Na figura 5, observa-se a redução das probabilidades de morte na maioria das faixas etárias entre 1991 e 2005, tendo ocorrido apenas um aumento da mortalidade na faixa de 15 a 34 anos entre 1991 e 2000. O declínio relativo das probabilidades de morte, entre 2000 e 2005, é notável entre 10 e 40 anos de idade. Este fenômeno pode ser explicado, sobretudo, pela redução das taxas de mortalidade por causas violentas (Boletim nº. 39 – Mortalidade por Causas Externas).

Uma vez que as mortes violentas atingem mais a população masculina, torna-se evidente que o principal fator que propiciou o aumento da esperança de vida dos homens, entre 2000 e 2005, foi a diminuição dos riscos de mortalidade por estas causas.

Em relação aos Distritos de Saúde, observa-se a maior esperança de vida no Distrito Leste e as menores nos Distritos Sudoeste e Noroeste, embora, em todos eles, verifique-se a significativa melhora ocorrida entre 2000 e 2005, especialmente nos homens (figuras 6 e 7). As mulheres, que apresentam os valores mais elevados, tiveram menor aumento da esperança de vida do que os homens em todos os Distritos de Saúde. Os homens dos Distritos Sul e Sudoeste apresentaram os maiores incrementos entre 2000 e 2005 (4,3 e 3,9 anos respectivamente).

Os moradores dos Distritos Sudoeste e Noroeste têm, em 2005, 3 anos a menos de esperança de vida ao nascer do que os moradores do Distrito Leste (tabela 5). Observa-se que, em geral, a desigualdade entre os Distritos é maior nos homens que nas mulheres e que as diferenças entre os Distritos, em ambos os sexos, foram reduzidas entre 2000 e 2005.

As figuras 8 e 9 apresentam a esperança de vida das pessoas de 15 anos moradoras nos diferentes Distritos.

Nota-se que a distribuição deste indicador reproduz o padrão espacial da esperança de vida ao nascer nos Distritos de Saúde nos dois anos considerados, sendo maior o tempo médio de vida no Leste e menor no Sudoeste e Noroeste (figura 8).

Vale destacar que os jovens residentes dos Distritos Sudoeste e Noroeste viviam, em média, cerca de 4 anos a menos que aqueles do Leste em 2000. Ainda comparativamente ao Leste, percebe-se uma diminuição destas diferenças das esperanças de vida aos 15 anos nos Distritos no ano de 2005. E, apesar de ainda se encontrarem em situação desfavorável, a distância entre os jovens do Leste e os do Sudoeste e Noroeste passa para cerca de 3 anos.

Na figura 9, visualiza-se a distribuição espacial das esperanças de vida aos 15 anos de idade por sexo no ano de 2005. É possível observar que uma adolescente de 15 anos apresenta 6,6 anos a mais de esperança de vida que os rapazes se forem moradores do Distrito Leste e 7,5 anos a mais se forem moradores do Distrito Noroeste.

Em conclusão, o aumento da esperança de vida que ocorreu especialmente nos homens decorre em parte da redução significativa das taxas de homicídio que o município experimentou nos últimos anos, além de ter maior possibilidade de incremento por apresentar-se ainda bastante baixa. É, entretanto, preocupante os incrementos relativamente pequenos que vêm ocorrendo especialmente nas idades de 50 anos e mais. Esta situação aponta a importância do controle e prevenção das doenças crônicas não transmissíveis e de intervenções para a promoção de comportamentos saudáveis.

Quanto à distribuição espacial, apesar de o município de Campinas apresentar uma expectativa de vida relativamente alta se comparada com a média brasileira, as disparidades existentes revelam a correspondência entre a menor expectativa de vida e as precárias condições de vida. Esta relação com o espaço, caracterizado por diferentes padrões socioeconômicos, permite identificar áreas prioritárias para melhorias das condições de saúde.