Campinas intensifica medidas de controle da dengue

25/02/2011

Autor: Marco Aurélio Capitão

A Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Vigilância em Saúde, tem intensificado as medidas de controle da dengue em todas as regiões de Campinas. O município integra a lista das 70 cidades consideradas prioritárias para o combate à doença no País neste início de 2011 pelo Ministério da Saúde.

O reforço contempla as ações de vigilância epidemiológica, vigilância sanitária, controle do vetor – o mosquito Aedes aegypti -, ações de informação, comunicação e mobilização social, capacitação e atualização das equipes de saúde e intensificação das atividades intersetoriais.

Em relação às ações de informação, comunicação e mobilização social, a Prefeitura de Campinas vai aproveitar as datas festivas para ampliar os “chamados” à população. “Vamos começar pelo Carnaval, uma das manifestações populares mais importantes do País, com o objetivo de mobilizar a comunidade e os profissionais de saúde para o enfrentamento da doença”, disse o secretário municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva.

Segundo o secretário, a iniciativa é das Secretarias Municipais de Cultura e Lazer e de Comunicação em conjunto com a Secretaria de Saúde e reflete o trabalho intersetorial do município no sentido de sensibilizar cada vez mais a população para que evitem a proliferação do mosquito.

Sobre o fato de Campinas estar entre os municípios prioritários, o secretário disse que há um risco de epidemia em 16 estados e mais de 70 municípios, apontado com base em critérios populacionais e no cenário epidemiológico do fim de 2010. “Não quer dizer que vamos ter uma epidemia, mas, se não nos mobilizarmos, o risco é maior”, alertou . Segundo ele, a vigilância e atenção em saúde é responsabilidade do poder público, mas sem o envolvimento da comunidade, a luta contra a dengue fica comprometida.

Situação da doença.

No acumulado do ano, até dia 24 de fevereiro, foram confirmados 101 casos de pessoas que adoeceram com dengue em Campinas. No último boletim, divulgado em 17 de fevereiro, eram 65. Isso não significa que todos os casos ocorreram na última semana. São ocorrências que se referem a pessoas que tiveram exames confirmados neste período, mas que não necessariamente adoeceram na última semana. Todos os pacientes evoluíram para cura.

Neste momento, no município, há 21 áreas com casos autóctones em todas as regiões da cidade – norte, sul, leste, sudoeste, noroeste. Entre as com maior número de casos estão incluídas comunidades na abrangência do Centro de Saúde Faria Lima (sul); Centro de Saúde Aurélia (norte), Centro de Saúde Fernanda (sul); Centro de Saúde Florence (noroeste) e Centro de Saúde Ipaussurama (noroeste).

Alerta.

Segundo o coordenador do Programa Municipal de Controle da Dengue em Campinas, o médico sanitarista André Ricardo Ribas Freitas, a Vigilância em Saúde concluiu nesta quinta-feira, dia 24, o resultado do último levantamento sobre a infestação pelo mosquito da dengue, o Aedes aegypti, realizado no final de janeiro. O índice de 3,95 é o maior já identificado no município desde 2001 e preocupa a Vigilância em Saúde já que pode significar maior risco de transmissão.

Esta pesquisa – que consiste em trabalhar áreas, por amostragem, em todas as regiões da cidade – aponta o número de criadouros com larva do mosquito da dengue a cada 100 domicílios. O objetivo é identificar as áreas de maior infestação e intervir para evitar aumento de casos.

O levantamento sobre a infestação do mosquito é um dos seis componentes do Risco Dengue, ferramenta que identifica o risco de epidemia nos estados, combinando fatores como incidência de casos de dengue, índices de infestação pelo mosquito, densidade populacional, entre outros.

“Os dados são preocupantes e, embora a situação epidemiológica ainda esteja controlada, temos vários municípios do Estado de São Paulo e de outros estados com epidemia, o que pressiona a entrada de vírus em Campinas”, diz André.

A pesquisa aponta ainda quais são os principais criadouros. Os criadouros frequentes são as plantas que acumulam água, os resíduos inservíveis como pneus, latas, potes e outros e os reservatórios de água nas áreas sem abastecimento regular.

André chama a atenção para o fato de que, em toda cidade, os canteiros de obras das construções com equipamentos e resíduos sem o devido cuidado consistem em criadouros importantes. E os problemas vão desde as pequenas obras até grandes edificações. São fundações sem drenagem, tambores de água e resíduos da construção como garrafas pet, marmitex etc.

O coordenador informa que a Secretaria de Saúde, por meio do Grupo de Trabalho da dengue, está programando uma grande ação direcionada a este segmento.

“Ficar atento para não deixar acumular águia é uma das armas mais eficazes no combate ao mosquito transmissor da doença. As chuvas frequentes e as altas temperaturas desta época do ano também exigem mais atenção”, afirma André.

Bloqueio químico.

A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da Vigilância em Saúde Noroeste, visitou 740 endereços esta semana durante bloqueio químico contra a dengue nos bairros Vila União e Alto do Ipaussurama, na abrangência do Centro de Saúde (CS) Ipaussurama. Nestas áreas, foram registrados sete casos autóctones da doença. Pelo menos outros trinta suspeitos aguardam resultados de exames laboratoriais.

Do total de endereços visitados, 44% não puderam ser trabalhados ou porque estavam fechados ou porque os moradores se recusaram a receber as equipes. As negativas ocorreram por motivo de saúde, porque havia morador recém-nascido na residência ou porque o domicílio abrigava muitos animais, além de recusas sem justificativa.

Os trabalhos foram realizados por 70 servidores das Vigilâncias em Saúde Noroeste, Sudoeste, Sul, Norte e Leste, do Centro de Controle de Zoonoses e da Superintendência do Controle de Endemias (Sucen). A iniciativa ainda contou com o apoio da equipe do CS Ipaussurama.

Neste sábado, 26 de fevereiro, as equipes retornam ao local para completar a ação nos domicílios que estavam fechados. “Solicitamos a colaboração da comunidade para que receba as equipes. As pendências comprometem a ação”, diz a médica veterinária Nívea Ramos Gomes, supervisora de dengue da região Noroeste.

Ainda nesta semana, na região noroeste, está programada nebulização para o Jardim Lisa. Além disso, ocorrem ações de busca ativa de pessoas com sinais suspeitos da doença em vários bairros.

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