Campinas será mais rigorosa com Domicílios que favoreçam a dengue

24/03/2010

Autor: Denize Assis

A partir deste mês de março, a Secretaria de Saúde de Campinas vai ser mais rigorosa no uso dos instrumentos da Vigilância Sanitária em relação aos munícipes que mantiverem em seus domicílios condições propícias para a proliferação do mosquito da dengue, especialmente as pessoas que impedirem o acesso das equipes que atuam no combate à doença ou que mantiverem imóveis fechados ou abandonados.

A medida foi informada na tarde desta terça-feira, dia 24 de março, em coletiva com a imprensa onde foram anunciadas medidas de reforço no Programa Municipal de Controle da Dengue.

Até então, Campinas aplicava penalidades apenas a estabelecimentos comerciais. A partir de agora, se forem esgotadas as abordagens que já ocorrem na rotina, frente a uma situação de risco, com o proprietário impedindo o acesso das equipes, o munícipe fica sujeito a penalidades, o que inclui multa com valores que hoje variam entre R$ 1.200,00 a R$ 6.400,00.

“O combate a dengue exige a participação de toda comunidade. Cada um tem que fazer sua parte e cuidar do seu quintal, da sua rua, do seu bairro. Também é preciso considerar que o direito coletivo se sobrepõe ao direito individual. A pessoa que não cuida do seu quintal e mantém criadouros, coloca em risco não somente sua saúde, mas a do seu vizinho”, afirma a bióloga Elen Fagundes Costa Telli, coordenadora da Vigilância Sanitária de Campinas.

Ampliação do contingente

Também foi anunciada na coletiva a ampliação do contingente de profissionais que atuam em campo. A partir da próxima quinta-feira, 26 de março, 200 ajudantes de controle ambiental passam a integrar as equipes de combate ao mosquito. Estes profissionais estão sendo capacitados nestas terça-feira e quarta-feira para executar trabalhos como telagem de caixas d´água, combate químico ao vetor e outras ações ambientais como preparação dos imóveis para nebulização, além de reforçar mutirões de limpeza. Com esta ampliação, o município passa a contar com 350 pessoas para atuar diretamente nas ações de campo.

“O Programa Municipal de Controle da Dengue de Campinas trabalha com o manejo integrado que é composto por diversos métodos – retirada mecânica e inviabilização de criadouros, complementadas por métodos químicos, biológicos e alternativos – que são recomendados de acordo com cada ambiente e situação. Neste momento, em que a situação exige ações mais ampliadas e em curto prazo de tempo, o reforço das equipes e o aumento da capacidade de fazer a limpeza da cidade são fundamentais”, diz a enfermeira sanitarista Maria Filomena Gouveia Vilela, diretora da Vigilância em Saúde de Campinas.

Assistência

A Secretaria de Saúde também informou que vai intensificar as ações no sentido de garantir assistência adequada aos pacientes e acompanhamento das formas graves, como a febre hemorrágica da dengue. Este reforço acontece por meio de capacitações, atualizações, palestras, reuniões e distribuição de informes técnicos.

Na próxima quinta-feira, dia 26, ocorre atualização sobre diagnóstico e manejo clínico de dengue direcionado a médicos e enfermeiros das redes pública e privada de saúde.

“A capacitação e atualização das equipes é fundamental para garantir uma rede adequada de assistência e acompanhamento aos pacientes, o que inclui atendimento com avaliação clínica correta e hemograma com resultado no mesmo dia realizado pelo Laboratório Municipal e, em alguns casos, monitoramento diário feito pela própria unidade de saúde”, afirma o médico sanitarista André Ribas Freitas, coordenador Municipal do Programa de Dengue de Campinas.

Vigilância Epidemiológica

Na coletiva, também foi informada a ampliação das ações de vigilância epidemiológica como utilização de exames laboratoriais de resultado rápido, com agilização das ações de controle, definição das áreas de risco e, consequentemente, maior eficácia das ações de nebulização.

Mobilização e intersetorialidade

A Secretaria de Saúde também vai intensificar as ações de informação, comunicação e mobilização social. Um informe semanal será distribuído uma vez por semana, todas as segundas-feiras, para a imprensa e disponibilizado nos portais da Prefeitura e Secretaria de Saúde. Folhetos educativos, cartazes e peças publicitárias serão veiculados.

A ofensiva contra a dengue também será ampliada com o trabalho concomitante intersetorial integrado entre as várias secretarias envolvidas nas ações de combate. Os trabalhos serão ao mesmo tempo e atendem a urgência apontada pela saúde.

Neste momento, o foco das ações - de limpeza e organização da cidade - vão ser áreas elencadas como prioritárias pela equipe técnica da Vigilância em Saúde que são os bairros na abrangência dos Centros de Saúde Conceição, Vila Perseu Leite de Barros, Tancredão, Vista Alegre e Vila União, Paranapanema, São domingos e São José, Santa Mônica, São Marcos, Barão Geraldo e Aurélia.

“O trabalho conjunto, intersetorial, com ampla participação da comunidade é fundamental no combate à dengue. Registramos este ano aumento de casos no Brasil, no Estado de São Paulo e na Região Metropolitana de Campinas. Além disso, temos a circulação de um sorotipo que não circulava há mais de uma década, o DEN 1, e a questão climática favorável. Todos estes fatores aumentam o risco da doença mas com estas medidas aditivas Campinas está preparada para enfrentar a dengue”, disse o secretário de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva.

Situação Epidemiológica

Campinas registrou em 2010, 359 casos de dengue, entre os quais um caso da forma hemorrágica e quatro com complicações. Não houve óbitos.

Na região, Sumaré e Hortolândia são as cidades com maior incidência com 282 casos e 123 casos respectivamente.

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