Autor: Denize Assis e Solange de Freitas
De norte a sul de Campinas, a Secretaria Municipal de Saúde promoveu nesta sexta-feira, dia 4 de abril, atividades de comunicação em saúde, informação e mobilização social sobre dengue para marcar a Semana do Dia D Estadual contra a doença.
Entre as ações houve palestras, gincanas, barracas educativas em feiras, ações em escolas, na Ceasa e no Cemitério da Saudade. Na região norte, aconteceu o 2° Encontro Cuidando dos Recicladores. Na sul, panfletagem no semáforo da avenida João Jorge, em frente ao Batalhão do 8º Batalhão da Polícia Militar.
Em Campinas, nos três primeiros meses deste ano, a situação da dengue aponta redução de 97% no número de casos em relação ao mesmo período de 2007. Foram 3.703 casos no ano passado, em janeiro, fevereiro e março, e 90 no primeiro trimestre de 2008. O cenário, segundo a Secretaria de Saúde, é resultado de um conjunto de ações decorrentes de esforço político, rigor técnico e mobilização social.
Recicladores na norte. Na região norte, o Centro de Saúde (CS) da Vila Padre Anchieta mobilizou mais de 200 pessoas na tarde desta sexta-feira, no Clube Municipal João do Pulo, na avenida Nossa Senhora das Dores, 67, durante o 2° Encontro Cuidando dos Recicladores.
O objetivo principal do evento foi discutir cuidados que estes profissionais devem ter para não propiciar a proliferação do mosquito da dengue, o Aedes aegypti. Além dos recicladores e familiares, estiveram presentes profissionais de saúde, assistentes sociais, conselheiros de saúde, representantes da igreja católica e alunos de escolas estaduais e municipais sediadas na abrangência do Padre Anchieta.
A programação do encontro incluiu palestra sobre dengue, o ciclo do mosquito e criadouros; oficina de brinquedos com garrafas plásticas de refrigerante; exposição de cartazes confeccionados por crianças em aulas que trataram do tema dengue; demonstração do Aedes aegytpi; palestra sobre legislação e organização de cooperativas.
Foram promovidas, ainda, aferição de pressão arterial, exame de destro e orientação sobre saúde bucal com distribuição de escovas. Uma peça de teatro de fantoches, com adaptação da história do Chapeuzinho Vermelho, também foi apresentada. O encontro foi encerrado com um coquetel com frutas, refrigerantes e salgadinhos, promovido pelo comércio local e Ceasa.
Todos os recicladores receberam bags – sacolas de ráfia para acomodar os recicláveis. Duas pessoas caracterizadas como mosquito da dengue divertiram os participantes.
Segundo o supervisor de ações de dengue Roberto Ribeiro de Souza, da Vigilância em Saúde (Visa) Norte, o reciclador tem um papel importante no meio ambiente e a forma de organização do trabalho destes profissionais pode fazer uma grande diferença na questão da dengue e de outras doenças e agravos à saúde.
“Aproveitamos o momento para cadastrar os recicladores ainda não conhecidos e reforçar que o trabalho deles é muito importante, mas que tem que ser feito de forma que não gere mosquito”, afirmou. Os recicladores cadastrados são visitados periodicamente e recebem bags.
A médica Fernanda Mohallem Reynaldo, coordenadora do CS Anchieta, avaliou como muito bom o resultado do encontro. “A receptividade foi boa. Eles interagiram, perguntaram bastante. O encontro, que integra a Semana do Dia D, também foi um momento de reforçar o vínculo com esta população, considerada de risco”, disse.
O reciclador José Maria Bonfim, de 48 anos, que atua em Campinas há oito meses nesta função, disse que o encontro foi muito bom. “Eu não tinha muita informação sobre reciclagem. Espero mais encontros porque a gente fica sabendo cada vez mais”, disse.
Maria José da Conceição, de 59 anos, trabalha com recicláveis há 33 anos e atua há 5 meses em Campinas. “Achei muito legal. Em outros cantos, não tive esta oportunidade. Fui convidada por uma equipe da dengue”, afirmou.
O marido de Maria José, Adálio Henrique Dantas, disse que no momento do convite achou que o encontro era algo muito importante. “E, de fato, foi muito proveitoso”, disse.
O 2° Encontro Cuidando dos Recicladores foi organizado pelo Núcleo de Saúde Coletiva do CS Anchieta e contou com a colaboração dos CSs Rosália e Cássio Raposo do Amaral e do Distrito de Saúde Norte.
Saiba mais. Os recicladores recolhem resíduos das casas e do comércio e juntam tudo num espaço, muitas vezes no próprio quintal. Mas é necessário ter uma quantidade grande de materiais para ser possível vendê-los ou destiná-los a uma cooperativa ou outros locais. Se estes resíduos não forem guardados em local coberto, ao abrigo da chuva e do sol, podem tornar-se importantes disseminadores do mosquito da dengue, dada a grande quantidade e variabilidade de materiais. Também podem se constituir em abrigos e atrativos para outros mosquitos, além de baratas, escorpiões, ratos, aranhas e outros. Portanto, estes materiais precisam estar depositados adequadamente.
Panfletagem na sul. Na região sul, no semáforo da avenida João Jorge, uma equipe de 13 pessoas, entre agentes comunitários de saúde e supervisores e ajudantes de controle ambiental, promoveu uma panfletagem entre 8h e 12h. Mais de 2,5 mil motoristas e pedestres foram abordados.
“Foi muito bom. A maioria das pessoas recebeu muito bem”, disse o supervisor de ações da dengue do Distrito de Saúde Sul, Daniel Dela Libera Rodrigues. Segundo ele, a ação é uma forma de mobilizar o máximo de pessoas ao mesmo tempo, uma maneira de manter o tema dengue na nossa rotina e na rotina de todos os cidadãos. “Temos que ter em mente que a dengue é doença que pode matar e que cada vez mais cada um tem que fazer sua parte”, disse.