Comunidade de Barão Geraldo e Secretaria de Saúde se unem em Campanha de Mobilização contra a Dengue

14/04/2011

Autor: Denize Assis e Marco Aurélio Capitão

Campinas registrou 562 casos de pessoas com dengue em 2011, sendo quatro de dengue com complicações e três da forma hemorrágica. Não houve mortes. O número é menor do que o registrado no mesmo período de 2010

A comunidade do Barão Geraldo em parceria com a Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da Vigilância em Saúde (Visa) Norte, deflagrou nesta quarta-feira, 13 de abril, uma Campanha de Mobilização contra a Dengue. A ação foi definida em reunião realizada na terça-feira, dia 12, entre autoridades sanitárias e população no Salão Paroquial Santa Izabel, próximo à subprefeitura de Barão Geraldo.

O evento reuniu um público de mais de cinquenta pessoas representantes de diversos segmentos de Barão Geraldo, incluindo comércio, educação, cultura e lazer, igrejas, universidades, Organizações Não Governamentais (ONGs), conselhos, fundações, associações, entidades de classe, lideranças de bairro, imprensa, além de equipes do Centro de Saúde de Barão Geraldo e seu Conselho Local de Saúde (CLS), do Distrito e Visa Norte, da Secretaria Municipal de Saúde e outros setores do Poder Público Municipal.

A iniciativa é uma resposta à constatação de que o Distrito de Barão Geraldo é o local da cidade com o maior número de pendências de dengue, ou seja: tem o maior percentual de residências que não podem ser visitadas pelas equipes de saúde porque os moradores não estão em casa ou se recusam a receber os agentes.

Segundo a Visa Norte, a cada cem endereços visitados em Barão, sessenta deixam de ser trabalhados porque os agentes não conseguem entrar. Ainda, segundo a Vigilância em Saúde, na última pesquisa sobre a infestação do mosquito da dengue, a cada cem residências, 22 apresentaram focos do mosquito. O aceitável pelo Ministério da Saúde é uma casa a cada cem. Trata-se do pior resultado dos últimos dez anos em Barão Geraldo e do pior no município na pesquisa, realizada em fevereiro.

O objetivo da Campanha é envolver toda a comunidade de Barão Geraldo no combate e estimular cada cidadão a receber as equipes da dengue e a eliminar os locais de água parada, onde o mosquito transmissor, o Aedes aegypti, se multiplica.

Na reunião, o biólogo Ovando Provatti, da Visa Norte, fez uma apresentação sobre a situação da dengue em Campinas, ressaltou a gravidade da situação de Barão Geraldo, informou sobre a dispersão dos casos pelo Distrito e relatou o cenário que se desenha para o próximo período de calor e chuvas, inclusive com a expectativa da chegada do vírus 4.

No acumulado de 2011, Barão Geraldo registra 26 casos confirmados de dengue e aguarda resultados de exames laboratoriais de pelo menos outras duas dezenas. Neste momento, há sete bairros com transmissão no local.

Segundo Ovando, os principais criadouros ainda são os encontrados nos domicílios, mais de 80% deles. São pneus, latas, plásticos, garrafas pet, potes, pratos de vasos de planta. Em Barão Geraldo, são encontrados também criadouros em piscinas, barcos e em flores que acumulam água como bromélias. Nas áreas públicas a comunidade costuma abandonar materiais inservíveis como sofás e outros móveis velhos. Para ser ter noção do volume de criadouros, na última ação em Barão Geraldo, foram removidas 90 toneladas de materiais que podem ser criadouros das praças públicas.

“É importante associar cada setor da sociedade na luta contra a dengue. A Prefeitura tem intensificado seus trabalhos no combate à doença. Mas isto não basta. É fundamental a parceria e o apoio da população, a cumplicidade entre poder público e sociedade civil no combate”, disse Ovando.

“A dengue é um problema de todos. Ao Poder Público cabe manter a cidade limpa e organizada e cuidar dos pacientes. A cada cidadão, cada segmento cabe fazer a sua parte de cuidado com o seu espaço e com a cidade que é de todos. O objetivo desta reunião é chamar a sociedade à responsabilidade”, disse a enfermeira sanitarista Maria Filomena de Gouveia Vilela, diretora da Vigilância em Saúde.

Os moradores foram ouvidos pelas autoridades sanitárias, puderam tirar suas dúvidas e, principalmente, deram sugestões de iniciativas, entre as quais ações junto às imobiliárias para facilitação do acesso das equipes; ao comércio, visando a divulgação de informações sobre a doença e a necessidade de cuidados diários; a ONGs, com objetivo de mobilização comunitária; à imprensa, para divulgação das ações; igrejas e escolas, visando sensibilizar e conscientizar a comunidade; atividades relativas a imóveis fechados e abandonados e a obras; e outras.

Além da campanha de mobilização social que começa imediatamente, com a convocação de toda sociedade de Barão Geraldo para se engajar na luta contra a doença, ficou definido o 30 de abril como um ‘Dia D’ de mobilização com todas as atividades ocorrendo ao mesmo tempo e com um arrastão de criadouros.

Bonfim. No próximo sábado, dia 16, no período da manhã, a Visa Norte promove uma mobilização contra a dengue no Bairro Bonfim. Ajudantes e supervisores de controle ambiental, técnicos da Visa, agentes comunitários, com apoio do Centro de Saúde (CS) do Jardim Aurélia, irão desencadear ações de busca ativa de casos positivos de dengue, além da remoção e inviabilização de criadouros. A ação pretende envolver cerca de quinhentas residências no bairro.

O motivo da mobilização, conforme explica Ítalo César Ferreira, supervisor de Controle Ambiental da Visa Norte, é a notificação de sete casos positivos autóctones da doença naquela região nos meses de março e abril. Casos autóctones são aqueles em que a contaminação ocorre no próprio local de moradia. “São números preocupantes e a população local precisa se conscientizar de que o Aedes aegypti deve ser combatido e, para isso, os criadouros devem ser removidos”, adverte Ítalo.

A situação é ainda mais preocupante nessa região do Bonfim, como explica o supervisor, quando se constata que a pendência de residências a serem visitadas ali chega a 46%. “Com as casas fechadas, sem o acesso da Vigilância, fica impossível a identificação de suspeitos e a inviabilização de criadouros. Isso diminui a eficácia das ações”, diz ele.

Ítalo César Ferreira explica, ainda, que existem alguns fatores de risco que justificam essa ação no Bonfim. “Em primeiro lugar trata-se de uma área bastante urbanizada, de grande densidade demográfica. Outro agravante nesse bairro é concentração de casos no mesmo espaço territorial, além de imóveis especiais como escolas e uma grande população de idosos. Portanto, é necessária a parceria entre Secretaria de Saúde e comunidade o que significa envolver cada cidadão, seu vizinho, seu colega de quarteirão, seu amigo do clube, da escola, além das igrejas, e outros”, finalizou.

Situação da doença. A Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde de Campinas divulgou novos números da dengue em 2011 nesta quarta-feira, dia 13 de abril. No acumulado do ano, 562 pessoas adoeceram com dengue no município. Entre estes casos, quatro foram de dengue com complicações e três da forma hemorrágica. Não houve mortes. O número é menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. No último balanço, em 1º de abril, eram 481. O número de casos confirmados neste período não significa, necessariamente, que as pessoas adoecerem neste período.

Volta ao índice de notícias