Bloqueio químico contra a dengue já atingiu mais de 1,2 mil domicílios na região sudoeste

14/05/2007

Mais de 1,2 mil domicílios dos bairros Jardim Novo Campos Elíseos, Residencial Souza Queiróz, Jardim Santa Amália, Jardim Aerocontinental, Jardim Márcia e Jardim Nova Independência, na região sudoeste de Campinas, receberam esta semana bloqueio químico – nebulização com veneno – contra o Aedes aegypti, mosquito que transmite o vírus da dengue.

A medida, iniciada na última segunda-feira, 7 de maio, prossegue na segunda-feira, terça-feira e quarta-feira, dias 14, 15 e 16 de maio, no Jardim Capivari e Jardim Novo Campos Elíseos - da rua Piracicaba até a rua Aguinaldo Saturnino. O objetivo é trabalhar, no total, 6,5 mil domicílios. A previsão era de que todos os bairros citados acima fossem trabalhados esta semana, mas as condições do tempo prejudicaram a ação, já que a chuva e o vento inviabilizam a pulverização.

O bloqueio químico é feito com Malation, um inseticida da classe dos organofosforados, de toxicidade alta e que requer cuidados na aplicação para evitar contaminação e intoxicação dos seres vivos. Até o momento, Campinas não notificou casos de intoxicação nem em humanos nem em animais. “O resultado se deve ao rigor técnico adotado na ação”, afirma o médico veterinário Cláudio Castagna, da Visa Sudoeste.

Segundo Cláudio, na véspera da nebulização, as equipes da Secretaria de Saúde vão de casa em casa para informar os moradores sobre a ação e como preparar a residência para o bloqueio químico. “Além disso, são realizados antecipadamente arrastões de criadouros do mosquito para deixar a área adequada para a nebulização e melhorar a eficácia do inseticida”, afirma Cláudio.

O veterinário informa que a nebulização não extermina o mosquito, já que mata somente adultos alados e não atinge as larvas. “O bloqueio químico não é uma ação ‘milagrosa’. O mosquito vai se reproduzir novamente se a latinha, a garrafa e outros objetos com água parada não forem eliminados. As pessoas precisam se mobilizar, se envolver na luta contra a dengue e eliminar criadouros todo dia, senão qualquer ação se torna pouco eficaz”, diz.

A Secretaria de Saúde informa que o bloqueio químico não será feito na cidade inteira, já que não tem sentido fazer o controle do mosquito com base no veneno. Além disso, não são todas as áreas que precisam – somente áreas com transmissão recente, autoctonia e coeficiente de incidência alto.

Além disso, não há condição operacional para promover nebulização numa cidade inteira com as proporções de Campinas, sem contar o impacto ambiental que isto provocaria. Segundo a Vigilância em Saúde, a escolha das áreas a serem nebulizadas é feita quase que dia-a-dia, a partir da análise da ocorrência de casos.

Situação da doença. Desde janeiro, Campinas notificou 11.953 casos de dengue, sendo que, deste total, foram processados pelo laboratório do Instituto Adolfo Lutz pouco mais de 6 mil exames, entre os quais foram confirmados 3.110 casos, sendo 2.364 de residentes de Campinas, 540 de outros municípios e 150 que ainda estão em investigação quanto ao local de moradia.

Nesta sexta-feira, 11 de maio, o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Saúde do Estado reconheceu mais cinco casos de dengue hemorrágica que já haviam sido notificados pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) de Campinas. Com isto, sobe para sete o número de casos desta forma de dengue entre moradores de Campinas. Os sete casos referem-se a pacientes que foram tratados e curados. Portanto, até o momento, entre os casos ratificados pelo CVE, a taxa de cura de dengue hemorrágica em Campinas é de 100%.

Além destes casos, há pelo menos outros 14 prováveis (entre os quais um óbito) de dengue hemorrágica entre moradores de Campinas. Casos prováveis são aqueles que têm dengue hemorrágica clínica e laboratorialmente, mas ainda não têm resultado da sorologia ou ainda não foram reconhecidos pelo CVE.

O CVE também reconheceu seis casos de dengue com complicação entre moradores de Campinas e que já haviam sido notificados pela Covisa. Entre estes casos não houve óbitos. Pelo menos outros oito casos de dengue com complicação - com um óbito - já registrados por Campinas estão sendo analisados pelo CVE.

O órgão estadual também confirmou mais dois casos de dengue hemorrágica de moradores de Hortolândia que foram atendidos em Campinas. Assim, sobe para quatro o número de casos hemorrágicos de pacientes de outros municípios atendidos em Campinas. Entre estes casos, um – que já estava confirmado pelo CVE - foi a óbito. Ainda há 14 casos nesta mesma condição – de morador de fora atendido em hospital de Campinas - aguardando ratificação do CVE. Também há quatro casos de dengue com complicação, entre os quais 1 óbito.

Denize Assis

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