Preocupada com letalidade por Meningite meningocócica, Visa Estuda medidas junto à Secretaria de Estado

03/06/2011

Autor: Denize Assis

Preocupada com a alta letalidade da doença meningocócica em Campinas neste ano de 2011, a Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, por meio da Vigilância Epidemiológica, reuniu-se na última quinta-feira, dia 2 de junho, com técnicos do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado da Saúde para apresentar a análise realizada pela Vigilância em Saúde do Município e avaliar possíveis medidas a serem adotadas.

Desde o início do ano, foram confirmados 16 casos de doença meningocócica com oito óbitos, o que dá uma letalidade de 50%. Do total de casos, 10 são do tipo C, quatro do B, um do Y e um caso não foi sorogrupado. Não há relação entre os casos. Em 2010, no mesmo período, de janeiro a maio, foram 19 casos com cinco óbitos, ou 26%. No ano passado todo, foram 54 e 15 mortes, ou 27,7% de letalidade. Os tipos mais comuns na cidade têm sido o B e o C, com uma prevalência do C nos últimos anos.

A Secretaria de Estado avaliou como pertinente a preocupação e ficou decidido que as equipes do estado e do município, junto com a regional Campinas da Secretaria de Estado da Saúde que é a Direção Regional de Saúde (DRS-7), vão ampliar a abrangência da análise comparando a situação epidemiológica com a de municípios vizinhos e com a do estado de São Paulo para que os resultados possam ser apresentados ao Ministério da Saúde.

O estudo inclui a informação sobre a análise da cepa que está circulando pelo laboratório do Instituto Adolfo Lutz, que já realiza isto na sua rotina. Além disso, será feita comparação da doença meningocócica com o perfil de outras meningites bacterianas. A avaliação de Campinas e da regional vai contar com apoio do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o resultado deverá ser apresentado em uma semana para o Ministério da Saúde.

Segundo a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas, o estudo preliminar apresentado à Secretaria de Estado durante a reunião aponta que as equipes de saúde estão atentas para diagnosticar e tratar precocemente a doença.

“A intervenção nas primeiras horas do início dos sintomas da meningite é fundamental para a boa evolução do caso. O que foi observado preliminarmente é que não houve problemas na assistência prestada, ou seja: os casos foram atendimentos rapidamente, o diagnóstico foi feito precocemente e o tratamento foi introduzido. Então, trabalhamos também com a hipótese de que este aumento da letalidade possa estar relacionado a uma cepa mais virulenta, a uma bactéria com potencial maior de causar doença grave”, afirma Brigina.

Segundo a sanitarista, a notificação rápida e o esforço no sentido de identificar o agente etiológico são extremamente importantes. Brigina explica que a meningite meningocócica pode ser causada bactérias de diversos sorogrupos e a identificação deles é importante do ponto de vista epidemiológico. No entanto, do ponto de vista clínico, dos sintomas, do diagnóstico e tratamento não há diferenças.

Saiba mais. A doença meningocócica é uma infecção aguda causada por bactéria e que pode atingir pessoas de todas as faixas etárias. No entanto, é mais comum nas crianças. Existe tratamento para a doença meningocócica e o esperado é que a maioria dos casos evolua para cura. Às vezes, esta doença pode deixar seqüelas, como amputação de membros periféricos e algum comprometimento cerebral. Ocorre durante todos os meses do ano. Mas, nas épocas mais frias e secas, como acontece com todas as doenças de transmissão respiratória, observa-se aumento nas ocorrências.

A doença meningocócica pode se manisfestar como uma meningite – infecção das meninges - e, na sua forma mais grave, a bactéria se espalha no organismo como uma septicemia – meningoccemia. Também podem aparecer casos em que há presença de meningite e meningococcemia associadas.

É necessário atenção para o sinal característico da doença meningocócica que é febre alta acompanhada de dor de cabeça, náuseas e, nas crianças muito pequenas, irritabilidade, sonolência e perda de apetite entre outros. “Diante destes sinais, a pessoa deve ser encaminhada imediatamente ao serviço de saúde”, diz Brigina Kemp. “No caso da meningococcemia, que pode ocorrer com ou sem sinais meníngeos – que são os descritos acima -, observa-se a presença de lesões ou manchas arroxeadas e avermelhadas na pele”.

Trata-se de doença grave, que precisa de diagnóstico e conduta do médico e exige tratamento específico, sendo de notificação imediata e obrigatória para a Vigilância em Saúde. Ao receber a notificação de um caso suspeito, mesmo antes de confirmação laboratorial, a Visa desencadeia uma medida chamada de bloqueio. São identificadas as pessoas que estabeleceram contato próximo, cotidiano com a pessoa que adoeceu e é feita quimioprofilaxia com medicamento para evitar ocorrência de outros casos.

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