Mutirão revela que três em cada dez crianças estão acima do peso e sofrem de pressão alta

28/06/2011

Autor: Marco Aurélio Capitão

Três em cada dez crianças e adolescentes de Campinas estão acima do peso e apresentam pressão arterial elevada. Esse dado faz parte do resultado do 2º Mutirão de Avaliação de Risco Cardiovascular, realizado no final de 2010 pela Secretaria Municipal de Saúde, em parceria com a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) e a Secretaria Estadual de Saúde. Neste 2º Mutirão passaram por avaliação médica cerca de 4.700 estudantes de 7 anos a 18 anos de onze escolas públicas municipais.

O resultado desse trabalho foi apresentado no 32º Congresso da Socesp realizado entre os dias 23 a 26 de junho, em São Paulo. Diferentemente de outros municípios, que realizaram o mutirão com adultos, Campinas optou por incluir uma população mais jovem, pois trata-se de um público que pode ser incluído em programas de prevenção que estimulem hábitos saudáveis de vida, principalmente os referentes à alimentação saudável e prática de exercícios físicos.

“A constatação de que 29,19% das crianças são obesas e outras 30,54% estão com a pressão arterial alterada é muito preocupante. Optamos por incluir o público mais jovem, uma vez que poderemos avaliar o risco que esta população tem de, no futuro, desenvolver hipertensão, diabetes ou uma doença cardíaca e intervir”, afirmou José Francisco Kerr Saraiva, secretário municipal de Saúde de Campinas e diretor da Socesp.

Outros resultados, não menos preocupantes, apresentados no Congresso, revelam que no Estado de São Paulo 11,86% dos jovens estão com colesterol limítrofe ou elevado e quase 80% consomem refrigerante em excesso. Para o presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, Luiz Antonio Machado Cesar, esse levantamento será de extrema importância para a adoção de políticas públicas de educação de hábitos saudáveis desde a infância.

“Pudemos constatar, por exemplo, que apenas metade dos estudantes consome frutas e verduras todo dia. Em contrapartida, 28% comem fast food semanalmente. Esses dados são essenciais para a orientação educacional e alimentar das crianças, principalmente nas escolas” explica Machado Cesar.

A pediatra e coordenadora do programa de Obesidade e Prevenção de Risco Cardiovascular da Prefeitura de Campinas, Denise Saraiva, coloca que o ideal seria que crianças e adolescentes não consumissem refrigerante e nem fast food. “Até mesmo o refrigerante light é prejudicial à saúde, já que ele contém sódio”, explica. O estudo revelou ainda que 42,18% dos entrevistados consomem salgadinho semanalmente e 37,33% nunca comem peixe.

As crianças foram questionadas ainda sobre problemas emocionais e 35,14% afirmaram sofrer estresse moderado, intenso ou exagerado dentro de casa. Na escola esse índice cai para 25,88%. Quando questionadas sobre o tabaco, 35,62% não responderam, 64,21% disseram não fumar e 0,06% admitiram o vício. “Quanto mais cedo começarmos a reeducação dessas crianças, menor será a porcentagem de adultos com problemas de coração no futuro”, completa o coordenador do Mutirão de Avaliação de Risco Cardiovascular em todo o Estado de São Paulo e cardiologista da Socesp, Álvaro Avezum.

As palavras do coordenador foram reforçadas pelo secretário Kerr Saraiva. Ele reiterou que “a obesidade é o principal problema de saúde pública do mundo ocidental e porta de entrada para importantes fatores de risco, como hipertensão, diabetes e, consequentemente, aterosclerose. A grande arma contra a obesidade é a prevenção, não adianta desenvolver novos medicamentos, se não forem realizadas ações efetivas direcionadas à infância. Estudos comprovam que dieta saudável, não fumar, não beber ou beber moderadamente e atividade física regular reduzem em 75% o risco de desenvolver doença cardiovascular no futuro”.

Segundo o secretário, a Prefeitura de Campinas está com uma grande frente de trabalho junto às secretarias municipais de Educação e de Esportes e com a Ceasa, com o objetivo de aumentar a atividade física, alterar a dieta escolar e, junto com a Educação, desenvolver ações com pais e mestres de incentivo aos hábitos saudáveis.

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