Denize Assis
Em comemoração
ao Dia Nacional sem Tabaco – 29 de agosto -, o Centro de Saúde
do Jardim Aurélia, na região Norte de Campinas, promove a
partir das 7 da manhã desta sexta-feira, dia 27, uma série
de atividades como apresentação de vídeos e painéis e
aplicação de um questionário sobre tabagismo direcionadas
aos usuários da unidade. "O objetivo é sensibilizar a
comunidade, divulgar o trabalho do centro de saúde e
despertar as pessoas para a importância do tema tratamento
para os pacientes tabagistas", diz a médica de família
Cristiana Alvarenga Soares, que integra uma das equipes do
Paidéia do CS Aurélia.
Cristiana,
com os enfermeiros Míriam e Paulo e os agentes comunitários
de saúde Patrícia, Ione e Valéria, orienta o grupo Amigos
do Pulmão, de pacientes tabagistas do CS Aurélia. Constituído
em abril deste ano, o grupo se encontra uma vez por semana,
sempre às segundas-feiras, no próprio centro de saúde.
Atualmente, 18 pessoas estão em tratamento com apoio do
grupo.
Segundo
Cristiana, primeiro a pessoa passa pelo grupo motivacional e,
quando está preparada para marcar uma data de interrupção
do tabagismo, vai para o grupo terapêutico. Após três meses
sem fumar, a pessoa continua o acompanhamento novamente no
grupo motivacional. "O resultado tem sido muito bom. A
maioria dos pacientes já deixou de fumar e alguns, inclusive,
se mantêm sem fumar há mais de três meses", diz.
O trabalho,
informa Cristiana, foi montado nos moldes do grupo de interrupção
do tabagismo do Departamento de psiquiatria da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp). "Para participar, é
necessário se inscrever no Centro de Saúde, com os
profissionais que atuam no acolhimento dos pacientes".
A médica
afirma que o tratamento da dependência do tabaco no âmbito
da atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS) é um
avanço importante para a saúde pública e um ganho inestimável
para a comunidade. Cristiana diz que o paciente que parar de
fumar hoje é o paciente que pode evitar internações no
futuro pois "Parar de fumar é uma das melhores maneiras
de se cuidar da saúde".
O trabalho do
CS Aurélia e dos Centros de Saúde São Marcos, Integração,
Ipaussurama, Balão do Laranja, São Domingos e São José
para tratamento de pacientes dependentes do tabaco integra a
política para o combate e prevenção ao tabagismo da
Secretaria Municipal de Saúde denominada Pandemia de
Tabagismo – Campinas responde.
Política
inclui trabalho em parceria com Educação
e com Cipas
A política
para o combate e prevenção ao tabagismo da Secretaria
Municipal de Saúde de Campinas inclui ainda um projeto piloto
que trata dos ambientes de trabalho livres de fumaça. O
projeto foi iniciado em 2003 e envolve as 19 Comissões
Internas de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Cipa) da
Prefeitura e 15 Cipas da iniciativa privada. O objetivo é
sensibilizar e conscientizar os cipeiros sobre a gravidade do
tabagismo, sua conseqüências e como promover o ambiente
livre do cigarro. A idéia é que estes profissionais passem a
atuar como multiplicadores das ações de combate ao tabagismo
nos seus ambientes de trabalho.
Também
integra a política o projeto piloto Saber Saúde, de prevenção
ao hábito de fumar, e que consiste na aplicação de ações
educativas direcionadas a alunos de escolas da cidade.
"Faz parte da política municipal para o combate e prevenção
ao tabagismo articular todos os seguimentos ao mesmo tempo. O
objetivo é garantir resultados mais eficazes não somente no
tratamento mas também na prevenção ao tabagismo",
afirma Roberto Marden Farias, diretor municipal de Saúde.
Data pretende
sensibilizar sobre males
do cigarro
O Dia
Nacional sem Tabaco foi criado com o intuito de divulgar e
sensibilizar o maior número possível de pessoas sobre os
males causados pelo consumo dos derivados do tabaco (cigarro,
charuto, cachimbo, rapé, fumo mascado etc). As comemorações
são articuladas pelo Instituto Nacional do Câncer
(Inca)/Ministério da Saúde, através do Programa Nacional de
Controle do Tabagismo.
Campinas, há
três anos, aderiu ao Programa Nacional de Controle do
Tabagismo e é um dos municípios pioneiros a implementar uma
política ampla envolvendo vários seguimentos, o que tem
gerado repercussão positiva na sensibilização da população
e gestores em geral sobre os malefícios do tabagismo na
cidade.
O tabagismo
hoje é considerado uma doença – causada pela dependência
à nicotina, considerada droga - responsável por cerca de 50
diferentes enfermidades e, segundo a Organização Mundial de
Saúde (OMS), é a principal causa de morte evitável em todo
mundo. Por ano, 5 milhões de pessoas morrem no mundo em
conseqüência desta doença, sendo 200 mil mortes no Brasil.
No Estado de São Paulo, 69% das internações hospitalares são
relacionadas, direta ou indiretamente, ao tabaco. De acordo
com a OMS, 220 bilhões de dólares é o custo social
provocado em todo o mundo pelas doenças derivadas do
tabagismo.
No Brasil,
cerca de 200 mil pessoas morrem por ano devido ao tabagismo,
de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Em Campinas, de acordo com a Vigilância em Saúde do município,
a estimativa é que existam, atualmente, 150 mil tabagistas.