Campinas registra queda de 97% nos casos de dengue nos primeiros seis meses de 2008

15/08/2008

Autor: Denize Assis

Ações intersetoriais conjuntas e coordenadas, com participação da comunidade – estimulada a mudar hábitos – foram fundamentais para esta redução

Campinas registrou este ano uma redução de 97% nos casos de dengue em relação a 2007. Foram 9.089 de janeiro a julho do ano passado. Em 2008, nos primeiros seis meses, foram confirmados 212. A redução foi gradativa ao longo dos meses: Em janeiro, foram 35 casos; fevereiro 28, março teve 56 casos, abril 65, maio 17 e junho 8. Em julho inteiro houve três confirmações e em agosto nenhuma.

Segundo a médica veterinária Andréa Von Zuben, ações conjuntas e coordenadas são indispensáveis para o controle da doença. Campinas demonstrou isso esse ano com o trabalho concomitante intersetorial integrado entre as várias secretarias envolvidas nas ações de combate.

Andréa ressalta ainda que o controle da dengue requer responsabilidade governamental com participação social coletiva. Segundo ela, em outubro passado, após uma oficina com toda rede de saúde e com a constituição da Comissão de Endemias e Epidemias, foi aprimorado o programa de controle da dengue de Campinas que tem como princípios a busca de articulações intersetoriais com meio ambiente, educação, justiça, gabinete do prefeito, infra-estrutura, entre outros, e a orientação à população para cuidar de seus ambientes.

“O enfrentamento de uma doença como a dengue, complexa, impõe ações intersetoriais coordenadas para além do setor saúde e uma forte participação cidadã”, diz Andréa.

E o trabalho precisa ser em caráter contínuo. Segundo o secretário de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, a redução no número de casos em Campinas é bastante significativa e revela o resultado de esforços de toda equipe de saúde e do governo municipal que se anteciparam ao período de maior transmissão da dengue – que são os meses de calor e chuvas – com reforço nas estratégias de controle, nas ações de comunicação, informação e mobilização social, na mobilização de todos os setores da Prefeitura, na capacitação das equipes de saúde e na avaliação e acompanhamento dos trabalhos.

Por outro lado, segundo o secretário, a redução indica a importância de se manter a vigilância permanente contra o Aedes aegypti, transmissor da dengue. “Há muito que a dengue deixou de ser preocupação de verão, quando o mosquito tem proliferação favorecida pelo clima úmido e quente. A continuidade das medidas de combate ao vetor no município durante todo ano e a participação da população são essenciais. Vencemos uma batalha, mas a guerra não está ganha”, alerta José Francisco Saraiva.

Pesquisa do Ministério da Saúde, organizada para orientar as ações de comunicação, mostrou que 91% dos entrevistados se sentem informados sobre como se pega dengue, 96% lembram das campanhas e 55% dizem não tomar as precauções necessárias.

Para a equipe da Vigilância em Saúde de Campinas, isto mostra que existe um enorme e permanente desafio pela frente, que é manter a população mobilizada para que compreenda a importância de cuidar de seus espaços privados, cabendo ao governo a responsabilidade de cuidar dos espaços públicos.

Palestra. Entre os dias 19 e 28 de agosto, supervisores de dengue da Vigilância em Saúde Sul promovem palestras sobre dengue e meio ambiente para 1,2 mil alunos da escola estadual Professor Carlos Francisco de Paula, no bairro Pompéia, na abrangência do Centro de Saúde Vila Rica. O evento será em vários dias e em diferentes turnos para alcançar estudantes de todos os períodos.

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