Campinas amplia atenção à Saúde com Casas de Acolhimento Transitório e Consultório de Rua

02/08/2010

Autor: Denize Assis

A Prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria de Saúde, vai implantar dois importantes dispositivos de saúde, um voltado para o acolhimento de pessoas que fazem uso de álcool, crack e outras drogas, e o segundo para a população em situação de rua. Trata-se das Casas de Acolhimento Transitório, serviços de apoio social que fazem parte da rede de saúde mental, e dos Consultórios de Rua, unidade de saúde móvel voltada às pessoas que vivem nas ruas.

As ações foram anunciadas nesta quinta-feira, dia 29 de julho, pelo prefeito municipal, Hélio de Oliveira Santos, e pelo secretário municipal de Saúde, José Francisco Saraiva, durante inauguração do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Integração, na região noroeste da cidade.

As Casas de Acolhimento Transitório consistem em espaços terapêuticos de transição e de proteção onde os usuários da rede de atenção psicossocial em tratamento para transtornos relacionados ao uso de droga podem permanecer por um período entre 30 e 40 dias.

A proposta destas casas é de intervenção breve ou de impulsionar o início de um tratamento protegido das drogas, de curto a médio prazos, que respeite o contexto cultural, social e familiar do usuário, sua capacidade de adesão, ou seu desejo de interromper ou apenas reduzir seu contato com álcool e droga.

Isto significa que, nestas casas, a pessoa pode reestruturar sua vida em um ambiente acolhedor e urbano para iniciar a construção de um projeto terapêutico maior e ser seguido nos Caps AD. Portanto, a gestão dessas casas vai estar sempre ligada a um Caps AD – que continua fazendo o atendimento ao paciente. Neste primeiro momento, como Campinas tem dois Caps AD, serão duas casas.

Por tratar-se de um dispositivo de acolhimento 24 horas e de caráter intersetorial, a equipe de cada casa será composta por oito monitores ou acompanhantes terapêuticos. A meta é instalar as duas casas neste segundo semestre de 2010.

Segundo o médico Deivisson Vianna, coordenador municipal do Programa de Saúde Mental, a opção pela casa e não por uma fazenda – como ocorre tradicionalmente - foi adotada levando em conta a realidade do nosso cidadão, que mora na cidade e, portanto, necessita de uma ressocialização urbana.

Consultórios de Rua

O Consultório de Rua consiste numa unidade móvel, um veículo grande como um ônibus, que vai percorrer as ruas com uma equipe estruturada nos moldes da Equipe de Saúde da Família, no caso uma equipe ampliada composta por médicos generalistas, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, aconselhadores, redutores de danos, psicólogos e assistentes sociais.

Nos vários bairros de Campinas, os moradores têm como referência uma unidade básica de saúde, que é diferente dependendo do endereço da sua residência. No novo projeto, o serviço irá até o lugar de moradia do usuário.

O Consultório de Rua vai compor a rede de equipamentos de saúde do SUS Campinas e providenciará, sempre que necessário, o encaminhamento das pessoas com agravos que necessitam de exames e consultas com especialistas para outras unidades de saúde.

“Geralmente estas pessoas têm dificuldade de acesso aos serviços de saúde e, por viverem situações de extrema vulnerabilidade, têm risco elevado em relação aos problemas de saúde”, disse Deivisson Vianna.

Segundo o secretário municipal de Saúde, a característica mais importante desta intervenção é oferecer cuidados no próprio espaço da rua, preservando o respeito ao contexto sócio-cultural da população. Em Salvador este trabalho já existe há dois anos. A proposta tem também como eixo a promoção de direitos humanos e a inclusão social, além de enfrentar o estigma e ampliar as estratégias de redução de danos.

Estabelecido o vínculo, o Consultório de Rua pode encaminhar as pessoas para uma equipe de Saúde da Família que atenda nas proximidades do local ou, dependendo do caso, para o Caps ou Caps-AD, para que recebam o apoio adequado.

Na avaliação do prefeito Hélio de Oliveira Santos, essas abordagens inovadoras podem dar contribuições importantes ao esforço que vem sendo promovido pelo governo federal no enfrentamento ao crack e outras drogas.

“O uso abusivo e prejudicial de drogas – ressalte-se a epidemia de crack - é um grave problema de saúde pública, que vem sendo tratado com prioridade pelo Sistema Único de Saúde”, disse dr. Hélio.

Segundo o prefeito, o ministro José Gomes Temporão, na sua última visita a Campinas, solicitou que sejam estabelecidos no município projetos propostos pelo Ministério da Saúde de intervenção e interação comunitária que podem depois servir como modelo para o restante do país. “E Campinas vai dar sua resposta”, disse dr. Hélio.

Os Consultórios de Rua devem estar em funcionamento em Campinas no primeiro semestre de 2011. Os dois projetos seguem a diretrizes atuais do Ministério da Saúde e serão colocados em prática com recursos federais e municipais.

Volta ao índice de notícias