A
Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da
Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), realizou
durante o mês de setembro um inquérito de acidentes e
violências – chamadas causas externas – nos
prontos-socorros dos hospitais Mário Gatti, da
Prefeitura, Celso Pierro, da Pontifícia Universidade
Católica (PUC-Campinas), e de Clínicas (HC), da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O
trabalho, desenvolvido em Campinas e em outras cidades
brasileiras que participam de um seleto grupo de
municípios sentinelas, integra estudo do Ministério da
Saúde para traçar o perfil de acidentes e violências no
Brasil. O estudo, que inclui também levantamento de
violências inter pessoais, vai subsidiar a política
nacional de prevenção das violências e promoção da
saúde.
Dados
parciais e preliminares computados até o momento em
Campinas totalizaram 484 ocorrências, das quais 93% são
de acidentes e 7% de violências. Deste total, três
pessoas morreram. A grande maioria das ocorrências – 327
ou 68% - refere-se a pessoas do sexo masculino com idade
até 24 anos.
O mesmo
estudo aponta que a maior parte dos acidentes foi
decorrente de quedas, com 43% do total. Outros acidentes
e acidentes por transporte implicaram em 24% e 23% das
ocorrências, respectivamente.
Uma
estimativa chamou a atenção dos técnicos e servirá como
base para adoção de medidas pertinentes: o número de
motociclistas acidentados. Do total dos acidentes de
transporte, 47% foram de motociclistas. A taxa superou o
percentual de acidentes por automóvel, que representou
31%.
Segundo a
médica sanitarista Naoko da Silveira, da Covisa, os
resultados parciais do inquérito de Campinas já foram
enviados para a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS)
do Ministério da Saúde. De posse dos dados, a SVS está
participando de diversos comitês e conselhos
intersetoriais que têm como objetivo evitar a
mortalidade e incentivar a adoção de comportamentos e
ambientes seguros e saudáveis.
No âmbito
municipal, o inquérito vai resultar numa estratégia
traçada pela Covisa para vigilância em acidentes e
violências, além da implementação de ações preventivas -
que busquem impedir a sua ocorrência – e de assistência
– que vise tratamento e reabilitação das vítimas.
Segundo Naoko, a estratégia de vigilância vai contemplar
alguns tipos de ocorrência, conforme avaliação da equipe
técnica.
Outro
desdobramento do inquérito no âmbito municipal é em
relação aos motociclistas. “O resultado obtido reforça a
importância da implantação de uma política de prevenção
com atuação intra-institucional e intersetorial. Esta
política vai reunir projetos intersetoriais em andamento
- como o Vida sobre duas Rodas e o cadastramento de
motociclistas profissionais na Emdec - e a estruturação
de um sistema de informações que integre as várias áreas
de atuação”, afirma Naoko.
A
sanitarista informa ainda que em Campinas o
enfrentamento das violências inter pessoais vem sendo
realizado pelo Programa Iluminar que inclui, além dos
cuidados com as vítimas de violência doméstica e sexual,
uma rede de prevenção.
O
inquérito de Campinas foi coordenado pela Covisa e
viabilizado em parceria com o Comitê Gestor de Urgência
e Emergência, Departamento de Cirurgia do Trauma do HC
da Unicamp e hospitais envolvidos. Naoko ressalta a
importante colaboração do médico cirurgião Gustavo
Fraga, do Departamento de Cirurgia do Trauma da Unicamp,
que viabilizou e incentivou a participação do Hospital
Celso Pierro e do HC no projeto.
Denize
Assis