O filme "Antes do Anoitecer" é cartaz da
sessão única desta terça-feira, às 19 horas, no Museu da
Imagem e do Som (MIS), no Palácio dos Azulejos,
localizado à Rua Regente Feijó, número 859. A produção
integra a programação do ciclo Cinema Mostra Aids
Campinas. Todas as sessões têm entrada gratuita.
"Antes do Anoitecer" (Before
Night Falls),
foi produzido nos Estados Unidos, em
2000, tem 125 minutos e é dirigido por Julian Schnabel.
O foco desse drama biográfico é antes de tudo o amor e a
rebeldia –na política, no sexo, na vida– que a Aids
consome num epílogo melancólico.
O herói desregrado em questão é o
escritor cubano Reinaldo Arenas (1943-1990), jovem
homossexual de origem pobre que divide seu tempo entre
os prazeres idílicos da ilha, a literatura, os parceiros
e a boa disposição para o engajamento político.
Chega a se unir aos revolucionários para
levar Fidel Castro ao poder. Mas quando este chega lá,
mostra pouca ou nenhuma simpatia por algumas categorias,
gays e artistas incluídos. Arenas pena sete anos na
prisão e por fim migra para Nova York, onde adoece e
morre.
O diretor Julian Schnabel, para usar uma
expressão apropriada a sua face de pintor, por vezes
carrega nas tintas. Mas o realizador conta com uma
interpretação forte e cativante de Javier Bardem, como
Arenas, especialmente na passagem da prisão, quando
também Johnny Depp marca presença no papel do travesti
Bon Bon.
Evento inédito em Campinas
Cinema Mostra Aids é uma realização da
organização não-governamental Grupo Pela Vidda/SP em
parceria com o Programa Municipal de DST/Aids da
Secretaria de Saúde da Prefeitura de Campinas, e o
Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo que acontece
desde segunda-feira, dia 2 de outubro.
As parcerias construídas entre
instituições públicas e sociedade civil organizada
permitem a exibição de filmes em um local alternativo –
a sala de projeção do MIS, no Palácio dos Azulejos, um
espaço público e que integra o patrimônio
histórico-cultural de Campinas –, em condições de
acessibilidade à população, já que está localizado no
Centro de Campinas e todas as sessões têm entrada
gratuita.
Cultura para falar sobre Aids
A idéia da Mostra é usar um evento de
apelo cultural para falar sobre Aids. Assim, um vasto
painel sobre questões da epidemia é traçado a partir da
seleção de filmes que trazem a infecção pelo HIV como
tema central ou pano de fundo. Em alguns dos títulos, a
Aids é o tema central do filme, em outros aparece na
trama ou na vida de personagens.
Ao longo de mais de duas décadas da
epidemia, são muitos os autores e diretores de cinema
que transformaram a AIDS em fonte de inspiração. Além de
retratarem a realidade da epidemia pelo HIV/Aids no
mundo, provocaram diversas reações: polêmica, comoção,
medo, conscientização, ironia, indignação, nas platéias
de diferentes partes do mundo.
Os títulos desta primeira edição do
Cinema Mostra Aids Campinas, trazem perplexidades e
respostas do cinema frente à Aids, e também alertam para
a necessidade da prevenção e da eliminação do
preconceito, além de testemunharem parte da realidade
das pessoas que vivem com HIV/Aids.
Apoiadores
Coordenada por Adriano Brandão, membro do
Grupo Pela Vidda/SP, a Mostra conta com o apoio de
jornalistas especializados em cinema, distribuidoras de
filmes, tradutores e colaboradores voluntários do Grupo
Pela Vidda/SP, parceiros do Programa Municipal de
DST/Aids de Campinas e trabalhadores do Museu da Imagem
e do Som (MIS) de Campinas, que cedeu gentilmente sua
sala de projeções e pessoal de apoio para a realização
da Mostra.
Mostra reúne várias gerações
Nem o calor da tarde de quinta-feira
desanimou os 25 adolescentes que se juntaram aos outros
freqüentadores do MIS para ver o filme "Filadélfia".
"Achei legal mostrar isso assim, nunca tinha assistido
este filme", disse o estudante Wagner de Oliveira, que
participa do projeto Jovem Convivência, desenvolvido
pela ONG Centro de Educação e Assessoria Popular (Cedap),
entidade parceria do Programa Municipal de DST/Aids de
Campinas.
"Agora a gente vai para o Cedap fazer uma
discussão e quero vir para ver outros filmes porque na
Mostra é interessante que são mostrados diferentes
pontos de vista sobre a Aids", afirma a psicóloga
Carolina Zaparoli, uma das coordenadoras do Cedap.
A profissional de saúde Maria Luiza, que
trabalha na Direção Regional de Saúde (DIR) 12, que viu
o filme "Borboletas da Vida", exibido na abertura da
Mostra, disse sentir falta de mais eventos culturais com
foco sobre o preconceito e a necessidade de prevenção ao
HIV e à Aids.
"Considero que essas informações sobre o
comportamento das pessoas, sobre as condições sociais a
que são submetidas e que podem torná-las mais ou menos
frágeis, não só ao HIV e à Aids, mas a diversas outras
coisas, precisam ser mais inseridas na cultura da
população", disse. O filme "Borboletas da Vida" mostra
parte da realidade de jovens homossexuais e travestis na
periferia do Rio de Janeiro.
A aposentada Aparecida Rodrigues
Apolinário, depois de ver o mesmo filme, disse que
estava emocionada. "É a primeira vez que eu venho ao
cinema", afirmou. Ela foi à Mostra com sua professora e
colegas de uma turma de Educação para Jovens e Adultos (EJA).
"É muito bom que a realidade das pessoas seja mostrada
assim, no cinema", opinou.
Todos os filmes que serão exibidos:
Dia 10/10 (terça-feira)
19h – ANTES DO ANOITECER
Dia 11/10 (Quarta-feira)
15h – HOUSE OF LOVE
O OUTRO LADO DA AIDS
19h - A FAMÍLIA DE FELIX
ANTES DO ANOITECER
(Before Night Falls)
EUA, 2000, 125 min
Diretor: Julian Schnabel
O foco desse drama biográfico é antes de
tudo o amor e a rebeldia --- na política, no sexo, na
vida--- que a Aids consome num epílogo melancólico. O
herói desregrado em questão é o escritor cubano Reinaldo
Arenas (1943-1990), jovem homossexual de origem pobre
que divide seu tempo entre os prazeres idílicos da ilha,
a literatura, os parceiros e a boa disposição para o
engajamento político. Chega a se unir aos
revolucionários para levar Fidel Castro ao poder. Mas
quando este chega lá, mostra pouca ou nenhuma simpatia
por algumas categorias, gays e artistas incluídos.
Arenas pena sete anos na prisão e por fim migra para
Nova York, onde adoece e morre. O diretor Julian
Schnabel, para usar uma expressão apropriada a sua face
de pintor, por vezes carrega nas tintas. Mas o
realizador conta com uma interpretação forte e cativante
de Javier Bardem, como Arenas, especialmente na passagem
da prisão, quando também Johnny Depp marca presença no
papel do travesti Bon Bon.
HOUSE OF LOVE
(House of Love)
EUA/Namíbia, 2001, 26min
Direção: Cecil Moller
O curta-metragem integra a série
documental de 33 títulos Steps for the Future, uma
espécie de mapeamento da Aids no sul da África, hoje a
região com maior incidência de soropositivos no mundo.
Outro título do pacote, Wa 'N Wina, filmado na África do
Sul, está previsto na seleção do ciclo Cinema Mostra
Aids. No caso, o cenário é o pequeno porto Walvis Bay,
na Namíbia, e as personagens as prostitutas locais. Elas
dependem das rápidas visitas dos marinheiros para
sobreviver e contam ao diretor Cecil Moller os motivos
que as levaram ao trabalho. Falam ainda de amor, sexo,
pecado e uma noção muito pessoal de redenção, enquanto o
fantasma da Aids ronda seu cotidiano.
O OUTRO LADO DA AIDS
(The Other Side of Aids)
EUA, 2004, 87 min
Diretor: Robin Scovill
A premissa deste documentário é no mínimo
controversa e fez alarde nos festivais em que foi
exibido. O diretor Robin Scovill explora a teoria de que
o vírus HIV não é o agente causador da Aids. Como
argumento inicial, ele traz o exemplo da mulher
Christine Maggiore, que vive com o HIV desde 1992 sem
tomar medicamentos. Cita, inclusive, que os dois filhos
do casal, amamentados pela mãe, também não foram
medicados e mantêm-se imunes à doença. A fita, então,
busca depoimentos semelhantes de mais dez adultos
infectados, alguns sob efeito dos coquetéis, outros não.
Comparecem também casos de crianças que tornaram-se alvo
de disputas de pais soropositivos e a Justiça, o que
envolve a polêmica se elas devem ser tratadas
antecipadamente ou não. São ouvidos ainda especialistas,
médicos e políticos responsáveis pelas ações
governamentais. Até a banda Foo Fighters, responsável
pela trilha sonora, tem sua vez como promotora de
informações alternativas sobre a Aids.
A FAMÍLIA DE FELIX
(Drôle de Félix )
França, 2000, 95min
Direção: Olivier Ducastel e Jacques
Martineau
Outro exemplo, assim como Dias, de
um olhar renovado sobre a Aids. Aqui, a doença deixa de
ser o fator dramático impulsionador da trama, embora
conte nas atribuições dadas ao protagonista. O jovem
Félix (Sami Bouajila), filho de imigrantes árabes na
França, integra a geração de soropositivos que sobrevive
com a ajuda dos coquetéis. Depois de perder o emprego,
ele abandona o namorado e parte numa viagem pelo
interior do país atrás do pai que nunca conheceu. No
caminho, diverte-se, encontra novos parceiros e
personagens que coincidem com seu desejo de
reestruturação familiar.
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Fernandes (19) 8115 – 4856, 3236 – 3711 ou 3234 - 5000