A
Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da
Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), investiga
se a morte de um homem de 48 anos, morador do Guará,
Distrito de Barão Geraldo, região norte, foi causada por
febre maculosa. Ele morreu na última quinta-feira, 5 de
outubro, logo após ter sido internado em um hospital
público de Campinas.
A filha
dele, de 21 anos, também apresentou sintomas sugestivos
da doença e está internada para diagnóstico e
tratamento. Segundo a Covisa, a paciente passa bem.
Imediatamente após a notificação, as equipes da Covisa e
da Vigilância em Saúde (Visa) Norte iniciaram
investigação e desencadearam as ações preconizadas para
o controle e prevenção da doença, que incluem trabalhos
de vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental e de
mobilização e comunicação social direcionadas à
comunidade.
Uma equipe
da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), por
solicitação da Covisa, vai atuar no local com o objetivo
de fazer pesquisa acarológica – pesquisa sobre a
infestação e espécie dos carrapatos.
A febre
maculosa brasileira (FMB) é uma doença infecciosa febril
aguda, provocada por uma bactéria (Rickttsia
rickettssii) transmitida ao homem pelo
carrapato-estrela (Amblyomma cajennense). A
doença não é transmitida de pessoa para pessoa.
Endêmica
na região de Campinas, a febre maculosa no estágio
inicial produz sintomas inespecíficos como febre, dor de
cabeça, dores no corpo, mal-estar generalizado, náuseas
e vômitos. Entre o segundo e o sexto dia da doença,
podem surgir manchas vermelhas na pele. Apesar destas
manchas (mácula=mancha) darem nome à doença, elas nem
sempre estão presentes, o que podem dificultar ou
retardar o diagnóstico.
Segundo a
enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da
Vigilância Epidemiológica da Covisa, esta época do ano
se constitui no período de sazonalidade da doença, que
incide com maior freqüência nos meses de agosto,
setembro e outubro. “No caso específico destas
notificações, levamos em conta a clínica, que são os
sintomas apresentados, e o histórico epidemiológico, que
é o fato de as pessoas terem tido contato com carrapato.
A hipótese diagnóstica mais forte é de que seja
realmente febre maculosa”, diz. Segundo Brigina, a
previsão é de que os resultados de exames laboratoriais
das amostras colhidas dos pacientes fiquem prontos em
duas semanas.
A
sanitarista informa que estas novas notificações não
alteram o programa de controle global da febre maculosa
no município. “Estes casos estão dentro da ocorrência
esperada da doença e exigem uma ação específica no local
provável de infecção”, afirma.
Brigina
afirma que os profissionais de saúde devem estar atentos
para suspeitar de febre maculosa, observar sinais da
doença e perguntar se o paciente freqüentou área de
risco - com infestação de carrapatos, presença de
animais e com vegetação -, fazer notificação rápida para
a Secretaria de Saúde de Campinas, tratar e acompanhar
os pacientes.
Para a
comunidade, a orientação é evitar as áreas infestadas
por carrapatos e não deixar seus animais adentrá-las. Se
for adentrar áreas de risco, sempre que possível, devem
ser usadas calças e camisas de mangas compridas e roupas
claras para facilitar a visualização dos carrapatos.
Segundo o
médico sanitarista André Ricardo Ribas de Freitas, da
Covisa, o uso de repelentes à base de DEET, também pode
ajudar na prevenção do parasitismo. “É aconselhável a
inspeção do corpo para verificar a presença de
carrapatos. Caso haja algum carrapato no corpo, este
deve ser retirado imediatamente, de preferência com
ajuda de uma pinça. Caso o parasitismo seja muito grande
pode-se usar sabonetes escabicidas (usados também para
controle de sarna). Ao apresentar sintomas, se tiver se
submetido a risco, a pessoa deve imediatamente procurar
o serviço de saúde e informar se teve contato com
carrapato”, diz o médico.
Este ano,
em Campinas, foram confirmados seis casos de febre
maculosa, sendo cinco deles no Núcleo Residencial
Eulina, região norte, e um no Jardim Campo Belo, região
sul. Entre os casos confirmados, quatro pessoas
morreram, três no Eulina e o morador do Campo Belo.
Denize
Assis