O curta-metragem "House
Of Love" (EUA/Namíbia, 2001, 26min), dirigido por Cecil
Moller, abre o último dia da programação do ciclo
"Cinema Mostra Aids Campinas", realizado desde o dia 2
de outubro no Museu da Imagem e do Som (MIS), localizado
no Palácio dos Azulejos, à rua Regente Feijó, 859,
Centro. Todas as sessões terão entrada franca.
"House of Love", cuja
sessão é às 19h, integra a série documental de 33
títulos "Steps for the Future", uma espécie de
mapeamento da Aids no sul da África, hoje a região com
maior incidência de pessoas vivendo com HIV no mundo.
Outro título do pacote é "Wa 'N Wina", filmado na África
do Sul, esteve na seleção do ciclo Cinema Mostra Aids.
No caso, o cenário é o
pequeno porto Walvis Bay, na Namíbia, e as personagens
as prostitutas locais. Elas dependem das rápidas visitas
dos marinheiros para sobreviver e contam ao diretor
Cecil Moller os motivos que as levaram ao trabalho.
Falam ainda de amor, sexo, pecado e uma noção muito
pessoal de redenção, enquanto o fantasma da Aids ronda
seu cotidiano.
Na seqüência e na mesma
sessão será exibido "O Outro Lado da Aids" (The Other
Side of Aids, EUA, 2004, 87 min), dirigido por Robin
Scovill. A premissa deste documentário é no mínimo
controversa e fez alarde nos festivais em que foi
exibido.
O diretor Robin Scovill
explora a teoria de que o vírus HIV não é o agente
causador da Aids. Como argumento inicial, ele traz o
exemplo da mulher Christine Maggiore, soropositiva que
se mantém saudável desde 1992 sem tomar medicamentos.
Cita, inclusive, que os
dois filhos do casal, amamentados pela mãe, também não
foram medicados e mantêm-se imunes à doença. A fita,
então, busca depoimentos semelhantes de mais dez adultos
infectados, alguns sob efeito dos coquetéis, outros não.
Comparecem também casos de crianças que tornaram-se alvo
de disputas de pais soropositivos e a Justiça, o que
envolve a polêmica se elas devem ser tratadas
antecipadamente ou não.
São ouvidos ainda
especialistas, médicos e políticos responsáveis pelas
ações governamentais. Até a banda Foo Fighters,
responsável pela trilha sonora, tem sua vez como
promotora de informações alternativas sobre a Aids.
E para encerrar a mostra,
"A Família de Felix" (Drôle de Félix, França, 2000,
95min). O filme é dirigido por Olivier Ducastel e
Jacques Martineau. Outro exemplo, assim como Dias, de um
olhar renovado sobre a Aids. Aqui, a síndrome deixa de
ser o fator dramático impulsionador da trama, embora
conte nas atribuições dadas ao protagonista.
O jovem Felix (Sami
Bouajila), filho de imigrantes árabes na França, integra
a geração de soropositivos que sobrevive com a ajuda dos
coquetéis. Depois de perder o emprego, ele abandona o
namorado e parte numa viagem pelo interior do país atrás
do pai que nunca conheceu. No caminho, diverte-se,
encontra novos parceiros e personagens que coincidem com
seu desejo de reestruturação familiar.
Evento
inédito em Campinas
Cinema Mostra Aids é uma
realização da organização não-governamental Grupo Pela
Vidda/SP em parceria com o Programa Municipal de
DST/Aids da Secretaria de Saúde da Prefeitura de
Campinas, e o Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo
que acontece desde segunda-feira, dia 2 de outubro.
As parcerias construídas
entre instituições públicas e sociedade civil organizada
permitem a exibição de filmes em um local alternativo, a
sala de projeção do MIS, no Palácio dos Azulejos, um
espaço público e que integra o patrimônio
histórico-cultural de Campinas, em condições de
acessibilidade à população, já que está localizado no
Centro de Campinas e todas as sessões têm entrada
gratuita.
Cultura
para falar sobre Aids
A idéia da Mostra é usar
um evento de apelo cultural para falar sobre Aids.
Assim, um vasto painel sobre questões da epidemia é
traçado a partir da seleção de filmes que trazem a
infecção pelo HIV como tema central ou pano de fundo. Em
alguns dos títulos, a Aids é o tema central do filme, em
outros aparece na trama ou na vida de personagens.
Ao longo de mais de duas
décadas da epidemia, são muitos os autores e diretores
de cinema que transformaram a AIDS em fonte de
inspiração. Além de retratarem a realidade da epidemia
pelo HIV/AIDS no mundo, provocaram diversas reações:
polêmica, comoção, medo, conscientização, ironia,
indignação, nas platéias de diferentes partes do mundo.
Os títulos desta primeira
edição do Cinema Mostra Aids Campinas, trazem
perplexidades e respostas do cinema frente à Aids, e
também alertam para a necessidade da prevenção e da
eliminação do preconceito, além de testemunharem parte
da realidade das pessoas que vivem com HIV/Aids.
Apoiadores
Coordenada por Adriano
Brandão, membro do Grupo Pela Vidda/SP, a Mostra conta
com o apoio de jornalistas especializados em cinema,
distribuidoras de filmes, tradutores e colaboradores
voluntários do Grupo Pela Vidda/SP, parceiros do
Programa Municipal de DST/Aids de Campinas e
trabalhadores do Museu da Imagem e do Som (MIS) de
Campinas, que cedeu gentilmente sua sala de projeções e
pessoal de apoio para a realização da Mostra.
Mostra
reúne várias gerações
Nem o calor da tarde de
quinta-feira desanimou os 25 adolescentes que
juntaram-se aos outros freqüentadores do MIS para ver o
filme "Filadélfia". "Achei legal mostrar isso assim,
nunca tinha assistido este filme", disse o estudante
Wagner de Oliveira, que participa do projeto Jovem
Convivência, desenvolvido pela ONG Centro de Educação e
Assessoria Popular (Cedap), entidade parceria do
Programa Municipal de DST/Aids de Campinas.
"Agora a gente vai para o
Cedap fazer uma discussão e quero vir para ver outros
filmes porque na Mostra é interessante que são mostrados
diferentes pontos de vista sobre a Aids", afirma a
psicóloga Carolina Zaparoli, uma das coordenadoras do
Cedap.
A profissional de saúde
Maria Luiza, que trabalha na Direção Regional de Saúde
(DIR) 12, que viu o filme "Borboletas da Vida", exibido
na abertura da Mostra, disse sentir falta de mais
eventos culturais com foco sobre o preconceito e a
necessidade de prevenção ao HIV e à Aids.
"Considero que essas
informações sobre o comportamento das pessoas, sobre as
condições sociais a que são submetidas e que podem
torná-las mais ou menos frágeis, não só ao HIV e à Aids,
mas a diversas outras coisas, precisam ser mais
inseridas na cultura da população", disse. O filme
"Borboletas da Vida" mostra parte da realidade de jovens
homossexuais e travestis na periferia do Rio de Janeiro.
A aposentada Aparecida
Rodrigues Apolinário, depois de ver o mesmo filme, disse
que estava emocionada. "É a primeira vez que eu venho ao
cinema", afirmou. Ela foi à Mostra com sua professora e
colegas de uma turma de Educação para Jovens e Adultos (EJA).
"É muito bom que a realidade das pessoas seja mostrada
assim, no cinema", opinou.
Os filmes de hoje:
Hoje, dia 11/10,
quarta-feira
15h
HOUSE OF
LOVE
O
OUTRO LADO DA AIDS
19h
A
FAMÍLIA DE FELIX