Campinas quer fazer do
Dia Nacional de Combate à Sífilis, no próximo sábado,
dia 21 de outubro, uma oportunidade para estimular o
debate sobre o assunto, diminuir o estigma em relação às
doenças sexualmente transmissíveis e mobilizar a
sociedade civil para ações que visem a eliminação da
sífilis congênita - menos de um caso para cada 1 mil
nascidos vivos.
Para isto, a Secretaria
de Saúde vai realizar trabalho de sensibilização com
suas equipes e espera contar com a colaboração de toda
mídia para propagar as informações para a população.
A data, que será lembrada
em todo país, foi instituída em setembro deste ano
durante abertura do VI Congresso Brasileiro da Sociedade
Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis (SBDST)
e do II Congresso Brasileiro de Aids, em Santos (SP). O
tema de 2007 é "Caminhando para a Eliminação da Sífilis
Congênita".
A sífilis é quatro
vezes mais freqüente nas gestantes do que a infecção
pelo HIV. No Brasil, estima-se que, a cada ano, 48 mil
gestantes estejam infectadas pela sífilis. Desse total,
aproximadamente, 12 mil crianças adquirem sífilis
congênita - transmitida da mãe para o bebê. Em 2005, em
Campinas, foram registrados 45 casos de sífilis
congênita. Em 2006, até o momento, foram 18.
Segundo a enfermeira
sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância
Epidemiológica da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa)
de Campinas, o número de casos notificados nos últimos
anos no município é decorrente de um trabalho de busca
ativa, da mudança na definição de casos - que ficou mais
ampla, mais sensível – e das ações implementadas tendo
como meta a eliminação da sífilis congênita.
A enfermeira
sanitarista Maria do Carmo Ferreira, da Covisa, informa
que a sífilis tem cura se o tratamento for feito tanto
na gestante como em seu parceiro de forma adequada,
interrompendo-se assim o ciclo da doença no casal e
evitando a transmissão para o bebê.
“A falta de
tratamento ou o tratamento inadequado da sífilis durante
a gestação pode acarretar a morte do bebê ou deixar
seqüelas graves, como surdez, problemas neurológicos e
má formação óssea”, diz. Maria do Carmo afirma que até
40% das infecções pela sífilis na gravidez podem levar o
bebê ao óbito.
A
sanitarista informa, ainda, que o teste de diagnóstico e
o tratamento adequado - feito com penicilina – estão
disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). “Se a mãe
for alérgica à penicilina, ela toma outro remédio”, diz
Carmo Ferreira.
A gestante
tem que fazer o tratamento completo e com orientação de
seu médico. Para o acompanhamento de cura, a gestante
deverá repetir o exame para sífilis todo mês. “O
companheiro da gestante com sífilis também deve se
tratar e a camisinha deve ser usada porque esta é uma
doença sexualmente transmissível (DST)”, diz Carmo
Ferreira.
De acordo com a
sanitarista, muitas vezes a pessoa infectada pela
bactéria da sífilis não sente nem percebe nada em seu
corpo. Para saber se foi infectada, é necessário fazer
um exame de sangue. “Por isso, toda gestante, toda
mulher que quer engravidar, independentemente de
apresentar qualquer sintoma, deve fazer o exame. A
gestante tem direito ao teste e deve solicitá-lo, se o
médico não o fizer”, afirma.
Em Campinas, nos últimos
anos, a Secretaria de Saúde tem atuado para estabelecer
uma rede competente de diagnóstico e tratamento da
sífilis, com notificação e vigilância ativa da gestante
com sífilis. Uma das ações neste sentido é o
monitoramento de todos os casos de sífilis
diagnosticados no laboratório municipal visando
principalmente o tratamento adequado.
Em relação à sífilis
congênita, a partir dos casos suspeitos notificados nas
maternidades de Campinas, é realizada discussão com a
equipe do centro de saúde onde o pré-natal foi realizado
para identificar se houve falhas e propor medidas de
adequação das condutas.
Segundo a equipe técnica
da Covisa, em Campinas é possível ter o controle e
caminhar para a eliminação da sífilis congênita já que
98% das gestantes realizam pré-natal e em número de
consultas suficiente para diagnóstico e tratamento da
doença. A gestante com sífilis é de notificação
compulsória desde julho de 2005.
Denize Assis