Campinas: A saúde pública como prioridade

19/03/2008

Campinas: A saúde pública como prioridade
 

O Sistema Único de Saúde (SUS) está completando 20 anos de existência. São duas décadas da principal e bem sucedida política de inclusão social que há no Brasil. Em 1988, com a criação do SUS, todo cidadão brasileiro passou a ter direito a atendimento médico-hospitalar gratuito. Antes deste período, este atendimento era garantido apenas a 70% da população brasileira.

Atualmente, a grande maioria da população é assistida, de alguma forma, pelo sistema público de saúde, considerando que assistência farmacêutica, ações de vigilância em saúde, programas de vacinação, controle de zoonoses, prevenção e tratamento de muitas doenças contemplam 100% da população. No entanto, ao mesmo tempo que existe a excelência de programas como o dos transplantes, hemodiálise, tratamento de câncer e de aids, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu/192) entre outros, ainda persistem problemas como a dificuldade de acesso aos serviços, as filas e a falta de vagas para especilidades, entre outros, principalmente nos estados com menor suporte financeiro.

A atual Gestão Municipal de Campinas, por meio da Secretaria de Saúde, disposta a mudar esta realidade, dentro de um processo que envolve políticas públicas de saúde, vem enfrentando muitos destes problemas.

Em relação ao artigo “Campinas: os cegos e os óculos”, publicado na página 3 da edição do último domingo, dia 16 de março, do Correio Popular, a Secretaria Municipal de Saúde informa que tem trabalhado na consolidação de uma política de atenção para a área de oftalmologia focada na priorização de acordo com o risco do agravo. Esta proposta foi construída por um grupo técnico formado por profissionais da Secretaria de Saúde de Campinas, entre os quais oftalmologistas dos serviços da rede pública e de serviços conveniados, além de gestores e técnicos universitários.

A partir deste trabalho, foram definidos como grupos prioritários para atendimento em oftalmologia as crianças, pacientes diabéticos e portadores de glaucoma, com objetivo de prevenir a cegueira evitável.

De acordo com a portaria ministerial número 1.101, que norteia o planejamento de recursos em nível nacional, para uma população em torno de 1 milhão de habitantes, estima-se a necessidade de 90 mil consultas de oftalmologia por ano.

Para garantir a assistência na área e os procedimentos diagnósticos e terapêuticos necessários à atenção integral do usuário, Campinas estruturou uma rede de serviços de oftalmologia, da qual fazem parte os ambulatórios próprios – Policlínica 2 e Ambulatório Ouro Verde – e os serviços conveniados – Fundação Penido Burnier, Hospital e Maternidade Celso Pierro, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, e Instituto Raskin. Campinas conta ainda com o Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que atende médias e altas complexidades em âmbito regional.

No total, em toda esta rede, foram realizadas 183.343 consultas oftalmológicas em 2007, sendo 126.036 da rede própria e 57.307 pela rede estadual (Unicamp). Ainda assim, a Secretaria de Saúde enfrenta cenários morosos devido ao crescimento da SUS-dependência. Entretanto, com o início das atividades do Hospital Ouro Verde, em maio de 2008, a proposta é ampliar a oferta de procedimentos e, consequentemente, aumentar a resolutividade da assistência, através da realização de procedimentos mais complexos.

Na área de urgência e emergência oftalmológicas, o município conta com Pronto-Socorro oftalmológico específico, que presta atendimento 24 horas por dia aos casos como perda súbita de visão, dor ou corpo estranho nos olhos entre outras afecções.

Além disso, considerando o envelhecimento da população, a ampliação do acesso aos serviços de saúde e a migração de pessoas de outros municípios para Campinas em busca de atendimento à Saúde, entre outros fatores, a Secretaria de Saúde mantém adequação contínua da oferta de serviços na área. Neste sentido, entre 2004 e 2007, houve ampliação da oferta em alguns procedimentos que vale aqui destacar:

- 200% no número de cirurgias para descolamento de retina, ofertadas pela Fundação Penido Burnier;

- 84% nos exames de retinografia fluorescente e

- 412% na oferta de procedimentos diagnósticos (ultra-sonografia ocular, campimetria computadorizada, teste ortóptico, curva tensional diária e retinografia colorida) para agendamento através do sistema on-line (SOL), como retaguarda para os ambulatórios de oftalmologia.

Nesse mesmo período, houve contratação de novos oftalmologistas e investimento em equipamentos para os ambulatórios da Policlínica 2 e do Ouro Verde, como também está encaminhada para 2008 a aquisição de novos equipamentos, para garantir um atendimento de qualidade e resolutivo aos usuários da rede pública municipal de Saúde de Campinas.

Nesse processo de consolidação do SUS, onde está inserida a construção de uma política para a área de ofatlmologia, a participação e a cobrança da sociedade são fundamentais. Os desafios ainda são muitos. É preciso avançar, mas não se pode negar que os últimos anos provam a disposição desta gestão em dar novo rumo à saúde da população de Campinas, prosseguindo na construção de uma saúde pública com níveis comparados a países de 1º mundo entre os quais índices de mortalidade infantil na casa de 1 dígito e expectativa de vida acima de 74,8 anos, taxa quase 4 anos maior que a média nacional, que é de 71,3 anos. Este é o nosso compromisso e o objetivo do nosso trabalho.

 

José Francisco Kerr Saraiva
Secretário Municipal de Saúde de Campinas