Mortalidade em Campinas Informe
do Projeto de Monitorização dos Óbitos Secretaria
Municipal de Saúde - Prefeitura Municipal de Campinas |
Mortalidade por Doenças Infectoparasitárias0 amplo uso da vacinação e o avanço do arsenal terapêutico, junto a mudanças nas condições de vida, provocaram a significativa redução da mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias. Com a queda expressiva da mortalidade geral e infantil e o declínio da fecundidade, muda o perfil da morbimortalidade passando a predominar as doenças cardiovasculares e as neoplasias. Mas, as doenças infecciosas e parasitárias (DIP) não se constituíram em questão superada para a população e para o setor saúde. Aids, tuberculose, febre amarela e dengue são apenas alguns exemplos dos desafios que persistem.
Em Campinas, as mortes por DIP representaram 4,5% do total das mortes ocorridas em 2001. Entretanto, a importância desta causa de morte variou muito no decorrer das duas últimas décadas (figura 1). Em 1980, 7,4% dos óbitos da população residente em Campinas eram provocados por DIP. Este percentual, que esteve em franco decréscimo até 1988, atinge o menor valor (1,7%) em 1993, invertendo então a tendência e passando a crescer até 1997-98. A partir de 1998 um novo declínio se manifesta.
Fig 01 - MORTALIDADE PROPORCIONAL POR DOENÇAS, INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS, SEGUNDO SEXO. CAMPINAS, 1980 A 2001.
Fontes:
Fundação SEADE (2001).
Fundação Nacional de Saúde (CD - MS 1980 - 2000).No triênio 1980-82, 19,1% dos óbitos de menores de 5 anos decorriam de DIP, valor que decresce para apenas 5,1% no triênio 1999-01. Contrastando com o ocorrido em crianças e jovens a proporção de óbitos aumentou nos adultos de ambos os sexos na faixa de 25- 44 anos ( figura 2).
Entre o início dos anos 80 e final dos 90 foi completamente alterado o padrão das doenças que compõem o conjunto das mortes por DIP (figura 3). As infecções intestinais, que respondiam por 38% das mortes, ficam restritas a apenas 3% no segundo período, enquanto que AIDS, a nova doença que surge na década de 80, passa a responder por 39% do total das mortes por DIP, em 1998-2001. Ganham importância também as mortes atribuídas a septicemia e a hepatites virais. Entre os dois períodos verificou-se a redução da proporção de mortes provocadas por doença de Chagas e desaparecem as mortes por sarampo.
Fig 02 - MORTALIDADE PROPORCIONAL POR FAIXA ETÁRIA DAS DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. CAMPINAS 1980-82 E 1999-2001.
Sexo
Masculino
Sexo
Feminino
Fig 03 - PRINCIPAIS CAUSAS DE ÓBITOS POR DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS EM DOIS PERÍODOS EM CAMPINAS.
1980 - 83
(983 óbitos)
1998 - 2001
(1071 óbitos)
0 padrão de mortes por doenças infecciosas se diferencia muito entre as várias faixas de idade (figura 4). Entre os mais jovens as infecções intestinais ainda respondem por 24% das mortes, sendo também importantes neste grupo as septicemias e a Aids. Esta assume a predominância dos 15 aos 54 anos, sendo que dos 25-34 anos é responsável por 80% dos óbitos por DIP. As septicemias aparecem como a principal causa básica de óbito entre os idosos e a doença de Chagas expressa ainda a sua relevância entre as mortes de pessoas com 55 anos ou mais.
As taxas de mortalidade por DIP mostram importante declínio até 1993. A partir daí a presença da AIDS imprime uma reversão nessa tendência levando a um aumento que recupera o valor da taxa de 1982. Após 98 um novo declínio se inicia por conta da introdução do uso de terapia com antiretrovirais que aumenta rapidamente a sobrevida dos doentes de AIDS (figura 5). Nesta figura, observa-se em pontilhado as taxas de DIP excluindo AIDS que apresentam estabilização e discreto aumento na década de 90.
Fig 04 - PRINCIPAIS CAUSAS DE ÓBITO POR DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS SEGUNDO FAIXA ETÁRIA. CAMPINAS 1998-2001.
Fig 05 - COEFICIENTES DE MORTALIDADE POR DOENÇAS, INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS, SEGUNDO SEXO. CAMPINAS, 1980 A 2001.
Fontes:Fundação SEADE (2001).
Fundação Nacional de Saúde (CD - MS 1980 - 2000).As tendências de algumas das causas mais importantes de óbito por doenças infecciosas são apresentadas nas figuras 6 a 11. A figura 6 revela que as taxas de mortalidade por AIDS crescem até 1995, no sexo masculino, e declinam acentuadamente a partir de 1996. No feminino o declínio ocorre após 1998.
Entre o período 1994 a 1996 e o período de 1999 a 2001 houve uma diminuição da mortalidade por Aids em ambos sexos, especialmente na faixa de 25-34 anos, em que o declínio foi próximo a 50% (Fig 7).
Fig 06 - COEFICIENTES DE MORTALIDADE POR AIDS, SEGUNDO SEXO. CAMPINAS, 1990 A 2001.
Fig 07 - COEFICIENTES DE MORTALIDADE POR SEXO E FAIXA ETÁRIA DA AIDS. CAMPINAS 1994-96 E 1999-2001.
Sexo Masculino
ób/100.000
hab
Sexo Feminino
ób/100.000
hab
Nas figuras 8-11 estão apresentadas médias móveis trienais que resultam de técnica útil para suavizar as curvas facilitando a visualização das tendências. As taxas de morte por tuberculose tenderam a declinar até 1993 quando revertem essa tendência aumentando até 98 e decrescendo a seguir, sendo as taxas sempre mais elevadas no sexo masculino (figura 8). Os coeficientes por septicemia se apresentam com valores próximos entre os sexos e também se elevam a partir de 93, declinando no sexo masculino a partir de 99 (figura 9). Com valores muito baixos, cerca de 1 óbito ou menos por 100.000 habitantes, as taxas de mortalidade por infecções meningocócicas oscilam no período estudado, enquanto os coeficientes de morte por hepatite apresentam um crescimento intenso na década de 90 chegando a atingir, no sexo masculino, o triplo do observado na década de 80 (figuras 10 e 11).
Fig 08 - COEFICIENTES DE MORTALIDADE POR TUBERCULOSE, SEGUNDO SEXO. CAMPINAS, 1980 A 2001. (média móvel trienal - mmt)
Ób/100.000 hab.
Fig 09 - COEFICIENTES DE MORTALIDADE POR SEPTICEMIA, SEGUNDO SEXO. CAMPINAS, 1980 A 2001. (mmt)
Ób/100.000 hab.
Fig 10 - COEFICIENTES DE MORTALIDADE POR INFECÇÃO MENINGOCOCICA, SEGUNDO SEXO. CAMPINAS, 1980 A 2001. (mmt)
Ób/100.000 hab.
Fig 11 - COEFICIENTES DE MORTALIDADE POR HEPATITE, SEGUNDO SEXO. CAMPINAS, 1980 A 2001. (mmt)
Ób/100.000 hab.
As taxas de mortalidade por DIP variam de 8 a 58 por 100.000 habitantes entre as áreas de abrangência das unidades básicas de saúde. Na tabela 1 apresentam-se as áreas com maior mortalidade por doenças infecciosas excluída a AIDS, sendo que os coeficientes mais elevados correspondem a Faria Lima e Paranapanema.
Chamam a atenção as elevadas taxas de mortalidade por AIDS, no Campos Elíseos, São Vicente e Vila Vista Alegre (Mapa 1).
O impacto dos avanços terapêuticos da AIDS, deram uma trégua ao recrudescimento da mortalidade por DIP. Mas, o risco de epidemias e o crescimento da incidência de doenças como as hepatites virais, apontam que a vigilância em saúde, que se amplia acertadamente para doenças crônicas e outros problemas de saúde, não pode relegar a segundo plano as doenças infecciosas transmissíveis.
Tab 1 - MORTALIDADE POR DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS, EXCLUÍDA A AIDS. CAMPINAS, 1998-2001.*
Área Cob. | ób/100.000 hab. |
F. Lima | 42,14 |
Paranapanema | 33,80 |
S. Lúcia | 26,61 |
S. Quirino | 25,17 |
V. Rica | 25,07 |
B. Vista | 23,71 |
S. Vicente | 22,36 |
V. Alegre | 21,84 |
S. Domingos |
21,49 |
S. Marcos | 20,90 |
Centro | 20,85 |
C. Silva | 20,15 |
Capivari | 19,57 |
Perseu | 19,34 |
Florence | 19,06 |
Taquaral | 18,65 |
Aeroporto | 18,50 |
S. José | 18,49 |
Figueira | 18,30 |
Anchieta | 18,21 |
Integração | 17,25 |
O. Maia | 17,01 |
* Incluídas as áreas de cobertura com coeficientes acima da média para Campinas.
Mapa 01 - COEFICIENTES DE MORTALIDADE POR AIDS SEGUNDO ÁREAS DE COBERTURA DOS SERVIÇOS DE SAÚDE. CAMPINAS 1998 -2001
NÚMERO
DE ÓBITOS SEGUNDO ÁREA DE ABRANGÊNCIA.
Janeiro-Junho, 2002.
01 - Jd.
Conceição (70) 02 - Vl. Rica (63) 03 - Vl. Orosimbo Maia (52) 04 - Vl. Costa e Silva (85) 05 - Vl. Perseu (32) 06 - Jd. Sta. Mônica (20) 07 - Integração (96) 08 - União de Bairros (46) 09 - Jd. Esmeraldina (30) 10 - Jd. Sta. Lúcia (82) 11 - Pq. da Figueira (56) 12 - Pq. São Quirino (79) 13 - Jd. Aeroporto (47) 14 - Vl. Boa Vista (42) 15 - Tancredo Neves (44) 16 - Jd. São José (113) 17 - São Vicente (42) 18 - Jd. Vista Alegre (43) 19 - Pq. Valença (64) 20 - Jd. Capivari (45) 21 - Vl. 31 de março (12) 22 - Jd. Florence (71) |
23 - Dic I (36) 24 - Dic III (61) 25 - Jd. Eulina (86) 26 - Faria Lima (210) 27 - Jd. Aurélia (153) 28 - Jd. Sta. Odila (67) 29 - Taquaral (120) 30 - Barão Geraldo (80) 31 - Pe. Anchieta (99) 32 - Sousas (58) 33 - Joaquim Egídio (6) 34 - Jd. Campos Elíseos (53) 35 - Jd. Ipaussurama (28) 36 - Jd. São Marcos (42) 37 - Jd. São Cristóvão (43) 38 - Centro (294) 39 - Vl Ipê (84) 40 - Jd. Paranapanema (74) 41 - Itatinga (2) 42 - Pq. Floresta (34) 43 - Jd. São Domingos (55) 44 - Sta. Bárbara (38) 47 - Carvalho de Moura (14) |
Obs.: ( ) nº de óbitos; 3 óbitos com área desconhecida
FONTE: BANCO DE DADOS DE ÓBITOS DE CAMPINAS
Equipe responsável por este Boletim: DS/SMS/PMC
Dra. Solange Mattos Almeida
Tânia Gonçalves MarquesLAPE/DMPS/UNICAMP
Prof. Dra. Marilisa Berti A. Barros
Dra. Letícia Marín-LéonMaiores informações:
* Coordenadoria de Vigilância e Saúde Ambiental (CoVISA) /DS/SMS/PMC
Fone: (019) 3735-0177
Fax: (019) 3735-0186* LAPE/DMPS/UNICAMP
Fone: (019) 3788-8036
Fax: (019) 3788-8035
Caixa Postal: 6111 - CEP: 13081-970Boletim correspondente ao primeiro semestre de 2002 impresso em agosto de 2003.