A
leptospirose é uma doença de notificação compulsória
que ocorre durante o ano todo, com maior incidência nos meses de
verão, devido às chuvas, enchentes e ao fato de que as pessoas
se expõem mais ao meio ambiente, facilitando o contato humano com
urina de roedores contaminada com a bactéria. Quando
analisamos os dados referentes ao município de Campinas nos últimos
20 anos podemos perceber uma tendência de aumento em sua incidência
no final da década de noventa, isto pode se dever a fatores como
melhorias no sistema de vigilância ou alterações no padrão de
urbanização no município com áreas de ocupação irregular em
várias regiões da cidade (Gráfico 1).
A
distribuição destes casos se dá por todo município sem tendência
a concentração em nenhuma região da cidade (Gráfico 2). Quando
analisamos a distribuição por faixa etária confirmamos a tendência
observada na literatura de ser esta uma doença mais freqüente em
adultos jovens (Gráfico 3).
Dentre
os fatores de risco associados à doença nos últimos 2 anos em
nosso município podemos destacar a exposição à enchentes,
rios, lixo e roedores (Gráfico 4). A distribuição dos casos
durante o ano aponta para uma maior tendência à concentração
destes casos no verão, o que pode estar
relacionado com a exposição maior aos fatores de risco
apontados (Gráfico 5). Verificamos, ainda, uma defasagem entre o
aumento dos casos confirmados e o aumento no número de notificações,
o que pode significar que a preocupação dos profissionais com a
doença só que acontece quando os casos confirmados da doença
ganham a mídia.
No
tocante à letalidade por leptospirose, quando comparamos o município
de Campinas com o estado de São Paulo, verificamos uma tendência
de estabilidade no estado e uma irregularidade da diminuição da
letalidade no município (Gráfico 6). Quanto à diminuição na
letalidade no município, esta pode se dever à melhoria no
sistema de atendimento com a identificação precoce de pacientes
menos graves e tratamento adequado dos casos. Nos últimos 2 anos
a SMS – Campinas tem investido em treinamentos para diagnóstico,
tratamento e controle desta doença. Consideramos pequena a
possibilidade de sub-notificação de óbitos de pacientes com
leptospirose, pois no município de Campinas os casos de óbito
por doença febril ictero-hemorrágica indefinida são
investigados. A irregularidade da letalidade no município pode se
dever ao fato de que números pequenos são muito sensíveis a
variações bruscas por fenômenos esporádicos. No ano de 2005 até
o dia 28 de fevereiro já registramos 5 casos confirmados dentre
63 notificados no município. Encaminhamos anexo o Informe do
Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE-SES/SP) a respeito da
leptospirose. Este documento traz as principais informações a
respeito desta doença no que se diz respeito à clínica, terapêutica
e medidas de controle.
Campinas,
Março de 2005.
COVISA/VE-SMS-Campinas.