3.
Aspectos epidemiológicos
A varíola
foi uma doença de grande impacto na saúde pública mundial. Em 1967,
33 países ainda
eram considerados endêmicos, com cerca de 10-15 milhões de casos
notificados por ano. Como
a mortalidade média atingia a casa dos 30% em pessoas não
vacinadas, cerca de 3 milhões de mortes ocorriam a cada ano.
Estudos
demonstraram que, no hemisfério norte, a varíola era mais freqüente
no inverno e na
primavera, estações coincidentes, no hemisfério sul, com o verão e
outono, onde parecia
também aumentar a incidência da varíola, quando esta era endêmica.
A
introdução da varíola, no território brasileiro, ocorreu com os
primeiros colonizadores
e escravos no século XVI, e a primeira epidemia registrada data de
1563, na Ilha de Itaparica
na Bahia, de onde se disseminou para o resto do país.
No ano de
1804, foi introduzida a vacina jeneriana no país, dando-se início às
campanhas de combate à
virose. Em 1962, o Ministério da Saúde criou a "Campanha Nacional
Contra a Varíola", com resultados inexpressivos, e a média anual
de casos superior
mantinha-se elevada, em torno de 3 mil, sendo mais atingida a faixa
etária de menores de 15
anos (80% dos casos).
Em agosto
de 1966 foi instituída a Campanha de Erradicação da Varíola, e só
durante a fase de ataque,
encerrada em 16 de outubro de 1971, cerca de 88% da população
brasileira já havia sido vacinada.
A
notificação mensal de casos diminuiu, e a vigilância ativa da doença
permitiu reduzir a
ocorrência de casos e notificação, o que aumentava a efetividade dos
bloqueios vacinais.
Em 1971,
com o prosseguimento dos trabalhos de vacinação, foi-se interrompendo
a transmissão no país,
registrando-se apenas 19 casos de varíola em todo o território brasileiro,
todos no estado do Rio de Janeiro. A última notificação da doença
foi em abril
daquele ano, e desde então não há registro de casos de varíola no
Brasil.
Atualmente,
considera-se importante estar preparado para responder a um possível
ataque com o vírus da
varíola, como arma biológica, por se saber que este agente é relativamente
estável, de fácil disseminação (aerossolização), de alta
transmissibilidade.