Cândido Ferreira discute em Plenária Preparatória para Conferência Municipal de Direitos Humanos os novos rumos da Saúde Mental

17/11/2005

No dia 18/11 (sexta-feira), às 9h acontece no Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira a Plenária Preparatória de Saúde Mental para a Conferência Municipal de Cidadania Direitos Humanos da setorial de Portadores de Necessidades Especiais. A plenária será realizada na sala de Multiuso do Centro de Convivência e Arte do serviço e é aberta a todos os interessados.

Essa plenária tem como finalidade discutir a temática sobre o respeito à dignidade humana dos portadores de necessidades especiais física ou mental, visando a sua incorporação à vida social, além de portadores de qualquer doença que seja objetivo de discriminação ou preconceito prevista na Lei Municipal nº 11982/04. Essa legislação “Instituiu a política municipal dos Direitos Humanos e deveres da cidadania, cria o Conselho, cria o Fórum, implanta a Conferência Municipal dos Direitos Humanos e dá outras providências”.

Com base nos documentos propostos pelo VI Encontro Nacional de Luta Antimanicomial, ocorrido em São Paulo, os usuários e seus familiares e os funcionários do serviço e militantes discutirão as diretrizes de direitos humanos aplicadas à saúde mental, bem como os novos rumos da luta antimanicomial na cidade.

Vale lembrar que, a setorial de Portadores de Necessidades Especiais acontece no dia 26/11 e a Conferência Municipal na primeira semana de dezembro.

O que é ser antimanicomial?  

A luta antimanicomial existe há 18 anos como movimento social organizado e tem batalhado incessantemente pelos direitos das pessoas com transtorno mental. Dentre estes direitos, avaliamos como fundamental o direito à liberdade donde o lema “Por uma sociedade sem manicômios” tem sido a principal bandeira do movimento nestes anos.

Além do fim dos hospitais psiquiátricos no país, entendidos como lugar de segregação e não de tratamento, lutamos pela efetivação de uma rede de atenção em saúde mental aberta e competente para oferecer atendimento aos problemas de saúde mental da população e apoio às famílias, promovendo autonomia, descronificação e desinstitucionalização.

Ainda hoje, temos mais de 50 mil pessoas em manicômios no Brasil, vivendo em condições precárias e sem uma atenção específica para seu tratamento de saúde. Sendo que 70% de todos recursos destinados à saúde mental são gastos nesses leitos psiquiátricos e sem contar o sofrimento em que vivem essas pessoas, onde estão abandonadas.

Consideramos fundamental a transformação da cultura que cerca a doença mental, ainda hoje associada aos conceitos de incapacidade e periculosidade, bem como a de doença incurável.

Esse VI Encontro surge como estratégia para avaliarmos e pensarmos em como transformar essa triste realidade.

Vale dizer que o Encontro Nacional de Luta Antimanicomial é a instância maior de deliberação e articulação do movimento.

Cândido Ferreira: Convivendo com as diferenças

Desde 1990, uma parceria entre o Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira – entidade filantrópica – e a Prefeitura Municipal de Campinas tem viabilizado o processo de humanização das formas de cuidado em saúde mental. Portas foram abertas, grades foram retiradas, foram extintos o uso da camisa de força e do eletrochoque.

Os tratamentos, hoje, se baseiam no respeito aos direitos do portador de transtorno mental e buscam sua reinserção social e familiar, mantendo como eixo terapêutico principal a promoção da cidadania. Por esta nova postura, desde 1993, o Cândido Ferreira é considerado como referência no tratamento da saúde mental pela Organização Mundial da Saúde. 

A principal meta da instituição é a desospitalização. Hoje, a entidade atende um público de mais de mil usuários por mês e conta com um Núcleo de Atenção à Crise, um Núcleo de Atenção à Dependência Química, três Centros de Atenção Psicossocial (Caps Estação, Caps Antonio da Costa Santos e Caps Esperança), um Núcleo Clínico, 12 Oficinas de Trabalho, um Centro de Convivência e Arte, o Espaço 8 Atelier e o Centro Cultural Cândido Fumec.  

Os usuários também realizam atividades relacionadas à comunicação comunitária, distribuídas em três oficinas: jornal impresso, rádio e TV.

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