Denize Assis
Preocupada
com o risco da leptospirose, a Secretaria de Saúde de
Campinas sensibilizou suas equipes para que estejam alertas
para os sintomas e façam o diagnóstico e tratamento precoces
da doença. O objetivo é evitar as complicações e mortes.
"Com as chuvas freqüentes que têm atingido a cidade,
aumenta o risco da população exposta a enchentes ser
infectada", afirma a enfermeira sanitarista Brigina Kemp,
da Vigilância em Saúde (Visa) de Campinas.
Nos primeiros
10 dias deste ano, três casos suspeitos da doença foram
notificados à Visa. Em 2004, foram confirmados 18 casos na
cidade, sendo 14 deles no período de janeiro e maio. Não
houve mortes. No ano anterior, 38 moradores de Campinas
adoeceram por leptospirose, dos quais 14 entre janeiro e maio
e 24 entre agosto e dezembro com uma concentração de 17
casos nos últimos dois meses do ano. Do total, quatro foram a
óbito.
Segundo
Brigina, a doença ocorre durante o ano todo, porém sua maior
incidência se dá nos meses de verão. A enfermeira informa
que a leptospirose é causada por uma bactéria chamada
leptospira presente na urina de roedores como o rato. Em situações
de enchentes e inundações, a urina destes animais, presentes
em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama.
"O
homem, ao entrar em contato com lama ou com a água
contaminadas pode infectar-se, especialmente se tiver cortes
ou arranhaduras na pele ou nas mucosas", diz. Brigina
afirma ainda que a infecção também pode se dar por meio da
ingestão de alimentos, medicamentos e da água de beber
contaminados.
Por isso, além
do alerta aos profissionais de saúde, a Secretaria de Saúde
orienta que, ao apresentar sintomas, principalmente se tiver
passado por alguma situação de risco como ter entrado em
contato com enchente ou alagamento ou com água de rio, a
pessoa deve procurar rapidamente o centro de saúde de referência
para o bairro onde reside ou, se a unidade estiver fechada, o
pronto-socorro da sua região.
Os sinais são
febre, dor de cabeça, fraqueza, dor no corpo, principalmente
na barriga da perna e calafrios, que aparecem de sete a quinze
dias após a contaminação. Não existe vacina contra a doença.
Cuidados.
Segundo a Vigilância em Saúde de Campinas, além do trabalho
da Prefeitura, o apoio e conscientização da população são
fundamentais na prevenção da leptospirose. São atitudes que
vêm sendo difundidas entre a comunidade pelas equipes de saúde
como eliminar os ratos e evitar sua multiplicação, mantendo
o meio ambiente o mais limpo possível. O lixo doméstico deve
ser posto fora de casa, em local alto, pouco antes do caminhão
de coleta passar.
Buracos entre
telhas, paredes e rodapés devem ser vedados. Quintais,
terrenos vagos e ruas devem ser mantidos limpos e os córregos
sem entulhos e outros objetos. À noite, objetos de animais
domésticos devem ser lavados e guardados. Terrenos baldios
devem ser limpos, murados e livres de lixo.
A caixa d'água
precisa ser mantida limpa e tampada e os canos com aparas que
impeçam a subida dos ratos ao reservatório. O contato direto
com as águas ou com a lama que sobrar das enchentes deve ser
evitado sempre. Chão, paredes, objetos caseiros e roupas
atingidas pela enchente devem ser lavados com sabão e água
sanitária (1 copo de água sanitária para 1 balde de 20
litros de água). Todos os alimentos e remédios atingidos
pela inundação devem ser descartados. Se a caixa d'água foi
invadida, evitar o uso desta água antes da desinfecção do
reservatório.