Saúde recomenda medidas de controle do sarampo e da rubéola

09/01/2007

A Secretaria de Saúde de Campinas divulgou nesta segunda-feira, 8 de janeiro, para todos serviços da rede pública municipal de saúde documento onde atualiza a situação do surto de sarampo na Bahia, informa sobre a ocorrência de surtos de rubéola na região metropolitana de Belo Horizonte e em várias cidades do Rio de Janeiro, analisa os riscos de transmissão em Campinas e orienta sobre as medidas de controle a serem adotadas no município.

As medidas de controle recomendadas neste momento são: As equipes de saúde devem buscar crianças que estão em atraso no calendário vacinal com a vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola), com atenção especial para as de 1 ano de idade, quando a pessoa deve receber a primeira dose.

O documento orienta também a intensificação de vacina em áreas de risco e população vulneráveis, que são creches, escolas, orfanatos, presídios, áreas de ocupação, profissionais de saúde, da educação e do turismo, estudantes, canteiros de obras, etc. A intensificação deve ocorrer segundo o calendário vacinal nas crianças e adolescentes e em adultos nascidos a partir de 1960 sem comprovação de nenhuma dose.

Todos os profissionais de saúde devem dispensar atenção especial para casos suspeitos de doenças exantemáticas e de dengue com exantema e realizar investigação clínica, laboratorial e epidemiológica para averiguar vacinação anterior, deslocamento, recebimento de visitas, local de residência e outras situações de exposição. Os casos suspeitos devem ser notificados imediatamente e deve ser desencadeado bloqueio vacinal, conforme indicação técnica.

As doenças febris exantemáticas são aquelas que apresentam como sintomas febre e manchas vermelhas na pele (exantemas) como sarampo, rubéola, dengue entre outras.

De acordo com informes do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde do Estado, os casos de sarampo não estão mais restritos somente ao município de João Dourado (Bahia). Outros municípios como Irecê (vizinho a João Dourado) e Filadélfia (na micro-região do Senhor do Bonfim) já detectaram casos.

As discussões promovidas entre técnicos de vigilância e epidemiologistas consideram que a circulação do vírus já estava ocorrendo amplamente antes de ser detectado. Há também uma previsão de que este problema se prolongue nos próximos meses, com expansão para outras localidades ou detecção tardia de casos que já vinham ocorrendo.

Em relação à rubéola, a disseminação de casos para as cidades da região metropolitana de Belo Horizonte e várias cidades do Estado do Rio de Janeiro sugere a possibilidade de surtos de rubéola em outras cidades do Brasil o que inclui os municípios da região de Campinas.

Segundo a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Campinas, é preciso considerar que Campinas e sua região metropolitana apresentam condições que propiciam a ocorrência de casos de sarampo e rubéola, já que estas são doenças de transmissão respiratória e de alta transmissibilidade.

Também é preciso levar em conta que a região se constitui numa área de grande densidade populacional e que apresentou uma das maiores taxas de migração no Estado de São Paulo na década de 1990-2000.

Além disso, de acordo com a sanitarista, existem bolsões de pobreza, população flutuante, com acolhimento de trabalhadores da construção civil e grande circulação de pessoas devido ao seu pólo, comercial e de saúde, entre outras situações de vulnerabilidade. Também é necessário considerar o grande número de pessoas que viajam a turismo nesta época do ano para regiões atingidas.

Brigina afirma que um outro aspecto a ser considerado é que o período de chuvas e calor se constitui no período sazonal de dengue, doença que faz diagnóstico diferencial com sarampo e rubéola, principalmente quando há presença de exantema.

“A primeira epidemia de dengue em Campinas, iniciada no final de 1997, foi detectada tardiamente e estava escondida entre casos descartados de sarampo, quando recrudescia a epidemia de sarampo. Este ano, existe risco de acontecer situação inversa, ou seja: profissionais de saúde preocupados e atentos à dengue podem deixar de diagnosticar casos suspeitos de sarampo e rubéola”, afirma Brigina.

Segundo Brigina, este contexto demonstra que ainda somos vulneráveis à ocorrência destas doenças. “No entanto, o município de Campinas, com toda sua rede de saúde de serviços públicos e privados, tem muita condição para evitar uma situação semelhante a que está ocorrendo na Bahia e no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Por isso, orientamos que sejam adotadas estas medidas e mais uma vez chamamos a atenção de todas as equipes de saúde das redes pública e privada para estejam muito atentas para os casos suspeitos e promovam a notificação imediata (para medidas rápidas de controle) e orientem sua clientela ou pacientes para que estejam vacinados, de acordo com as recomendações”, diz.

Saiba mais.

Sobre o sarampo

O que é?
Doença infecciosa aguda do sistema respiratório, altamente contagiosa, usualmente de evolução benigna, cuja principal complicação é a broncopneumonia.

Qual o agente envolvido?
Vírus pertencente ao gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae.

Quais os sintomas?
Os principais sintomas são febre alta, manchas vermelhas pelo corpo (exantema), mal-estar geral, coriza, conjuntivite e tosse com catarro. Nas fases iniciais da doença, podem ser observados pequenos pontos brancos, circulados por uma região vermelha, localizados na parte interna das bochechas. 

Como se transmite?
Através de secreções respiratórias expelidas pelo paciente infectado ao tossir, espirrar, falar ou respirar. Devem ser evitados ambientes fechados, que favorecem a contaminação.

Como tratar?
O tratamento é feito com repouso, dieta líquida ou branda, medidas de higiene geral, hidratação, antitérmicos e limpeza das secreções oculares e nasais com soro fisiológico. Em populações com deficiência de vitamina A, recomenda-se a suplementação da vitamina.

Como se prevenir?
A vacinação é a medida mais eficaz de prevenção contra o sarampo. A vacinação deve ser feita com a tríplice viral aos 12 meses de vida e uma dose de reforço aplicada entre 4 a 6 anos de idade. A vacina também deve ser aplicada durante a realização de bloqueio vacinal de contatos de casos suspeitos ou confirmados da doença, em indivíduos da faixa etária de 6 meses a 39 anos de idade (ou mais, dependendo da situação epidemiológica), que não comprovem vacinação anterior. Nesse caso, a vacina utilizada para os maiores de 6 anos é a dupla viral. Os profissionais de saúde e todos os profissionais da rede hoteleira, aeroportos, portos, taxistas, profissionais do turismo e do sexo, quartéis, corpo de bombeiros e caminhoneiros, atualmente, constituem os principais grupos de risco para a doença e por isso devem procurar o posto de vacinação para receberem a vacina contra sarampo. A vacina tríplice viral protege contra o sarampo, a rubéola e a caxumba e a dupla viral não contém antígenos contra a caxumba.

Sobre a rubéola.

O que é?
É uma doença infecto-contagiosa causada por vírus que atinge, principalmente, crianças.
É transmitida por um vírus do gênero Rubivírus, família Togaviridae.

Quais os sintomas?
Na maioria das vezes, a infecção pós-natal é subclínica, não produzindo sintomas. Quando presentes, os principais são: febre baixa, manchas avermelhadas na pele (exantema), ínguas na região do pescoço (inchaço dos gânglios linfáticos), perda de apetite, dor de cabeça, dores articulares e/ou musculares, coriza e tosse.

Como se transmite?
Por contato direto com uma pessoa infectada ou com secreções do nariz ou boca do doente.

Como tratar?
A rubéola pós-natal é uma doença benigna. O tratamento consiste em controlar a temperatura corporal por meio de banhos mornos ou frios, ingerir bastante líquido e fazer repouso.  É importante evitar contato com gestantes.

Como se prevenir?
A vacinação é única forma de prevenir a doença.

Denize Assis

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