Carta à população: Raiva no bosque

15/01/2007

A Prefeitura de Campinas informa à população que identificou um morcego doente de raiva no Bosque dos Jequitibás. O local abriga várias espécies de animais silvestres. Também serve como moradia para dezenas de gatos, que são deixados no local por pessoas inconseqüentes.

Os gatos são caçadores naturais, além de serem curiosos e brincalhões. Portanto, existe a possibilidade de um ou mais gatos terem tido contato com o morcego doente, terem se infectado e passarem a ser transmissores da raiva para as pessoas e para outros animais.

A raiva é uma doença que atinge todos os mamíferos, inclusive o homem, e não tem cura. Em todos os casos, sem exceção, a doença evolui para a morte.

As pessoas podem se sentir seguras porque todas as medidas para impedir a disseminação da doença já foram desencadeadas pela Prefeitura e terão continuidade.

Uma das medidas, de acordo com recomendação da Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde, é a remoção e observação dos gatos do Bosque por um período 180 dias. Os animais serão levados para um local construído para este fim no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Campinas. Após este período, os animais sadios serão castrados e doados.

O CCZ é o local adequado para a observação porque a função dele é justamente realizar a vigilância de doenças que podem ser transmitidas dos animais para o homem - chamadas zoonoses -, o que inclui a raiva. O CCZ de Campinas passou por reforma e ampliação recentemente e conta instalações adequadas, seguras, que atendem às necessidades dos animais com relação a espaço e ventilação. Além disso, lá existem profissionais de saúde que podem acompanhar diariamente estes animais e avaliar suas condições de saúde.

Além da observação dos gatos, a Secretaria de Saúde desencadeou ações de comunicação, educação em saúde e mobilização social no Bosque dos Jequitibás. Estão sendo distribuídos folhetos com informações para que as pessoas não mantenham contato com os gatos e não abandonem animais em áreas públicas. Faixas foram fixadas em vários locais com mensagens que reforçam que as pessoas não devem alimentar os gatos soltos no Bosque, informam sobre posse responsável e sobre a importância de que o abandono de animais seja denunciado.

Tire suas dúvidas

O que aconteceu no Bosque dos Jequitibás?
- A Prefeitura identificou no Bosque um morcego doente de raiva. Ele estava caído morto e após exames do Instituto Pasteur foi confirmada a doença raiva.

Qual a importância dos gatos nesta história?
- O Bosque dos Jequitibás abriga dezenas de gatos que são abandonados lá por pessoas inconseqüentes. A Secretaria de Saúde considera a possibilidade de que um ou mais gatos tenham tido acesso ao morcego doente e terem sido infectados. Diariamente visitantes do Bosque mantêm algum tipo de contato com os gatos, para acariciá-los ou mesmo alimentá-los. Estas pessoas correm risco de contrair a doença (raiva) e morrer.

E os animais do zoológico do Bosque?
- A Secretaria considera a possibilidade de qualquer animal do Bosque possa ter tido contato com o morcego doente, inclusive os que são mantidos sob cativeiro. Porém, os animais sob cativeiro não mantêm contato com as pessoas.

E os outros animais selvagens que vivem soltos no Bosque?
- Existem animais selvagens que permanecem soltos na área do Bosque (cotia, sagüis, esquilos entre outros). Porém nenhum deles apresenta risco significativo na transmissão da raiva para os humanos porque não são predadores naturais de morcegos e porque, por um instinto próprio, se afastam dos humanos.

E em relação aos morcegos, existem medidas de controle?
- Existem várias espécies de morcego com os mais variados hábitos alimentares (frugívoros, insetívoros e hematófagos). Nos casos de transmissão do vírus da raiva, as medidas de controle preconizadas dizem respeito principalmente aos hematófagos, aqueles que se alimentam de sangue de animais e às vezes de humanos. No caso do Bosque dos Jequitibás, não estão indicadas medidas de controle por se tratar de morcego não hematófago. Além disso, como a área do Bosque apresenta grande atratividade para morcegos, qualquer medida de controle é difícil de ser realizada e interferiria em um ecossistema já em equilíbrio. Ainda é necessário considerar que os morcegos são animais protegidos por lei.

O que acontece com quem contrai a raiva?
- Todos os mamíferos (inclusive humanos) podem contrair a raiva e em todos os casos, sem exceção, a doença evolui para a morte.

Por que não doar de imediato os gatos do Bosque dos Jequitibás?
- A raiva tem um longo período de incubação nos gatos. Portanto, existe a possibilidade de algum deles ter tido contato com o morcego, estar no período de incubação da doença e transmitir a doença para as pessoas ou para outros animais da residência que o acolher.

Por que não deixar os gatos como estão?
- Os gatos não podem permanecer livres no Bosque dos Jequitibás, pela possibilidade de transmitirem a doença em cadeia envolvendo outros animais, inclusive o homem. Além disso, o Bosque dos Jequitibás não é o local adequado para a permanência destes animais, já que a presença deles lá indica uma situação de desequilíbrio ecológico.

Por que não observar os gatos em alguma instalação no próprio Bosque ou em qualquer outro parque público?
- O bosque é área tombada e de proteção ambiental, o que impede a construção de um gatil no local. Além disso, outros aspectos técnicos impediriam a observação tanto no Bosque como em qualquer outro parque que receba visitação pública. Estes aspectos técnicos incluem: exigência de uma equipe treinada para a observação, com tratamento prévio para raiva (tratamento pré-exposição); exigência de um protocolo de segurança zooepidemiológica, para evitar que o vírus saia do setor de observação; entre outros. Também é preciso considerar, em áreas públicas, a possibilidade do contato com humanos e, no caso específico do Bosque dos Jequitibás, do contato com animais pequenos que encontram-se em vida livre na mata.

O que vai acontecer com os gatos que serão retirados do Bosque dos Jequitibás?
- Os animais ficarão em observação por um período de 180 dias em um gatil coletivo, como o solicitado pelas entidades protetoras. Terminada a observação, caso não sejam detectados animais com raiva, os gatos serão vacinados, castrados e doados para pessoas interessadas.

Quais são as conseqüências de abandonar animais domésticos em parques e logradouros públicos?
- O abandono de animais é crime, a pessoa pode ser presa ou sofrer outro tipo punição por isso. Além disso, existem em Campinas pouquíssimas áreas para que as aves nativas façam seus ninhos e a maioria delas está localizada nos parques públicos do município. Quando se abandonam gatos nestes espaços, eles atacam ninhos para se alimentar de ovos e filhotes, o que ocasiona um importante impacto ecológico. No caso específico do Bosque dos Jequitibás, os gatos transmitem doenças aos animais selvagens cativos e de vida livre que são muito sensíveis e acabam morrendo.

Por que os gatos serão observados no Centro de Controle de Zoonoses?
- Os Centros de Controle de Zoonoses (CCZs) têm como função principal realizar a vigilância e controle de doenças que podem ser transmitidas dos animais para os homens – chamadas zoonoses. O CCZ de Campinas possui instalações adequadas, seguras, que respeitam as necessidades dos animais com relação a espaço e ventilação. Além disso, lá existem profissionais de saúde (médicos veterinários e biólogos) que podem acompanhar diariamente estes animais e avaliar suas condições de saúde. O CCZ Campinas passou por reforma e ampliação e suas novas instalações serão usadas neste gatil pela primeira vez.

Prefeitura Municipal de Campinas
15 de janeiro de 2007

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