Novo protocolo vai ampliar diagnóstico da esquistossomose

10/02/2004

Denize Assis

A Secretaria Municipal de Saúde vai elaborar um novo protocolo para a esquistossomose, com o objetivo de ampliar e melhorar o diagnóstico da doença entre os moradores de Campinas. O novo protocolo prevê mais exames e outras informações que vão permitir identificar formas mais graves da doença e também formas assintomáticas, que são a maioria dos casos. "Nosso objetivo é identificar mais casos, evitar a ocorrência das formas graves e impedir a expansão da endemia", diz a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, da Vigilância em Saúde do município.

Dados da Saúde Coletiva da Prefeitura divulgados ontem indicam a notificação de 2,4 mil casos de esquistossomose, entre os anos 1.997 e 2003. As ocorrências estão restritas a localidades onde existem lagoas contaminadas. Entre elas, a lagoa Boa União, no Jardim São Domingos (região Sul); Lagoa do Capivari, no Jardim Florence (região Noroeste) e a Lagoa Matão, próxima ao Jardim São Marcos (região Norte) entre outras.

A esquistossomose, também conhecida como barriga d´água, é causada pelo Schistosoma mansoni, verme que desenvolve dentro do caramujo que vive em águas de lagoas e córregos. O homem, ao entrar em contato com as águas contaminadas, adquire a doença.

A maioria das pessoas infectadas pode permanecer assintomática. Algumas desenvolvem formas graves da doença. Na fase aguda, o doente tem febre, falta de apetite, tosse, dor de cabeça, suor, enjôo e diarréia. A doença tem cura e o tratamento é simples e está disponível gratuitamente na rede pública de saúde.

Segundo Brigina, as ações de educação em saúde e mobilização da comunidade são muito importantes no controle da esquistossomose. "A prevenção depende basicamente de orientação à população sobre a transmissão da doença e para que evitem situações de risco", diz.

A enfermeira explica que existe uma dificuldade no controle do vetor – caramujo – porque a aplicação de veneno, além de ter eficácia questionada, pode contaminar o meio ambiente. O trabalho de identificação de focos e o censo coprológico (confirmação laboratorial entre escolares) tem sido realizado Superintendência do Controle de Endemias (Sucen), órgão da Secretaria de Estado da Saúde.

"Em Campinas, as ações de controle têm sido prioridade onde existem focos. O trabalho desenvolvido na área do São Domingos, por exemplo, é muito bom", informa. Segundo ela, as equipes estão preparadas e sensibilizadas para fazer diagnóstico e tratar as pessoas e, assim, evitar a contaminação do meio ambiente.

A sanitarista afirma que a Secretaria de Saúde começou a reorganizar a coleta de informações no início de 2003. "A meta é reduzir a prevalência, identificar novos focos, fortalecer a parceria com a Sucen e diminuir a contaminação das lagoas", diz.

A esquistossomose é uma endemia (doença que existe constantemente) mundial. São mais de 200 milhões de infectados em 52 países. No Brasil, a transmissão ocorre em 19 estados e há 2,5 milhões de portadores.

Águas contaminadas em Campinas:

Fazenda Rio das Pedras – Barão Geraldo (Norte)

Santa Rosa – Jardim Rossin (Noroeste)

Lagoa do Castor – Bairro Princesa D´Oeste (Sul)

Lagoa do Banco – Fazendo Banco - Jardim Rossin (Noroeste)

Lagoa das Pedras – Jardim Rossin (Noroeste)

Bica do Santa Rosa – Jardim Rossin (Noroeste)

Bica do Rossin – Jardim Rossin (Noroeste)

Lagoa dos Urubus – Fazendo Banco – Jardim Rossin (Noroeste)

Córrego Piçarrão – Jardim Rossin (Noroeste)

Lagoa Matão – Próximo ao São Marcos (Norte)

Lagoa Singer – Bairro Princesa D´Oeste (Sul)

Lagoa Santa Lúcia – Jardim Novo Campos Elíseos (Sudoeste)

Lagoa Boa União – Jardim São Domingos, Vila Palmeiras (Sul)

Lagoa Vila Palmeiras – Vila Palmeiras (Sul)

Lagoa Santa Clara – Parque Itajaí (Noroeste)

Lagoa do Capivari – Jardim Florence (Noroeste)

Rio Mirim – Campo Grande (Noroeste)

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