Denize Assis
A Secretaria
Municipal de Saúde vai elaborar um novo protocolo para a
esquistossomose, com o objetivo de ampliar e melhorar o diagnóstico
da doença entre os moradores de Campinas. O novo protocolo
prevê mais exames e outras informações que vão permitir
identificar formas mais graves da doença e também formas
assintomáticas, que são a maioria dos casos. "Nosso
objetivo é identificar mais casos, evitar a ocorrência das
formas graves e impedir a expansão da endemia", diz a
enfermeira sanitarista Brigina Kemp, da Vigilância em Saúde
do município.
Dados da Saúde
Coletiva da Prefeitura divulgados ontem indicam a notificação
de 2,4 mil casos de esquistossomose, entre os anos 1.997 e
2003. As ocorrências estão restritas a localidades onde
existem lagoas contaminadas. Entre elas, a lagoa Boa União,
no Jardim São Domingos (região Sul); Lagoa do Capivari, no
Jardim Florence (região Noroeste) e a Lagoa Matão, próxima
ao Jardim São Marcos (região Norte) entre outras.
A
esquistossomose, também conhecida como barriga d´água, é
causada pelo Schistosoma mansoni, verme que desenvolve
dentro do caramujo que vive em águas de lagoas e córregos. O
homem, ao entrar em contato com as águas contaminadas,
adquire a doença.
A maioria das
pessoas infectadas pode permanecer assintomática. Algumas
desenvolvem formas graves da doença. Na fase aguda, o doente
tem febre, falta de apetite, tosse, dor de cabeça, suor, enjôo
e diarréia. A doença tem cura e o tratamento é simples e
está disponível gratuitamente na rede pública de saúde.
Segundo
Brigina, as ações de educação em saúde e mobilização da
comunidade são muito importantes no controle da
esquistossomose. "A prevenção depende basicamente de
orientação à população sobre a transmissão da doença e
para que evitem situações de risco", diz.
A enfermeira
explica que existe uma dificuldade no controle do vetor –
caramujo – porque a aplicação de veneno, além de ter eficácia
questionada, pode contaminar o meio ambiente. O trabalho de
identificação de focos e o censo coprológico (confirmação
laboratorial entre escolares) tem sido realizado Superintendência
do Controle de Endemias (Sucen), órgão da Secretaria de
Estado da Saúde.
"Em
Campinas, as ações de controle têm sido prioridade onde
existem focos. O trabalho desenvolvido na área do São
Domingos, por exemplo, é muito bom", informa. Segundo
ela, as equipes estão preparadas e sensibilizadas para fazer
diagnóstico e tratar as pessoas e, assim, evitar a contaminação
do meio ambiente.
A sanitarista
afirma que a Secretaria de Saúde começou a reorganizar a
coleta de informações no início de 2003. "A meta é
reduzir a prevalência, identificar novos focos, fortalecer a
parceria com a Sucen e diminuir a contaminação das
lagoas", diz.
A
esquistossomose é uma endemia (doença que existe
constantemente) mundial. São mais de 200 milhões de
infectados em 52 países. No Brasil, a transmissão ocorre em
19 estados e há 2,5 milhões de portadores.
Águas
contaminadas em Campinas:
Fazenda Rio
das Pedras – Barão Geraldo (Norte)
Santa Rosa
– Jardim Rossin (Noroeste)
Lagoa do
Castor – Bairro Princesa D´Oeste (Sul)
Lagoa do
Banco – Fazendo Banco - Jardim Rossin (Noroeste)
Lagoa das
Pedras – Jardim Rossin (Noroeste)
Bica do Santa
Rosa – Jardim Rossin (Noroeste)
Bica do
Rossin – Jardim Rossin (Noroeste)
Lagoa dos
Urubus – Fazendo Banco – Jardim Rossin (Noroeste)
Córrego Piçarrão
– Jardim Rossin (Noroeste)
Lagoa Matão
– Próximo ao São Marcos (Norte)
Lagoa Singer
– Bairro Princesa D´Oeste (Sul)
Lagoa Santa Lúcia
– Jardim Novo Campos Elíseos (Sudoeste)
Lagoa Boa União
– Jardim São Domingos, Vila Palmeiras (Sul)
Lagoa Vila
Palmeiras – Vila Palmeiras (Sul)
Lagoa Santa
Clara – Parque Itajaí (Noroeste)
Lagoa do
Capivari – Jardim Florence (Noroeste)
Rio Mirim –
Campo Grande (Noroeste)