Jorge Massarolo
Dezessete
caminhões carregados de entulhos (cerca de
quatrocentos metros cúbicos), mais de cinco mil
imóveis vistoriados e centenas de criadores do
mosquito Aedes aegypti inutilizados. Este foi
o resultado parcial da megaoperação de combate ao
mosquito transmissor da dengue realizado no sábado,
dia 24, em sete bairros da região Norte de Campinas.
Os bairros fazem divisa com os municípios de
Hortolândia e Sumaré e concentram o maior número de
casos de dengue de Campinas. Os municípios de
Hortolândia e Sumaré também fizeram ação conjunta.
A megaoperação,
desenvolvida pela Secretaria Municipal de Saúde,
contou com a parceria da Secretaria de
Infra-estrutura, Sanasa, Administrações Regionais e
Distritos de Saúde. Cerca de 300 profissionais e 30
viaturas foram mobilizados.
Na região
abrangida - Vila Padre Anchieta, Nova Aparecida,
CDHU, Vila Maria Helena, Vila Padre Josimo, Vila
Francisca e Renascença – foram confirmados 67 casos
de dengue este ano. Até o dia 21 de fevereiro haviam
sido confirmados 225 casos de dengue em Campinas,
sendo 76 autóctones e 22 importados. Deste total,
127 estão em investigação quanto ao local onde
ocorreu a infecção. Foram confirmados outros 60
casos, cujo atendimento ocorreu em Campinas, mas os
pacientes residem nos municípios de Hortolândia e
Sumaré. No mesmo período de 2006 foram confirmados
apenas 27 casos.
De acordo com a
Coordenadora da Vigilância em Saúde do Distrito
Norte, Cely Vendramini Munhoz, a operação foi um
sucesso. “Conseguimos acesso em oito de cada dez
casas visitados e inutilizamos centenas de
criadouros”, diz. Durante a semana, os agentes de
saúde conseguem acesso a apenas seis de cada dez
casas visitadas. O resultado final da operação será
divulgado na segunda-feira, após a tabulação de
todas as planilhas.
Técnicos da saúde
avaliam que a grande quantidade de reciclados e
entulhos, além da falta de infra-estrutura básica
como água encanada, condições sanitárias precárias e
borracharias favorecem a criação do mosquito na
região.
Para a dona de
casa Senhorinha da Silva Pereira, moradora na Vila
Padre Josimo, que já registrou oito casos, a visita
dos agentes de saúde foi positiva. “É bom porque
eles ensinam a gente a evitar a criação do
mosquito”, diz. Ela mora com o marido e mais seis
pessoas na pequena casa sem reboco. Até agora
ninguém teve dengue. “Mas também não queremos que
ninguém pegue”, afirma. Em poucos minutos, os
agentes recolheram do quintal, muro e telhado
diversos vasilhames que poderiam se tornar
criadouros de mosquitos.
“É importante a
população saber que a dengue mata, por isso é
necessário uma ampla conscientização sobre os
cuidados que se deve ter para evitar a criação do
mosquito”, diz o secretário municipal de saúde de
Campinas, José Francisco Kerr Saraiva, que
acompanhou parte dos trabalhos.
"Evidentemente
não eliminaremos totalmente os mosquitos, mas temos
que diminuir a infestação de dengue, e para isso
necessitamos da colaboração dos moradores em manter
seus quintais livres de entulhos ou objetos que
sirvam para a procriação do mosquito", diz. Saraiva
solicita também à população que permita a entrada em
suas residências dos agentes de saúde, devidamente
identificados com crachás, para fazer a busca ativa.
“O nosso trabalho não para por aqui, o combate ao
mosquito é uma atividade constante e ininterrupta
que a Secretaria da Saúde e todos seus profissionais
estão empenhados em fazer”.
Mutirão
As equipes
iniciaram suas atividades às 7h30 da manhã, na
Subprefeitura da Vila Padre Anchieta. Em seguida,
iniciaram a busca ativa de casos suspeitos, remoção
dos criadouros do mosquito Aedes aegypti,
atividades de educação e limpeza de terreno.
Criadouros são recipientes que podem acumular água,
servindo assim de ambiente favorável para a
proliferação do Aedes aegypti.