Saúde se mobiliza para conter proliferação de caramujo africano gigante em Campinas

27/03/2003

A Secretaria de Saúde de Campinas está mobilizando esforços para evitar a proliferação do caramujo gigante africano, Achatina fulica, na cidade. Nesta sexta-feira, 28 de março, profissionais de saúde da Prefeitura reúnem-se para definir ações de combate ao molusco e providências quanto às pessoas que tiverem contato com a espécie. O evento acontece das 8h às 12h, na escola Senai, na avenida da Saudade, 125.

No início deste ano, a Coordenadoria de Vigilância e Saúde Ambiental de Campinas registrou, pela primeira vez, uma infestação do caramujo gigante africano no Jardim Novo Campos Elíseos, região Sudoeste de Campinas. Desde então, as autoridades sanitárias detectaram vários outros pontos de infestação no município, sendo mais de 20 somente na região Sudoeste.

Chamado erroneamente de escargot por criadores e comerciantes, a espécie, além de ser uma praga agrícola, por destruir plantações e lavouras diversas, também representa um risco à saúde pública. O molusco pode hospedar o verme Angiostrongylus costaricensis, causador da angiostrongilíase abdominal, doença grave que pode levar à morte por perfuração intestinal e hemorragia abdominal.

No encontro desta sexta-feira, programado para reunir profissionais das Visas (Vigilâncias em Saúde) e dos Centros de Saúde e apoiadores, serão abordadas características do molusco e as formas de controle da praga.

Os profissionais também serão capacitados para fazer diagnóstico clínico e laboratorial da doença transmitida pelo molusco. "A idéia é que eles estejam sensibilizados para suspeitar, diagnosticar e tratar a enfermidade", diz Vicente Pisani Neto, médico sanitarista e coordenador da Vigilância Sanitária de Campinas.

A Secretaria de Saúde também está iniciando processo para mapear locais infestados pelo caramujo. O objetivo, segundo a bióloga Elen Fagundes, do Distrito de Saúde Sudoeste, é detectar como está a distribuição da praga na cidade e, a partir da daí, trabalhar para conter a infestação e esclarecer as pessoas quanto aos riscos, sintomas e quando acionar ou se encaminhar ao serviço de saúde.

Os sintomas da angiostrongilíase abdominal são dor abdominal, febre prolongada, falta de apetite e vômitos.

A bióloga Elen diz que já é comum no Brasil o comércio da carne desse caramujo como se fosse escargot. De acordo com ela, a espécie também é cultivada para isca de pesca, ao longo dos cursos d’água, em pesqueiros comerciais. "Mas, quando os criadores percebem que tal atividade não está lhes proporcionando o retorno financeiro esperado, acabam por soltar os caramujos em terrenos baldios e construções abandonadas, locais ideais para a proliferação do molusco. Nestes ambientes, eles chegam a colocar até 100 ovos por dia em época de chuva", afirma.

Elen ressalta que existem cuidados para prevenir a doença. De acordo com ela, é preciso muita atenção com alimentos a serem consumidos crus. "É preciso lavar bem as verduras e frutas. As mãos devem ser lavadas sempre, depois de contato com o solo, do trabalho no campo, nas hortas e jardins. Ainda é importante impedir que crianças brinquem com os caramujos, já que elas podem colocar as mãos sujas na boca", completa.
Ela orienta ainda que, no caso do aparecimento de qualquer sintoma semelhante aos da angiostrongilíase abdominal, a pessoa procure imediatamente o Centro de Saúde, onde poderão ser realizados exames mais específicos.

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