Denize
Assis
O Centro
de Lactação - Banco de Leite Humano Municipal de
Campinas necessita de doadoras. A unidade encerrou o ano
de 2004 com cerca de 50 litros de leite e não conseguiu
recuperar o estoque que precisa contar com um volume razoável
para garantir a distribuição de leite nos períodos em
que há redução nas doações. Em 2003, o Centro fechou
o ano com 150 litros.
A situação
pode prejudicar os bebês prematuros que, com a falta do
alimento, ficam mais expostos ao risco de infecção e de
outras complicações de saúde. Diariamente, entre 15 e
20 bebês dependem do Banco de Leite Humano Municipal.
"Normalmente,
após o carnaval verifica-se uma melhora nas doações, o
que não ocorreu em 2005", afirma a médica pediatra
Cláudia Monteiro Sampaio, coordenadora do Centro de Lactação
– Banco de Leite Humano Municipal. Segundo ela, nos últimos
dias têm sido feitas apenas 3 coletas por semana de um
total de 2 a 4 doadoras em cada coleta. Em situações
normais, são realizadas pelo menos 5 coletas de 7 a 9
doadoras em cada etapa. "Com isso nos últimos dois
meses, liberamos mais do que o dobro de litros de leite
que entrou de doação. Nestas ocasiões vamos consumindo
nosso estoque", diz Cláudia.
A
pediatra informa que, com o objetivo de estimular a doação
de leite, o Comitê Municipal de Apoio e Incentivo ao
Aleitamento Materno desenvolve ações nos centros de saúde
para sensibilizar a população sobre a importância do
leite materno, único alimento que deve ser oferecido ao
bebê até o sexto mês de vida.
Segundo
Cláudia, nada substitui o leite do peito. "Ele
fornece tudo o que o bebê precisa para se alimentar até
os seis meses de vida e funciona como uma vacina contra
doenças. Além disso, o leite materno é econômico e prático,
já que está sempre pronto, na temperatura adequada e
livre do risco de contaminação, o que propicia
crescimento e desenvolvimento mais saudáveis",
afirma.
Mas
algumas mães, como as de bebês prematuros e/ou doentes
internados nas unidades neonatais, não podem amamentar e
necessitam da solidariedade de outras mulheres. Por isso,
a Secretaria de Saúde solicita que as mamães sejam
doadoras. É importante que a mulher saiba que doar o
leite é um gesto de amor e que este ato não compromete
em nada a amamentação do próprio filho. Não há risco
de faltar o alimento para o próprio bebê.
Para doar
o leite ou receber orientações e apoio na fase da
amamentação basta que a mulher entre em contato com o
Banco de Leite. A unidade fica no 5o andar da Maternidade
de Campinas, na avenida Orosimbo Maia, 165. O telefone é
19 3731-6039. O atendimento é gratuito. No local também
podem ser feitas doações de vidros com tampa de plástico
– como os de café solúvel ou maionese -, que são
utilizados para armazenar o alimento.
Unidade
é referência
O Centro
de Lactação - Banco de Leite Humano Municipal de
Campinas é o serviço de referência do município
responsável pelo apoio e estímulo ao aleitamento
materno. Também realiza coleta, processamento,
armazenamento e distribuição de leite humano.
A unidade
foi implantada em 1993, numa parceria da Prefeitura com a
Maternidade de Campinas. Em 12 anos de atividades, o
Centro acolheu 29,5 mil mulheres para doação,
esclarecimentos e para que seus bebês pudessem receber o
leite. No período, foram coletados mais de 8 mil litros e
3,3 mil crianças puderam ser amamentadas com leite de doação
ou da própria mãe.
Segundo o
Ministério da Saúde, atualmente, existem mais de 180
bancos de leite em funcionamento em todos os 26 estados
brasileiros e no Distrito Federal. De janeiro a outubro de
2004, os bancos existentes no país coletaram 85 mil
litros de leite humano. Este volume, doado por cerca de 75
mil mulheres, corresponde ao necessário para amamentar
mais de um milhão de bebês nascidos após 28 semanas de
gestação, nas primeiras 24 horas de vida, com dez
mililitros a cada três horas.
Esta rede
de bancos de leite humano do Brasil, da qual faz parte a
unidade de Campinas, está servindo de exemplo para outros
países e é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) como a maior e mais complexa do mundo.