Estimular as mulheres, em especial as adolescentes,
a utilizarem métodos anticoncepcionais corretamente e
conscientemente é o principal objetivo da campanha
"Maternidade Responsável", lançada nesta
quarta-feira pela Prefeitura Municipal de Campinas,
por intermédio da Secretaria Municipal de Saúde
(SMS).
O lançamento, realizado no Centro de Saúde Parque
Valença, fez parte das comemorações ao Dia
Internacional da Mulher, e teve a exibição de Liang
Gong por um grupo de mulheres do CS Valença e Itajaí.
Também participaram do evento o Diretor do
Departamento de Saúde da SMS, Pedro Humberto
Scavariello, Fernando Brandão, coordenador da Saúde
da Mulher da SMS e responsável pela campanha, Rubem
Borges Fialho Jr. coordenador do Distrito Noroeste e
Fernando Viegas, coordenador do Centro de Saúde Valença,
além de funcionários e usuários do CS.
Durante a apresentação, Scavariello ressaltou que
a campanha é um mote para a implantação de mais ações
durante o ano e até o final do governo. "A
prefeitura garante a oferta de todos os métodos
anticoncepcionais e também os definitivos, como as
laqueaduras e a vasectomia para os homens", diz.
Segundo ele, a política da administração municipal
na área de saúde está voltada para o atendimento às
mulheres.
A campanha foi elaborada seguindo princípios científicos
que mostram que a principal deficiência entre as
mulheres em Campinas não é a desinformação sobre
os métodos anticoncepcionais, já que 99% tem informação
sobre os mesmos, mas sim, conscientizar sobre o seu
uso.
De acordo com o médico Fernando Brandão, a
campanha pretende estimular o uso constante e correto
de anticoncepcionais, já que os serviços de saúde
oferecem todos os tipos de métodos.
Atualmente, a porcentagem de partos em
adolescentes, de acordo com as estatísticas das
maternidades da cidade, representa aproximadamente 15%
do total dos partos ocorridos em Campinas. Segundo
Brandão, é uma proporção baixa se comparada com
outras regiões e ainda com outros municípios do
estado. "Sabemos que há municípios na região
Norte do país onde a proporção de partos em
adolescentes representa mais do 30% do total",
diz. A média nacional gira em torno de 23%
Estudos mostram também que o número de curetagens
pós-aborto diminuíram bastante, representando 7% dos
partos em 2004. "Embora estes dados sejam
alentadores, não podemos deixar de considerar que
parte da redução dos índices de fecundidade e das
taxas de partos e de abortos na adolescência deve-se
a fatores alheios à oferta de serviços de saúde",
diz Brandão. Entre os quais ele cita a ampla
disponibilidade da anticoncepção de emergência (AE)
vendida em farmácias. Outro fator é a
disponibilidade, embora restrita e cara, do
misoprostol (Cytotec).
Pesquisa
Pesquisa coordenada em 2002 pelo professor Dr. João
Luiz Pinto e Silva, da Unicamp, mostra que das
adolescentes que tiveram filhos no CAISM (Centro de
Atendimento Integral à Saúde da Mulher) 24,5%
queriam engravidar, 17,9% disseram ser os métodos
anticoncepcionais inconvenientes, 10,4% não queriam
engravidar, 9,4% não pensaram na hora e 8,5% disseram
ter dificuldade de acesso aos métodos
anticoncepcionais.
Estudo mostra que persistem alguns problemas na
rede de saúde pública que merecem mais atenção,
como o acesso ainda limitado de adolescentes aos serviços
de planejamento familiar; deficiências na liberdade
de escolha, uso muito limitado de métodos reversíveis,
especialmente do DIU com cobre; e uso
crescente de métodos permanentes.
De acordo com Brandão, a proposta atual da
Secretaria Municipal de Saúde é implementar estratégias
para melhorar o acesso e a qualidade de atenção em
saúde sexual e reprodutiva, priorizando o
planejamento familiar, a atenção a adolescentes, e a
participação masculina no planejamento familiar.
A campanha, que conta com o patrocínio da
Schering, terá distribuição de material gráfico
(cartazes e folderes) nos centros de saúde e de
camisetas.