Primeiro dia sem atendimento no PA Centro não sobrecarrega rede

20/03/2012

Autor: Denize Assis e Carlos Lemes Pereira

No primeiro dia de fechamento do Pronto Atendimento (PA) Centro, nesta segunda-feira (19 de março), não foi registrado impacto significativo nos outros serviços públicos de urgência/emergência de Campinas, segundo monitoramento da Secretaria Municipal de Saúde. O prédio do PA, localizado à Rua Barreto Leme, vai passar por reformas. A reabertura está prevista para daqui a 90 dias.

A demanda média de atendimentos no PA Centro era de 300 pacientes adultos por dia (a unidade não fazia consultas pediátricas). São realizados cerca de 1,5 mil procedimentos de urgência diariamente nos serviços de urgência da Prefeitura que são os PAs São José, Anchieta e Campo Grande e os prontos-socorros dos hospitais municipais Ouro Verde e Mário Gatti.

A Secretaria de Saúde informou que apenas duas pessoas buscaram o PA Centro até as 15h e foram orientadas a buscar outros serviços. A Comissão Municipal de Urgência reforça a orientação aos pacientes para que busquem as unidades de saúde mais próximas de suas residências. Nos casos mais simples, as pessoas devem procurar os centros de saúde e, nos casos de baixa e média complexidade, as outras unidades de urgência do município.

Os PAs atendem casos como queimaduras, cortes, dores de garganta e de barriga, febre, vômito e não fazem internações. Estas são realizadas nos PSs, onde são atendidas ocorrências relativas a acidentes de carros, problemas respiratórios e de coração, entre outras.

A Secretaria de Saúde se organizou com a rede do município, especialmente com os outros serviços de urgência, para que a demanda do PA Centro seja pulverizada em todo o município, sem sobrecarregar apenas uma unidade.

“A recomendação aos pacientes que têm pressão alta, diabetes, asma e que já são vinculados às unidades básicas é para que, ao se sentirem mal, procurem primeiro o centro de saúde de referência de seu bairro. Se houver necessidade, a unidade básica vai encaminhar o caso para uma unidade de urgência ou acionar o Samu/192”, afirma Zilda Barbosa, da coordenação municipal da área técnica da Urgência.

Já foi iniciado o remanejamento dos funcionários do PA Centro (140, sendo 30 médicos) para outras unidades de urgência, para reforçar as equipes. A Secretaria de Saúde reconhece que esta não é uma situação adequada, mas é importante para que se possa reformar o PA Centro e, desta forma, qualificar a assistência e melhorar as condições de trabalho dos funcionários.

Medida estratégica

A desativação do PA Centro é estratégica e provisória. A medida ocorre porque a unidade, deteriorada pelo uso contínuo e pelas condições do prédio, tombado pelo Patrimônio Histórico, precisa de reformas. Também foi levada em conta a falta de recursos humanos no sistemabmunicipal de urgência, para que os profissionais do PA Centro possam ser remanejados para postos estratégicos em todas as regiões da cidade.

“A maior preocupação neste momento é com a falta de recursos humanos, principalmente médicos, nas unidades de pronto atendimento mais periféricas. Os funcionários do PA Centro já estão sendo transferidos principalmente para os PAs Anchieta e São José, onde a situação é mais crítica”, afirmou o secretário de Saúde, Fernando Brandão.

A previsão é que o PA Centro fique fechado por pelo menos 90 dias, tempo previsto para a conclusão da reforma e para que o sistema público de saúde possa receber os médicos já aprovados no concurso e que estão em processo de contratação.

Mário Gatti

O Mário Gatti se prepara para absorver a maior parte da demanda do PA Centro, já que é o hospital de referência regional no segmento, com uma demanda média de 500 pacientes por dia. Por enquanto, porém, não está sendo constatada superlotação no PS, que está apresentando uma fila de espera de três horas, a mesma verificada historicamente às segundas-feiras, dia da semana mais crítico para o atendimento de urgência/emergência. A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza uma tolerância de até quatro horas para esse segmento de serviços de saúde.

O presidente do Mário Gatti, Salvador Pinheiro, disse que o plano para absorver essa demanda aumentada se baseia no princípio de deslocamento da maior quantidade possível de recursos para o setor emergencial, “mas sem perder de vista a priorização dos casos mais complexos, que sempre surgem por aqui, em função de sermos o único hospital porta-aberta da região, operante durante 24 horas, e preparados para atuar em quadros de traumas físicos graves”.

Pinheiro observou ainda que a Sala Azul do PS do Mário Gatti está em reformas, previstas para serem concluídas no final do próximo mês. “Este tipo de ala é um verdadeiro ‘calcanhar de Aquiles’ para nós e para qualquer hospital de grande porte, pois costuma concentrar uma demanda volumosa, mas de baixa complexidade, que na verdade, deveria estar sendo absorvida pela rede básica de saúde”, completou. “Mesmo assim, temos nos mantido dentro do teto de quatro horas de espera preconizadas pela Organização Mundial de Saúde para atendimento desta categoria de paciente”, ressalvou.

Ele acredita que a maioria dos usuários que migrarão do PA Centro se encaixará nesse perfil. “É claro que haverá transtorno para essas pessoas, a quem só podemos pedir que compreendam a situação atípica e tenham paciência; afinal, temos que continuar priorizando os corredores Vermelho e Amarelo do hospital, onde estão os casos mais graves”, concluiu.

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