Denize Assis e
Marco Aurélio Capitão
A Região
Metropolitana de Campinas (RMC), representada por sua Câmara
Temática de Saúde, solicitou nesta sexta-feira, 2 de abril,
à Secretaria de Estado da Saúde e à Reitoria da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) o adiamento, até
janeiro de 2005, das medidas anunciadas pelo Hospital de Clínicas
(HC) de restringir o atendimento à população. A Unicamp
programou iniciar a restrição ao atendimento nesta
segunda-feira, 5 de abril.
O adiamento
foi solicitado por meio ofício enviado ao diretor da Direção
Regional de Saúde (DIR-12), o médico Sérgio Grecco, e ao
reitor da universidade, Carlos Henrique de Brito Cruz. O
documento também apresentado na reunião da Câmara Temática
de Saúde ocorrida ontem, sexta-feira.
A redução
no atendimento, conforme anunciado, inclui o fechamento para o
público das portas do Pronto-Socorro (PS). A Secretaria de Saúde,
desde que tomou conhecimento da decisão, tem solicitado à
Unicamp a revisão da medida, uma vez que trará graves prejuízos
à população do município e da Região. O PS do HC atende
uma média de 350 pacientes por dia, sendo que 70% desta
demanda são moradores de Campinas, principalmente das regiões
Leste e Norte.
"Até lá,
uma série de medidas corretivas serão implementadas, desde a
atenção básica até a alta complexidade, com o compromisso
dos prefeitos da região em comprometer o orçamento municipal
de 2005 com a continuidade destas ações", explicou o médico
sanitarista Adilson Rocha Campos, diretor de Gestão e
Planejamento da Secretaria de Saúde de Campinas.
A Câmara Temática
de Saúde ainda solicita que a Secretaria de Estado da Saúde
dê apoio financeiro ao HC até dezembro de 2004. O Governo
Federal já destinou verba de cerca de R$ 2 milhões para a
universidade, para dar suporte ao HC. No entanto, na reunião
de ontem, foi confirmada a informação de que a verba foi
recebida pela universidade mas não foi repassada ao HC até o
momento.
A Prefeitura
de Campinas reconhece a necessidade de ser estabelecido um
novo papel ao PS do HC da Unicamp, e concorda que, no futuro,
o serviço venha a funcionar como unidade referenciada. No
entanto, entende que esta mudança não pode ser feita de
maneira unilateral e sem planejamento.
"O
impacto no atendimento para a população será grande. Se a
decisão se concretizar, a fila de espera por consultas de
especialidades vai aumentar nos outros serviços públicos de
Campinas e das cidades da região", diz Rocha Campos. A
estimativa é de que o impacto em Campinas será de 45 mil
consultas por ano.
Para garantir
que a partir do ano que vem a assistência aos usuários do
sistema público de saúde não seja comprometida com a restrição,
a Prefeitura de Campinas já apresentou um plano que inclui
uma série de investimentos.
Entre eles a
inauguração do novo Pronto-Socorro Anchieta, reforma e
ampliação de centros de saúde das regiões Leste e Norte,
construção do Centro de Saúde do CDHU, implantação de módulo
ou Sistema de Atendimento Domiciliar (SAD) na região do Vila
Nova, ampliação do número de internação hospitalar da
Santa Casa, aumento de leitos de 20 para 30 leitos no Hospital
Albert Sabin.
Além disso,
a Prefeitura de Campinas ainda apresentou propostas de médio
prazo a serem implementadas para a gestão, com qualidade, do
Sistema Único de Saúde (SUS) regional.