Denize Assis
A Vigilância
em Saúde (Visa) de Campinas recolheu 6 medidores (moldes)
de prótese mamária de silicone nesta quinta-feira, 29 de
abril, no primeiro dia de trabalho de busca e apreensão em
hospitais e clínicas que realizam cirurgia plástica na
cidade. "Na região norte, visitamos seis serviços e
em um deles encontramos os produtos, que foram recolhidos
por serem da marca Silimed. Se fossem de outra marca, os
medidores seriam interditados e o serviço ficaria como fiel
depositário", diz a enfermeira sanitarista Kennia
Linares, coordenadora da Visa Norte.
Em todas as
regiões de Campinas há 35 hospitais, sendo nove
hospitais-dia, e 20 clínicas que serão visitadas. A
Secretaria Municipal de Saúde mobilizou 47 profissionais
para participar dos trabalhos, que devem durar pelo menos três
dias.
O
procedimento atende resolução da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada no Diário
Oficial da União nesta quinta-feira, que determina a
interdição cautelar de medidores comercializados em todo
País.
Na semana
passada, medida da Vigilância Sanitária Estadual proibiu o
uso e a comercialização dos medidores da marca Silimed no
Estado de São Paulo. No mesmo comunicado, a Vigilância
determinou interdição de próteses mamárias da mesma
marca.
A interdição
foi motivada pela notificação de 25 casos de infecção em
pacientes que se submeteram a cirurgias de implante de prótese
mamária de silicone, 23 em Campinas, um em Jundiaí e um em
Goiânia. Em dez casos de Campinas foi detectada, por meio
de exames laboratoriais, a contaminação pela bactéria Mycobacterium
fortuitum. Também foi confirmada a contaminação de
uma paciente pela bactéria Mycobacterium porcinum e
outra pela bactéria Staphylococus aureus.
Os
profissionais de Saúde devem suspender o uso dos medidores
enquanto vigorar a resolução. Distribuidores e fabricantes
deverão retirar os produtos do mercado, sob pena de serem
autuados de acordo com a Lei 6.437/77, que prevê de
notificações a multas que variam de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão
de reais.
Ainda não
é possível afirmar a causa das infecções. Entretanto, as
primeiras ações preventivas foram voltadas para o medidor
pela forma como são manipulados e pelo fato de serem
comumente reutilizáveis. "O produto não é descartável
e não possui registro na Anvisa. Depois que utiliza o
molde, o cirurgião devolve o produto. E, por não possuir
registro, não há critérios estabelecidos como vida média
útil. Não está definido, por exemplo, depois de quantas
reutilizações ele tem que ser inutilizado", afirma o
médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Secretaria de Saúde
de Campinas.
A Vigilância
em Saúde de Campinas, junto com a Anvisa e com a Vigilância
Sanitária Estadual, desde que recebeu as primeiras notificações
em 13 de abril, vem investigando de maneira criteriosa o
surto. Estão sendo analisados prontuários médicos das
pacientes envolvidas, documentos de infecção hospitalar e
métodos de esterilização dos serviços e os produtos (próteses
de silicone e medidores). A documentação das empresas
envolvidas - indústria Silimed e distribuidora Ortonal –
também está sendo verificada. Segundo Vicente, a Vigilância
espera em no máximo 15 dias ter a comprovação ou então
descartar se a causa do surto foi o medidor.