Vigilância recolhe seis medidores de prótese mamária

29/04/2004

Denize Assis

A Vigilância em Saúde (Visa) de Campinas recolheu 6 medidores (moldes) de prótese mamária de silicone nesta quinta-feira, 29 de abril, no primeiro dia de trabalho de busca e apreensão em hospitais e clínicas que realizam cirurgia plástica na cidade. "Na região norte, visitamos seis serviços e em um deles encontramos os produtos, que foram recolhidos por serem da marca Silimed. Se fossem de outra marca, os medidores seriam interditados e o serviço ficaria como fiel depositário", diz a enfermeira sanitarista Kennia Linares, coordenadora da Visa Norte.

Em todas as regiões de Campinas há 35 hospitais, sendo nove hospitais-dia, e 20 clínicas que serão visitadas. A Secretaria Municipal de Saúde mobilizou 47 profissionais para participar dos trabalhos, que devem durar pelo menos três dias.

O procedimento atende resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada no Diário Oficial da União nesta quinta-feira, que determina a interdição cautelar de medidores comercializados em todo País.

Na semana passada, medida da Vigilância Sanitária Estadual proibiu o uso e a comercialização dos medidores da marca Silimed no Estado de São Paulo. No mesmo comunicado, a Vigilância determinou interdição de próteses mamárias da mesma marca.

A interdição foi motivada pela notificação de 25 casos de infecção em pacientes que se submeteram a cirurgias de implante de prótese mamária de silicone, 23 em Campinas, um em Jundiaí e um em Goiânia. Em dez casos de Campinas foi detectada, por meio de exames laboratoriais, a contaminação pela bactéria Mycobacterium fortuitum. Também foi confirmada a contaminação de uma paciente pela bactéria Mycobacterium porcinum e outra pela bactéria Staphylococus aureus.

Os profissionais de Saúde devem suspender o uso dos medidores enquanto vigorar a resolução. Distribuidores e fabricantes deverão retirar os produtos do mercado, sob pena de serem autuados de acordo com a Lei 6.437/77, que prevê de notificações a multas que variam de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão de reais.

Ainda não é possível afirmar a causa das infecções. Entretanto, as primeiras ações preventivas foram voltadas para o medidor pela forma como são manipulados e pelo fato de serem comumente reutilizáveis. "O produto não é descartável e não possui registro na Anvisa. Depois que utiliza o molde, o cirurgião devolve o produto. E, por não possuir registro, não há critérios estabelecidos como vida média útil. Não está definido, por exemplo, depois de quantas reutilizações ele tem que ser inutilizado", afirma o médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Secretaria de Saúde de Campinas.

A Vigilância em Saúde de Campinas, junto com a Anvisa e com a Vigilância Sanitária Estadual, desde que recebeu as primeiras notificações em 13 de abril, vem investigando de maneira criteriosa o surto. Estão sendo analisados prontuários médicos das pacientes envolvidas, documentos de infecção hospitalar e métodos de esterilização dos serviços e os produtos (próteses de silicone e medidores). A documentação das empresas envolvidas - indústria Silimed e distribuidora Ortonal – também está sendo verificada. Segundo Vicente, a Vigilância espera em no máximo 15 dias ter a comprovação ou então descartar se a causa do surto foi o medidor.

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