Denize Assis
O número
de casos suspeitos de infecção em pacientes que se
submeteram a cirurgias de implante de silicone nos seios
subiu para 28, segundo informações da Vigilância em Saúde
(Visa) de Campinas e da Secretaria de Saúde do Estado de São
Paulo nesta sexta-feira, 30 de abril. As autoridades sanitárias
também informaram que, além da Silimed, produtos das
marcas Eurosilicone e Perthese estão sendo investigados.
"Entre
os dez casos confirmados, há sete casos de produtos Silimed,
dois de Eurosilicone e um de Perthese. Entre os sete
suspeitos, há cinco da marca Silimed, um da Eurosilicone e
um da Perthese. A Silimed é brasileira e as outras duas são
francesas", informou Maria Clara Padoveze, diretora técnica
da Divisão de Infecção Hospitalar do Centro de Vigilância
Epidemiológica (CVE).
Dos 28
casos relatados à Visa de Campinas e à Secretaria de
Estado da Saúde, 26 são de Campinas, um de Jundiaí e um
de Morungaba. Maria Clara disse que, além dos 10 casos
confirmados de infecção por Mycobacterium não
tuberculosis e dos sete suspeitos, estão incluídos nas
investigações dois casos de infecções por outras bactérias
e sete outros dos quais ainda não se tem informações. É
considerado suspeito o caso com sintomas compatíveis de
infecção por Mycobacterium não tuberculosis porém
sem comprovação laboratorial.
Ainda não
é possível afirmar a causa das infecções. Estão sendo
investigados medidores e próteses, prontuários médicos
das pacientes, técnicas de esterilização e documentos de
controle de infecção hospitalar das instituições e
documentos das empresas envolvidas. A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) está fazendo busca de casos
em outros estados do país.
Nesta
sexta-feira, as autoridades sanitárias informaram que vão
averiguar também procedimentos específicos deste tipo de
cirurgia nas principais clínicas e hospitais, independente
de terem tido casos notificados. Ainda será feita uma análise
estatística dos produtos comuns utilizados nas cirurgias
para implante de prótese mamária.
Na última
quinta-feira, 29, a Visa de Campinas iniciou trabalho de
busca e apreensão de medidores (moldes) de prótese mamária
de silicone em clínicas e hospitais da cidade. As equipes já
visitaram 19 instituições e recolheram 24 medidores. Os
produtos serão enviados para análise. Os trabalhos
prosseguem na segunda-feira, 3 de maio.
Os
medidores servem para que o cirurgião cheque o tamanho
adequado da prótese e são reutilizados depois de
esterilização. A Anvisa determinou interdição cautelar
de todos os medidores em todo País. No Estado de São
Paulo, os medidores da marca Silimed devem ser recolhidos de
acordo com determinação da Secretaria Estadual de Saúde.
"Desde
o início das notificações, em 13 de abril, estamos
fazendo uma investigação criteriosa sobre o surto. O
objetivo principal é detectar a fonte de contaminação e
prevenir novos casos", disse o médico sanitarista
Vicente Pisani Neto, coordenador da Visa de Campinas.
Segundo
Vicente, a orientação é para que os médicos façam um
acompanhamento dos pacientes que já fizeram implante.
"A pessoa deve procurar seu médico, solicitar avaliação
clínica e o profissional vai avaliar se o caso requer
exames específicos", orienta o sanitarista.