Denize Assis
A Vigilância
em Saúde (Visa) de Campinas recolheu mais 12 medidores
(moldes) de prótese mamária de silicone nesta
segunda-feira, 3 de maio, no terceiro dia de trabalho de
busca e apreensão em hospitais e clínicas que realizam
cirurgia plástica na cidade. Com as novas apreensões,
subiu para 36 o número de moldes recolhidos pelas equipes
da Secretaria de Saúde desde a última quinta-feira, 29,
quando os trabalhos foram iniciados.
Até o
momento, 29 instituições foram visitadas. Em todas as regiões
de Campinas, segundo informações da Saúde Coletiva
municipal, há 35 hospitais, sendo nove hospitais-dia, e 20
clínicas que realizam este tipo de cirurgia. A Secretaria
Municipal de Saúde mobilizou 47 profissionais para
participar dos trabalhos, que devem terminar amanhã, 4 de
maio.
O
procedimento atende resolução da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), que determina a interdição
cautelar (provisória) de medidores de todas as marcas
comercializados em todo País, e medida da Vigilância Sanitária
Estadual que proibiu o uso e a comercialização dos
medidores da marca Silimed no Estado de São Paulo e
determinou a apreensão dos mesmos. As próteses mamárias
da mesma marca também estão interditadas.
A interdição
foi motivada pela notificação de 28 casos de infecção em
pacientes que se submeteram a cirurgias de implante de prótese
mamária de silicone, 26 em Campinas, um em Jundiaí e um em
Goiânia. Em dez casos de Campinas foi detectada, por meio
de exames laboratoriais, a contaminação pela bactéria Mycobacterium
fortuitum (Mycobacterium não tuberculosis). Também foi
confirmada a contaminação de uma paciente pela bactéria Mycobacterium
porcinum e outra pela bactéria Staphylococus aureus.
Os
profissionais de Saúde devem suspender o uso dos medidores
enquanto vigorar a resolução. Distribuidores e fabricantes
deverão retirar os produtos do mercado, sob pena de serem
autuados de acordo com a Lei 6.437/77, que prevê de
notificações a multas que variam de até R$ 1,5 milhão de
reais.
Ainda não
é possível afirmar a causa das infecções. De acordo com
o médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Secretaria de
Saúde de Campinas, estão sendo investigados medidores e próteses,
prontuários médicos das pacientes, técnicas de esterilização
e documentos de controle de infecção hospitalar das
instituições e documentos das empresas envolvidas.
Além dos
produtos da Silimed, estão sendo investigados os das marcas
Eurosilicone e Perthese. Duas distribuidoras da Silimed, uma
em Campinas e outra em Americana, foram interditadas e estão
sendo investigadas.
A Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está fazendo
busca de casos em outros estados do país. As autoridades
sanitárias vão averiguar também procedimentos específicos
deste tipo de cirurgia nas principais clínicas e hospitais,
independente de terem tido casos notificados. Ainda será
feita uma análise estatística dos produtos comuns
utilizados nas cirurgias para implante de prótese mamária.
"As
primeiras ações preventivas foram voltadas para os
medidores porque eles são reutilizáveis", diz
Vicente. Ele explica que os medidores são utilizados como
moldes durante a cirurgia, esterilizados, e podem ser
reutilizados por outros médicos e hospitais.