Profissionais do CR DST/Aids participam nesta quinta de processo de educação permanente sobre cidadania LGTTB

19/05/2006

 Ação em parceria com CR GLTTB de Campinas ocorre na semana do Dia Internacional Contra a Homofobia,
data reconhecida pela Organização das Nações Unidas

Parte das mulheres que leva ao conhecimento do Centro de Referência de Gays, Lésbicas, Travestis, Transexuais e Bissexuais (GLTTB) de Campinas que foram vítimas de estupro é homossexual e foi violentada por homens conhecidos, como o pai, um irmão ou um amigo. A informação foi divulgada durante atualização sobre cidadania GLTTB, na tarde desta quinta-feira, dia 17 de maio, no Centro de Referência em Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids de Campinas.

O processo de educação permanente à equipe de saúde do CR-DST/Aids foi realizado através de uma palestras para mais de 40 profissionais de Medicina, Enfermagem, Nutrição, Psicologia, Comunicação Social, Serviço Social, agentes comunitários de saúde e ativistas de entidades da sociedade civil organizada. A palestra foi ministrada pela psicóloga Bárbara Dalcanale Menezes, que é do Centro de Referência GLTTB, órgão da Secretaria Municipal de Cidadania, Trabalho, Assistência e Inclusão Social da Prefeitura.

Na capacitação, foram discutidas questões ligadas a direitos sociais, políticos e econômicos da população GLTTB e abordadas questões relacionadas à orientação, desejo e comportamento sexual. Também foram discutidos problemas que geram a vulnerabilidade social desta população e como esta condição interfere na prevenção ao vírus HIV, causador da Aids e de outras doenças sexualmente transmissíveis.

"Parte das pessoas que atendemos no Centro de Referência GLTTB é formada de mulheres, homossexuais, que, em algum momento, um homem heterossexual estuprou pois achou que esta mulher tem desejo por outras mulheres porque nunca teve uma relação sexual com um homem. Então, eles vão lá, pegam-nas à força e acham que ao transar com elas, intensamente, vão mudar o desejo delas", disse a psicóloga.

O publicitário Paulo Reis, coordenador do Centro de Referência GLTTB e que também participou do encontro com a equipe do Centro de Referência DST/Aids observa que a discriminação, preconceito e falta de informação sobre a cidadania GLTTB leva esta população a relacionar-se de forma precária, pois os homossexuais, bissexuais, travestis e transexuais acabam considerando-se "clandestinos".

"É tanto preconceito que a pessoa acaba não se prevenindo na hora da transa. Acaba fazendo tudo de qualquer jeito, pois está com pressa, está fazendo tudo escondido e ainda pode até estar achando que está fazendo algo errado porque está transando com outro homem ou com outra mulher", explica Reis. Para ele, é a privação de acesso aos bens de consumo e serviços públicos geram a alta vulnerabilidade de gays, lésbicas, travestis, transexuais e bissexuais.

Centro de Referência GLTTB de Campinas

O Centro de Referência GLTTB é um órgão público que atende gratuitamente na Rua Cândido Gomide, número 223, no bairro Botafogo (região Central de Campinas). Os telefones do Centro de Referência GLTTB são os seguintes: (19) 3242 – 1222 ou (19) 3242 – 7744. Para ligar gratuitamente, inclusive de telefones públicos, o número de telefone é 0800 771 8765.

Na quarta-feira, 17 de maio, foi celebrado o Dia Internacional Contra a Homofobia (IDAHO, na sigla em inglês). É a primeira vez que a Organização das Nações Unidas (ONU) se pronuncia publicamente declarando a homofobia como um problema de saúde pública na América Latina e no Caribe.

A iniciativa do Dia Internacional partiu do francês Louis-Georges Tin e da Associação Internacional de Gays e Lésbicas (ILGA), lembrando a mesma data de 16 anos atrás, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade de sua lista de transtornos mentais, não reconhecendo a orientação sexual como doença.

No Brasil, de acordo com registros do Grupo Gay da Bahia (GGB) divulgados no portal do Programa Nacional DST/Aids, estão documentados 1.960 assassinatos entre 1980 e 2000 (69% de gays, 29% de travestis e 2% de lésbicas), o equivalente a uma média de 98 homicídios por ano no país. Do total de mortos, a maioria (62,5%) foi vítima de armas brancas, enforcamento ou estrangulamento, seguido de arma de fogo (37,5%).

A maior parte dos gays foi morta dentro de suas próprias casas, enquanto a maioria das travestis perdeu a vida nas ruas. Segundo os dados do GGB, menos de 10% dos assassinos de homossexuais são presos.

Cerca de 80 países, principalmente na Ásia, África, América Central e Caribe, condenam a homossexualidade. A penalidade mais comum é a prisão, que pode passar de dez anos, como em Cuba, Malásia, Nigéria, Índia, Síria, Nicarágua e Líbia. Em outras nações, gays podem ser condenados à prisão perpétua, como na Uganda e Guiana. E em países como Afeganistão, Irã e Arábia Saudita, a punição é a pena de morte.

Testes de HIV e sífilis

O Centro de Referência do Programa DST/Aids da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Campinas está localizado à rua Regente Feijó, número 637, no Centro de Campinas. Os telefones do Centro de Referência DST/Aids são (19) 3234 – 5000 ou (19) 3236 – 3711. O Centro de Referência DST/Aids realiza testes de HIV e sífilis gratuitamente e sob sigilo. No caso de resultado positivo, a pessoa pode iniciar o tratamento imediatamente, através do próprio Centro de Referência.

Segundo estimativas, cerca de 2000 pessoas, em Campinas, possuem o vírus HIV e não sabem. O Programa Municipal de DST/Aids orienta ao uso de preservativos em todas as relações sexuais e que usuários de drogas injetáveis não compartilhem agulhas e seringas.

Mais informações à Imprensa: (19) 3234 – 5000, ramal 220, com Eli Fernandes.

Volta ao índice de notícias