Parte das mulheres que
leva ao conhecimento do Centro de Referência de Gays,
Lésbicas, Travestis, Transexuais e Bissexuais (GLTTB) de
Campinas que foram vítimas de estupro é homossexual e
foi violentada por homens conhecidos, como o pai, um
irmão ou um amigo. A informação foi divulgada durante
atualização sobre cidadania GLTTB, na tarde desta
quinta-feira, dia 17 de maio, no Centro de Referência em
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids de
Campinas.
O processo de educação
permanente à equipe de saúde do CR-DST/Aids foi
realizado através de uma palestras para mais de 40
profissionais de Medicina, Enfermagem, Nutrição,
Psicologia, Comunicação Social, Serviço Social, agentes
comunitários de saúde e ativistas de entidades da
sociedade civil organizada. A palestra foi ministrada
pela psicóloga Bárbara Dalcanale Menezes, que é do
Centro de Referência GLTTB, órgão da Secretaria
Municipal de Cidadania, Trabalho, Assistência e Inclusão
Social da Prefeitura.
Na capacitação, foram
discutidas questões ligadas a direitos sociais,
políticos e econômicos da população GLTTB e abordadas
questões relacionadas à orientação, desejo e
comportamento sexual. Também foram discutidos problemas
que geram a vulnerabilidade social desta população e
como esta condição interfere na prevenção ao vírus HIV,
causador da Aids e de outras doenças sexualmente
transmissíveis.
"Parte das pessoas que
atendemos no Centro de Referência GLTTB é formada de
mulheres, homossexuais, que, em algum momento, um homem
heterossexual estuprou pois achou que esta mulher tem
desejo por outras mulheres porque nunca teve uma relação
sexual com um homem. Então, eles vão lá, pegam-nas à
força e acham que ao transar com elas, intensamente, vão
mudar o desejo delas", disse a psicóloga.
O publicitário Paulo
Reis, coordenador do Centro de Referência GLTTB e que
também participou do encontro com a equipe do Centro de
Referência DST/Aids observa que a discriminação,
preconceito e falta de informação sobre a cidadania
GLTTB leva esta população a relacionar-se de forma
precária, pois os homossexuais, bissexuais, travestis e
transexuais acabam considerando-se "clandestinos".
"É tanto preconceito que
a pessoa acaba não se prevenindo na hora da transa.
Acaba fazendo tudo de qualquer jeito, pois está com
pressa, está fazendo tudo escondido e ainda pode até
estar achando que está fazendo algo errado porque está
transando com outro homem ou com outra mulher", explica
Reis. Para ele, é a privação de acesso aos bens de
consumo e serviços públicos geram a alta vulnerabilidade
de gays, lésbicas, travestis, transexuais e bissexuais.
Centro de Referência GLTTB de Campinas
O Centro de Referência
GLTTB é um órgão público que atende gratuitamente na Rua
Cândido Gomide, número 223, no bairro Botafogo (região
Central de Campinas). Os telefones do Centro de
Referência GLTTB são os seguintes: (19) 3242 – 1222 ou
(19) 3242 – 7744. Para ligar gratuitamente, inclusive de
telefones públicos, o número de telefone é 0800 771
8765.
Na quarta-feira, 17 de maio, foi
celebrado o Dia Internacional Contra a Homofobia (IDAHO,
na sigla em inglês). É a primeira vez que a Organização
das Nações Unidas (ONU) se pronuncia publicamente
declarando a homofobia como um problema de saúde pública
na América Latina e no Caribe.
A iniciativa do Dia Internacional partiu
do francês Louis-Georges Tin e da Associação
Internacional de Gays e Lésbicas (ILGA), lembrando a
mesma data de 16 anos atrás, quando a Organização
Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade de sua
lista de transtornos mentais, não reconhecendo a
orientação sexual como doença.
No Brasil, de acordo com registros do
Grupo Gay da Bahia (GGB) divulgados no portal do
Programa Nacional DST/Aids, estão documentados 1.960
assassinatos entre 1980 e 2000 (69% de gays, 29% de
travestis e 2% de lésbicas), o equivalente a uma média
de 98 homicídios por ano no país. Do total de mortos, a
maioria (62,5%) foi vítima de armas brancas,
enforcamento ou estrangulamento, seguido de arma de fogo
(37,5%).
A maior parte dos gays foi morta dentro
de suas próprias casas, enquanto a maioria das travestis
perdeu a vida nas ruas. Segundo os dados do GGB, menos
de 10% dos assassinos de homossexuais são presos.
Cerca de 80 países,
principalmente na Ásia, África, América Central e
Caribe, condenam a homossexualidade. A penalidade mais
comum é a prisão, que pode passar de dez anos, como em
Cuba, Malásia, Nigéria, Índia, Síria, Nicarágua e Líbia.
Em outras nações, gays podem ser condenados à prisão
perpétua, como na Uganda e Guiana. E em países como
Afeganistão, Irã e Arábia Saudita, a punição é a pena de
morte.
Testes de HIV e sífilis
O Centro de
Referência do Programa DST/Aids da Secretaria de
Saúde da Prefeitura de Campinas está localizado à
rua Regente Feijó, número 637, no Centro de
Campinas. Os telefones do Centro de Referência DST/Aids
são (19) 3234 – 5000 ou (19) 3236 – 3711. O Centro
de Referência DST/Aids realiza testes de HIV e
sífilis gratuitamente e sob sigilo. No caso de
resultado positivo, a pessoa pode iniciar o
tratamento imediatamente, através do próprio Centro
de Referência.
Segundo estimativas,
cerca de 2000 pessoas, em Campinas, possuem o vírus
HIV e não sabem. O Programa Municipal de DST/Aids
orienta ao uso de preservativos em todas as relações
sexuais e que usuários de drogas injetáveis não
compartilhem agulhas e seringas.
Mais informações à Imprensa: (19) 3234 – 5000, ramal 220, com
Eli Fernandes.