Hospital Ouro Verde consegue reduzir pela metade mortes por AVC

10/05/2013

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Em nove meses de funcionamento, a Unidade de Referência Vascular Aguda (Urva), implantada no Complexo Hospitalar Ouro Verde, de Campinas, conseguiu reduzir pela metade as mortes, especificamente de pacientes com acidente vascular cerebral (AVC), a doença que mais mata no Brasil.

As taxas de mortalidade nos primeiros 90 dias após o AVC foi de 5%, significando uma redução de pelo menos 50% em relação aos números previamente observados no município.

Neste período, foram internados 427­pacientes, sendo 218 vítimas de AVC e 209 de infarto.

Segundo, a coordenadora da Unidade de Referência Vascular Aguda, a neurologista Cynthia Herrera, os bons resultados são frutos do atendimento, realizado em um setor hospitalar geograficamente delimitado, onde há sinergia de cuidados multiprofissionais especializados.

Ela explica que Estudos científicos já demonstraram que pacientes internados precocemente em unidade de atendimento como a Urva apresentam maiores chances de recuperação.

“Na Unidade, todos os profissionais estão focados nos mesmos objetivos: estabilização clínica, investigação das causas, prevenção de recorrência, contenção de complicações secundárias (principalmente infecções) e reabilitação, e esse é o segredo dos bons índices alcançados”, disse.

Menos gastos

A maioria, dos pacientes foi transferida dos prontos-socorros do Hospital Municipal Doutor Mário Gatti (40%), Ouro Verde (30%) e do Hospital das Clínicas da Unicamp (17%). O tempo médio de internação hospitalar foi de sete dias.

As taxas de infecção pulmonar, infecção urinária e de escaras (feridas desenvolvidas pelo fato do paciente com sequela ficar acamado) foram compatíveis e até mesmo inferiores aos observados em Unidades de AVC de países desenvolvidos, significando importante redução nos gastos públicos com antibióticos.

Modelo

O modelo assistencial implantado na Urva não é inédito, mas ainda é pouco conhecido no Brasil, especialmente no contexto do SUS. Ele se baseou em modelos já consagrados em países desenvolvidos como o Canadá e a Inglaterra, que desenvolveram políticas públicas sólidas para lidar com o aumento das doenças crônicas não infecciosas decorrentes do envelhecimento de suas populações, sem deixar de lado a otimização dos gastos envolvidos nesse processo.

Esse modelo traz como principal benefício a redução no tempo de internação (com consequente redução nos custos hospitalares), diminuição dos índices de mortalidade e de sequelas graves (portanto, reduzindo o impacto social e previdenciário na sociedade).

Índices preocupam

O AVC e o infarto agudo do miocárdio são as principais causas de morte no país. Em Campinas, a situação não é diferente. Considerando-se apenas o diagnóstico de AVC, entre 2000 e 2010 foram registrados cerca de 500 óbitos por ano, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, que levou em consideração apenas os residentes no município.

Essas doenças podem acometer qualquer faixa etária, mas o risco é maior após os 55 anos, dobrando a cada década de vida. Sendo assim, com o aumento da expectativa de vida ao nascer (devido à redução da mortalidade infantil e ao maior controle das doenças infectocontagiosas), paradoxalmente estamos vivendo mais e vamos vivenciar nos próximos anos, um aumento progressivo na incidência anual de infartos e AVC, especialmente enquanto não houver um melhor controle de fatores de risco como hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, obesidade e sedentarismo.


Crédito: Arquivo PMC
Índices obtidos pelo estabelecimento se equiparam a de países desenvolvidos

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