Ouro Verde vai instituir grupo gestor de resíduos

27/07/2004

Talita El Kadri

O equipe do Complexo Ouro Verde (região Sudoeste) reuniu-se na última segunda-feira, dia 26 de julho, para mais uma etapa do trabalho que vai instituir o grupo gestor de resíduos da unidade. Formada por representantes do laboratório, ambulatório e pronto atendimento do complexo, a equipe pretende elaborar e implementar um plano de gerenciamento de resíduos que inclui todas as etapas de um encaminhamento seguro para o lixo hospitalar - coleta, manuseio, armazenamento, transporte e disposição final.

Segundo a tecnóloga em saneamento e apoiadora do grupo, Ivanilda Mendes, o objetivo é reduzir a quantidade de resíduos do serviço de saúde e aprimorar a separação desse material. De acordo com ela, apenas o laboratório do complexo já iniciou a segregação e destina para locais indicados os resíduos recicláveis. Atualmente, todo o lixo gerado pelo complexo é eliminado seguindo o sistema municipal de coleta, tratamento e destinação de resíduos.

Os apoiadores do grupo gestor informam que os componentes da equipe estão sendo capacitados com base em normas técnicas e científicas, por meio de fóruns de estudo e trocas de experiência com outros serviços. "Queremos ainda capacitar os 380 funcionários do Complexo Ouro Verde quanto à biossegurança e também quanto à forma correta de manusear e segregar resíduos", afirma Ivanilda.

A destinação adequada do lixo hospitalar reduz os danos à saúde e ao meio ambiente e os riscos de acidentes com profissionais que trabalham com estes resíduos. E, de acordo com o médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Vigilância em Saúde de Campinas, o bom gerenciamento do lixo hospitalar também pode diminuir custos no processo de inutilização desse material.

"Com a capacitação de profissionais e criação de grupos gestores é possível encaminhar para esterilização e incineração - processos de alto custo - somente os resíduos que precisam desse tratamento. O trabalho também contribui para a eficácia da destinação de materiais como embalagens, papéis e caixas de papelão para reciclagem", diz Vicente.

Em Campinas, cerca de 800 toneladas de lixo urbano são geradas por dia, sendo que 1% a 3% dessa quantidade é produzida nos estabelecimentos de saúde. Desse total, entre 10% e 25% representam riscos à saúde. Com a segregação correta do resíduo, é possível também reduzir a possibilidade de contaminação do lixo comum.

A saúde coletiva de Campinas informa que, na cidade, os resíduos do grupo A (potencialmente infectantes) e E (perfurocortantes) são tratados pelo sistema de microondas, que esteriliza elementos biológicos, e posteriormente destinados para o aterro sanitário Delta A.

Os resíduos do grupo D (resíduos comuns) também são levados para o aterro, os do grupo B (químicos) são incinerados no município de Paulínia e resíduos do grupo C (rejeitos radioativos) recebem tratamento diferenciado de acordo com norma do Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

As regras relativas ao gerenciamento de resíduos de serviços de saúde estão na Resolução RDC 33/03, publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, (Anvisa), em fevereiro de 2003. Quem desobedecer os critérios pode ser punido de acordo com a Lei 6.437/77, que prevê de notificação a multas de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão. As vigilâncias sanitárias estaduais e municipais são responsáveis pela fiscalização.

QUADRO

De acordo com a Resolução RDC 33/03, publicada pela Anvisa, o resíduos são classificados como:

GRUPO A (potencialmente infectantes)
Que tenham presença de agentes biológicos que apresentam risco de infecção, como bolsas de sangue contaminado.

GRUPO B (químicos)
Que contenham substâncias químicas capazes de causar risco à saúde ou ao meio ambiente, independente de suas características inflamáveis, de corrosividade, reatividade e toxidade. Por exemplo, medicamentos para tratamento de câncer, reagentes para laboratório e substâncias para
revelação de filmes de Raio-X.

GRUPO C ( rejeitos radioativos)
Materiais que contenham radioatividade em carga acima do padrão e que não possam ser reutilizados, como exames de medicina nuclear.

GRUPO D (resíduos comuns)
Qualquer lixo que não tenha sido contaminado ou possa provocar acidentes, como gesso, luvas, gazes, materiais passíveis de reciclagem e papéis.

GRUPO E (perfurocortantes)
Objetos e instrumentos que possam furar ou cortar, como lâminas, bisturis, agulhas e ampolas de vidro.

A íntegra da Resolução RDC n° 33/03 está na internet: 
www.anvisa.gov.br/legis/resol/2003/rdc/33_03rdc.htm

Volta ao índice de notícias