Talita El
Kadri
O equipe do Complexo Ouro Verde (região Sudoeste)
reuniu-se na última segunda-feira, dia 26 de julho, para
mais uma etapa do trabalho que vai instituir o grupo
gestor de resíduos da unidade. Formada por representantes
do laboratório, ambulatório e pronto atendimento do
complexo, a equipe pretende elaborar e implementar um
plano de gerenciamento de resíduos que inclui todas as
etapas de um encaminhamento seguro para o lixo hospitalar
- coleta, manuseio, armazenamento, transporte e disposição
final.
Segundo a
tecnóloga em saneamento e apoiadora do grupo, Ivanilda
Mendes, o objetivo é reduzir a quantidade de resíduos do
serviço de saúde e aprimorar a separação desse
material. De acordo com ela, apenas o laboratório do
complexo já iniciou a segregação e destina para locais
indicados os resíduos recicláveis. Atualmente, todo o
lixo gerado pelo complexo é eliminado seguindo o sistema
municipal de coleta, tratamento e destinação de resíduos.
Os
apoiadores do grupo gestor informam que os componentes da
equipe estão sendo capacitados com base em normas técnicas
e científicas, por meio de fóruns de estudo e trocas de
experiência com outros serviços. "Queremos ainda
capacitar os 380 funcionários do Complexo Ouro Verde
quanto à biossegurança e também quanto à forma correta
de manusear e segregar resíduos", afirma Ivanilda.
A destinação
adequada do lixo hospitalar reduz os danos à saúde e ao
meio ambiente e os riscos de acidentes com profissionais
que trabalham com estes resíduos. E, de acordo com o médico
sanitarista Vicente Pisani Neto, da Vigilância em Saúde
de Campinas, o bom gerenciamento do lixo hospitalar também
pode diminuir custos no processo de inutilização desse
material.
"Com a capacitação de profissionais e criação de
grupos gestores é possível encaminhar para esterilização
e incineração - processos de alto custo - somente os resíduos
que precisam desse tratamento. O trabalho também
contribui para a eficácia da destinação de materiais
como embalagens, papéis e caixas de papelão para
reciclagem", diz Vicente.
Em Campinas, cerca de 800 toneladas de lixo urbano são
geradas por dia, sendo que 1% a 3% dessa quantidade é
produzida nos estabelecimentos de saúde. Desse total,
entre 10% e 25% representam riscos à saúde. Com a
segregação correta do resíduo, é possível também
reduzir a possibilidade de contaminação do lixo comum.
A saúde coletiva de Campinas informa que, na cidade, os
resíduos do grupo A (potencialmente infectantes) e E (perfurocortantes)
são tratados pelo sistema de microondas, que esteriliza
elementos biológicos, e posteriormente destinados para o
aterro sanitário Delta A.
Os resíduos do grupo D (resíduos comuns) também são
levados para o aterro, os do grupo B (químicos) são
incinerados no município de Paulínia e resíduos do
grupo C (rejeitos radioativos) recebem tratamento
diferenciado de acordo com norma do Conselho Nacional de
Energia Nuclear (CNEN).
As regras relativas ao gerenciamento de resíduos de serviços
de saúde estão na Resolução RDC 33/03, publicada pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, (Anvisa), em
fevereiro de 2003. Quem desobedecer os critérios pode ser
punido de acordo com a Lei 6.437/77, que prevê de
notificação a multas de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão. As
vigilâncias sanitárias estaduais e municipais são
responsáveis pela fiscalização.
QUADRO
De acordo com a Resolução RDC 33/03, publicada pela
Anvisa, o resíduos são classificados como:
GRUPO A (potencialmente infectantes)
Que tenham presença de agentes biológicos que apresentam
risco de infecção, como bolsas de sangue contaminado.
GRUPO B (químicos)
Que contenham substâncias químicas capazes de causar
risco à saúde ou ao meio ambiente, independente de suas
características inflamáveis, de corrosividade,
reatividade e toxidade. Por exemplo, medicamentos para
tratamento de câncer, reagentes para laboratório e substâncias
para
revelação de filmes de Raio-X.
GRUPO C ( rejeitos radioativos)
Materiais que contenham radioatividade em carga acima do
padrão e que não possam ser reutilizados, como exames de
medicina nuclear.
GRUPO D (resíduos comuns)
Qualquer lixo que não tenha sido contaminado ou possa
provocar acidentes, como gesso, luvas, gazes, materiais
passíveis de reciclagem e papéis.
GRUPO E (perfurocortantes)
Objetos e instrumentos que possam furar ou cortar, como lâminas,
bisturis, agulhas e ampolas de vidro.
A íntegra da Resolução RDC n° 33/03 está na internet:
www.anvisa.gov.br/legis/resol/2003/rdc/33_03rdc.htm