Seminário sobre raiva animal reúne mais de 150 pessoas

04/07/2005

O Seminário de Atualização em Raiva e Profilaxia reuniu mais de 150 profissionais da rede pública municipal de saúde de Campinas, no auditório do Senai da Avenida da Saudade, na manhã da última sexta-feira, 1 de julho. Organizado pelo Distrito de Saúde Norte, com apoio do departamento de Saúde Coletiva da Secretaria Municipal de Saúde, o evento teve como objetivo atualizar e capacitar as equipes sobre a situação epidemiológica da doença, profilaxia em humanos, medidas de prevenção da transmissão da raiva e biologia e manejo de morcegos em área urbanas.

Apesar de Campinas ser considerada como área de raiva controlada – os últimos casos em humano e em cão ocorreram no início da década de 80 -, o município voltou a registrar casos em morcegos não hematófagos em 1998, um caso em gato 99, e casos em herbívoros – bois, cavalos entre outros – em 2000, na área de Joaquim Egídeo, na Região Leste, tendo a doença avançado, em 2001 e 2002, para outros bairros da Leste, entre os quais o Carlos Gomes.

Com um intenso trabalho que incluiu reforço nas estratégias de vigilância epidemiológica, mapeamento das colônias de morcegos hematófagos e ações de educação em saúde, os casos em herbívoros cessaram e, a partir de 2003, têm sido registradas ocorrências somente em morcegos não hematófagos – frugívoros e insetívoros - em áreas da Região Norte, como Barão Geraldo, e ainda na Leste, no Centro da cidade.

"A ocorrência desta doença em animais de grande porte e em morcegos não hematófagos aumenta o risco de este agravo voltar a atingir humanos. Esta situação demanda um intenso trabalho de vigilância epidemiológica, altas coberturas vacinais de cães e gatos e ações de educação em saúde e mobilização social. Para isto, precisamos contar com profissionais capacitados. Neste sentido é que realizamos o seminário", informou o médico veterinário Ricardo Conde Alves Rodrigues, do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Secretaria Municipal de Saúde. Ricardo fez a primeira exposição no seminário, com o tema a situação epidemiológica da raiva em Campinas.

Um outro destaque do seminário foi a exposição da bióloga Míriam Sodré, do CCZ de São Paulo, que enfocou a biologia – espécies e hábitos entre outros itens – e o manejo de morcegos em áreas urbanas. Míriam destacou que a principal informação a ser passada para a população é a de que qualquer morcego encontrado caído no chão, vivo ou morto, é suspeito de raiva e não deve ser tocado. "As pessoas nunca devem colocar a mão em morcego. O correto é entrar em contato com o serviço de saúde para se orientar sobre o procedimento adequado", disse.

Após a exposição de Míriam, a médica Neide Takaoka, diretora geral do Instituto Pasteur, fez uma palestra sobre a raiva, modo de transmissão, animais transmissores, casos notificados no Brasil e no mundo, além de falar sobre sua profilaxia dando exemplos sobre alguns casos e como eles poderiam ter sido conduzidos.

Saiba mais. Segundo Neide, a raiva é uma doença que acomete todas as espécies de mamíferos e que pode ser transmitida aos homens, sendo portanto, uma zoonose. "Causada por um vírus mortal, tanto para os homens quanto para os animais, é uma das doenças mais antigas, havendo relatos desde o século 24 antes de Cristo", disse.

Neide informou que a principal forma de transmissão é pelo depósito de saliva contendo o vírus rábico em pele ou mucosa por meio de mordedura, arranhadura e lambedura. Ela ressaltou que o principal transmissor da doença para o homem no meio urbano é o cão – cerca de 80% dos casos -, seguido do gato. E lembrou o surto que vem ocorrendo no Pará, nas últimas semanas, com 15 casos já notificados em humanos, no município de Gavião Peixoto, todos por ataque de morcegos hematófagos.

De acordo com Neide, o Brasil é o país com o maior número de casos de raiva humana na América Latina.

Mais informações:
Denize Assis
Telefones: (19) 3735-0176 ou 8137-8565
Endereço eletrônico: denize.assis@campinas.sp.gov.br

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