O Seminário
de Atualização em Raiva e Profilaxia reuniu mais
de 150 profissionais da rede pública municipal de saúde
de Campinas, no auditório do Senai da Avenida da
Saudade, na manhã da última sexta-feira, 1 de julho.
Organizado pelo Distrito de Saúde Norte, com apoio do
departamento de Saúde Coletiva da Secretaria
Municipal de Saúde, o evento teve como objetivo
atualizar e capacitar as equipes sobre a situação
epidemiológica da doença, profilaxia em humanos,
medidas de prevenção da transmissão da raiva e
biologia e manejo de morcegos em área urbanas.
Apesar
de Campinas ser considerada como área de raiva
controlada – os últimos casos em humano e em cão
ocorreram no início da década de 80 -, o município
voltou a registrar casos em morcegos não hematófagos
em 1998, um caso em gato 99, e casos em herbívoros
– bois, cavalos entre outros – em 2000, na área
de Joaquim Egídeo, na Região Leste, tendo a doença
avançado, em 2001 e 2002, para outros bairros da
Leste, entre os quais o Carlos Gomes.
Com
um intenso trabalho que incluiu reforço nas estratégias
de vigilância epidemiológica, mapeamento das colônias
de morcegos hematófagos e ações de educação em saúde,
os casos em herbívoros cessaram e, a partir de 2003,
têm sido registradas ocorrências somente em morcegos
não hematófagos – frugívoros e insetívoros - em
áreas da Região Norte, como Barão Geraldo, e ainda
na Leste, no Centro da cidade.
"A
ocorrência desta doença em animais de grande porte e
em morcegos não hematófagos aumenta o risco de este
agravo voltar a atingir humanos. Esta situação
demanda um intenso trabalho de vigilância epidemiológica,
altas coberturas vacinais de cães e gatos e ações
de educação em saúde e mobilização social. Para
isto, precisamos contar com profissionais capacitados.
Neste sentido é que realizamos o seminário",
informou o médico veterinário Ricardo Conde Alves
Rodrigues, do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da
Secretaria Municipal de Saúde. Ricardo fez a primeira
exposição no seminário, com o tema a situação
epidemiológica da raiva em Campinas.
Um
outro destaque do seminário foi a exposição da bióloga
Míriam Sodré, do CCZ de São Paulo, que enfocou a
biologia – espécies e hábitos entre outros itens
– e o manejo de morcegos em áreas urbanas. Míriam
destacou que a principal informação a ser passada
para a população é a de que qualquer morcego
encontrado caído no chão, vivo ou morto, é suspeito
de raiva e não deve ser tocado. "As pessoas
nunca devem colocar a mão em morcego. O correto é
entrar em contato com o serviço de saúde para se
orientar sobre o procedimento adequado", disse.
Após
a exposição de Míriam, a médica Neide Takaoka,
diretora geral do Instituto Pasteur, fez uma palestra
sobre a raiva, modo de transmissão, animais
transmissores, casos notificados no Brasil e no mundo,
além de falar sobre sua profilaxia dando exemplos
sobre alguns casos e como eles poderiam ter sido
conduzidos.
Saiba
mais.
Segundo Neide, a raiva é uma doença que acomete
todas as espécies de mamíferos e que pode ser
transmitida aos homens, sendo portanto, uma zoonose.
"Causada por um vírus mortal, tanto para os
homens quanto para os animais, é uma das doenças
mais antigas, havendo relatos desde o século 24 antes
de Cristo", disse.
Neide
informou que a principal forma de transmissão é pelo
depósito de saliva contendo o vírus rábico em pele
ou mucosa por meio de mordedura, arranhadura e
lambedura. Ela ressaltou que o principal transmissor
da doença para o homem no meio urbano é o cão –
cerca de 80% dos casos -, seguido do gato. E lembrou o
surto que vem ocorrendo no Pará, nas últimas
semanas, com 15 casos já notificados em humanos, no
município de Gavião Peixoto, todos por ataque de
morcegos hematófagos.
De
acordo com Neide, o Brasil é o país com o maior número
de casos de raiva humana na América Latina.
Mais
informações:
Denize
Assis
Telefones:
(19) 3735-0176 ou 8137-8565
Endereço
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