Campinas participa de debate sobre hanseníase em encontro no Paraná

18/07/2005

A Secretaria de Saúde de Campinas, representada pelo médico sanitarista André Ricardo Ribas de Freitas, da Vigilância em Saúde (Visa), participou nos dias 14 e 15 de julho, quinta-feira e sexta-feira da semana passada, em Curitiba (PR), da Reunião Macrorregional Centro Sul de Avaliação do Programa Nacional de Eliminação da Hanseníase. O encontro teve como objetivo manter o monitoramento das ações contra a doença, de forma a avaliar resultados, identificar necessidades e propor novas atividades que garantam continuidade ao programa.

O evento reuniu técnicos da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e do Ministério da Saúde, representantes das Secretarias Estaduais de Saúde do Centro Sul (DF, GO, MG, RJ, SP, ES, PR, RS e SC) e dos municípios com maiores índices de prevalência de hanseníase na região.

A meta da SVS é atingir a prevalência de um caso de hanseníase por 10 mil habitantes até dezembro de 2005, com atenção especial às crianças contaminadas, para que, com o tratamento adequado, seja quebrada a cadeia de transmissão familiar. Hoje, Campinas apresenta taxa de prevalência de 0,8 para cada grupo de 10 mil habitantes e, junto com Sorocaba e Itu, integra os municípios prioritários para o controle da doença. A taxa do Brasil é de 1,7 caso/10 mil habitantes. No Centro Sul, as taxas mais preocupantes são de 3,62/10 mil em Goiás, 2,96/10 mil no Espírito Santo, 1,42/10 mil no Paraná e 1,32/10 mil no Distrito Federal.

Segundo André Ricardo Ribas de Freitas, o principal desafio de Campinas é conseguir identificar os casos nas formas iniciais da doença. "O município avançou ao conseguir reduzir a prevalência de casos, mas as ocorrências continuam a ser identificadas quando o paciente está com a doença numa fase avançada e já desenvolveu alguma seqüela", diz.

Descentralização. Para vencer este desafio, o município descentralizou o atendimento à doença, o que significa que as equipes do Programa Saúde da Família, Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e todas as unidades do SUS passaram a integrar a rede de atendimento ao paciente, facilitando o acesso universal ao diagnóstico e tratamento.

"Nosso objetivo agora é trabalhar com capacitação das equipes no sentido de fazer com que estes serviços constituam uma rede competente de diagnóstico e tratamento da doença. É necessário que os profissionais de saúde estejam sensibilizados para pensar em hanseníase e, assim, identificar os casos", diz André. Segundo o sanitarista, outro desafio do município é melhorar a ampliar as atividades de orientação e informação para a população, com enfoque para o combate ao preconceito contra o portador da doença.

O trabalho implementado por Campinas atende a principal estratégia do Programa Nacional de Eliminação da Hanseníase de integração das ações de diagnóstico e tratamento da doença na atenção básica. Também integra a estratégia do Programa a organização das redes de alta e média complexidades para atenção aos pacientes portadores de incapacidades ou deformidades físicas decorrentes da doença. Isto viabilizará o acesso dos pacientes aos procedimentos de reabilitação, como cirurgias reparadoras, órteses e próteses.

Saiba mais

O que é a hanseníase:

é uma doença incapacitante, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen.

Como se pode contrair:

A transmissão da doença se dá pelas vias aéreas superiores pelo contato direto e prolongado com uma pessoa doente, não tratada. Para desenvolver a doença, a pessoa deve aspirar uma grande quantidade de bacilos, situação que é favorecida quando há contato prolongado com o doente que não esteja em tratamento que é o caso de contato familiar.

Como identificar os sinais da doença:

Manchas claras (esbranquiçadas) ou vermelhas e dormentes (que não coçam e não doem e são insensíveis ao calor e ao frio) na pele podem ser consideradas suspeitas de hanseníase. Nesse caso é necessário procurar um centro de saúde.

O tratamento:

É feito com ingestão de comprimidos. É simples e é de graça em todos os centros de saúde. Não pode ser interrompido e, na maioria das vezes, dura seis meses. Nas primeiras doses do medicamento, os bacilos deixam de infectar e, portanto, a doença deixa de ser transmitida.

Denize Assis

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