A
Secretaria de Saúde iniciou nesta quinta-feira, 21 de agosto,
em conjunto com a Superintendência do Controle de Endemias (Sucen),
o levantamento da infestação de carrapatos no Parque
Portugal, onde fica a Lagoa do Taquaral. A medida é mais uma
das providências tomadas pela Prefeitura para evitar a
contaminação das pessoas por febre maculosa.
O parque é a
área de lazer mais freqüentada de Campinas e chega a receber
uma média de 20 mil pessoas a cada final de semana.
No
levantamento, a Sucen pretende verificar o nível de infestação
do Parque pelos carrapatos. Também vai determinar as espécies
existentes. A febre maculosa é provocada pela bactéria Rickttsia
rickettssii, transmitida ao homem pelo carrapato-estrela (Amblyomma
cajennense) ou micuim.
A bactéria
habita o sangue dos animais silvestres e domésticos. Dentre
eles, a capivara é de especial importância. O carrapato é
infectado ao sugar o sangue de um animal contaminado pela bactéria
e, ao sugar o homem, transmite a doença.
Pesca
proibida
Além da
pesquisa dos carrapatos, a Secretaria de Saúde reforçou várias
medidas que já vinham sendo adotadas para prevenir casos da
doença na cidade. A pesca esportiva na Lagoa está proibida a
partir de hoje. Assim como qualquer outra atividade em que a
pessoa necessite ter contato com a vegetação.
Segundo a
enfermeira Salma Balista, coordenadora da Coordenadoria de
Vigilância e Saúde Ambiental (Covisa), as pessoas não devem
entrar nas áreas de vegetação do Parque. "Atividades lúdicas,
educativas ou esportivas, gincanas e outras brincadeiras que
as pessoas haviam programado para o local e que exijam contato
com a vegetação devem ser canceladas. Os visitantes devem
desenvolver atividades somente nos locais onde não tem
mato", afirma Salma. Ela explica que os carrapatos ficam
na vegetação e podem infestar o ser humano.
Prevenção
Outras
medidas como a roça do mato também serão intensificadas,
assim como a orientação para as pessoas que trabalham no
local. Atividades educativas direcionadas aos freqüentadores
serão desencadeadas, principalmente nos finais de semana
quando o Parque recebe milhares de visitantes.
As providências
estão sendo adotadas porque exames laboratoriais enviados
ontem à Secretaria de Saúde confirmaram febre maculosa em
uma mulher que freqüentou o Parque Portugal no início deste
mês.
Comum na região
de Campinas, a febre maculosa produz sintomas parecidos com os
de outras doenças, como leptospirose e dengue hemorrágica.
Os principais sinais são febre alta com início súbito, dor
de cabeça, dores musculares e manchas vermelhas na pele. Também
podem surgir dores abdominais e prostração.
A doença
passou a ser de notificação obrigatória na região da DIR
12 (Direção Regional de Saúde de Campinas) em 1989. Desde lá,
o número de casos suspeitos vem aumentando. Em Campinas, as
notificações de casos suspeitos quase dobraram desde 2001
para 2002. A Secretaria de Saúde confirmou quatro casos em
2001 e nenhum em 2002. Não houve mortes neste período. Este
ano, já foram investigadas 26 ocorrências, sendo que duas
estão confirmadas, 19 foram descartadas e cinco ainda estão
sendo analisadas.
Em 2001, a
febre maculosa passou a ser de notificação obrigatória em
todo País. Estados como o Rio de Janeiro e Minas Gerais Também
são áreas de transmissão.
Letalidade
De acordo com
a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância
Epidemiológica de Campinas, apesar de atingir menos gente do
que outras doenças infecciosas, a febre maculosa preocupa
pela alta taxa de letalidade – entre 40% e 50%.
Entretanto,
segundo Brigina, se tratada no começo do aparecimento dos
sintomas, geralmente tem boa evolução. "Quanto mais
precoce for iniciado o tratamento, maior a probabilidade de
cura", diz a enfermeira. Ela informa que em 2001 em
Campinas a taxa de cura atingiu 100% - dos quatro casos
confirmados, todos se recuperaram.