A
Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da Vigilância
em Saúde (Visa), divulgou nesta terça-feira, 9 de
agosto, para a rede pública municipal de saúde,
informe técnico onde alerta para a possibilidade das
unidades receberem, a partir desta época do ano –
final do inverno e início da primavera -, pessoas com
diarréias similares às causadas por rotavírus.
O
comunicado diz que, assim como no restante do mundo,
em Campinas o rotavírus tem sido uma das principais
causas de diarréia em crianças menores de cinco
anos. E acrescenta que os casos suspeitos têm
sobrecarregado o atendimento nas unidades,
principalmente nos Pronto Atendimentos (PAs), nesta época
do ano estendendo-se pelos próximos dois ou três
meses.
Segundo
informações da Secretaria de Saúde, até o momento,
a Visa notificou apenas um surto em uma escola. Também
foram relatados, verbalmente,- portanto ainda não há
dados na Visa – cerca de 30 casos, ocorridos entre
sexta-feira e ontem, no PA do São José, referência
para a região Sul de Campinas.
A
faixa etária mais acometida, segundo o enfermeiro Edílson
Marcos Vicentim, coordenador do PA São José, é a de
crianças com até dez anos, com concentração nos
menores de dois anos de idade. Mas, entre os
registros, estão relatados casos referentes a todas
as faixas etárias.
A
Visa informa que trabalha com o termo ‘surto provável
de diarréia por rotavírus’ até que sejam concluídos
exames laboratoriais de amostras enviadas ao Laboratório
Municipal. Os fluxos para colher amostras de fezes e
encaminhar para exames e para notificar surtos estão
relatados no informe técnico para a rede pública.
Para a rede privada, os fluxos devem ser acertados com
as Visas respectivas.
A
Vigilância informa que são colhidas amostras de
fezes na fase aguda da doença, até o quarto dia do
início dos sintomas, para exames em um a cada dez
pacientes. Para os demais casos, o critério de diagnóstico
é feito com base nos sintomas e pelo histórico das
pessoas, chamado tecnicamente de critério clínico-epidemiológico.
Segundo
a médica sanitarista Naoko da Silveira, da Visa, a
infecção pelo rotavírus varia de quadro leve com
diarréia aquosa e duração limitada a quadros graves
com desidratação, dores abdominais, febre e vômitos.
"E a doença pode evoluir para desidratação
grave", afirma.
Segundo
Naoko, o final do inverno e início da primavera são
épocas propícias para o aparecimento de surtos por
rotavírus. Neste período, o número de ocorrências
aumenta. Em 2004, Campinas notificou, entre agosto e
outubro, mais de 3,2 mil casos.
A
sanitarista informa, ainda, que os rotavírus são
transmitidos por via fecal-oral, por contato de pessoa
a pessoa e também por meio de água, alimentos, utensílios
ou superfícies contaminadas. Segundo ela, não há
vacinas disponíveis na rede pública, nem tratamento
específico para combater a doença. O tratamento é
sintomático, ou seja: a pessoa recebe medicação
para controlar os sintomas como febre persistente e vômito
com o objetivo principal de evitar a desidratação.
"Muitas
vezes você entra com o soro oral primeiro e se a
pessoa não apresenta melhora, o profissional entra
com soro endovenoso para hidratar o doente", diz
o enfermeiro Edílson Marcos Vicentim, coordenador do
PA São José.
O
coordenador explica que, contra o rotavírus, existem
somente medidas preventivas. "E a melhor forma de
prevenção é o reforço dos cuidados com a higiene,
como limpeza dos ambientes domésticos e lavagem de mãos,
principalmente antes das refeições, após ir ao
banheiro e antes de manipular alimentos", diz.
Estas
normas de higiene devem ser seguidas rigorosamente no
cuidado com crianças, principalmente em creches,
escolas, hospitais, ou qualquer local de convívio
estreito entre crianças. Na suspeita de rotavírus,
é necessário afastar crianças de creche ou escola
até o desaparecimento dos sintomas.
Também
é fundamental o controle da água e dos alimentos –
verduras e frutas devem ser lavadas antes de serem
ingeridas - e a destinação adequada do lixo e do
esgoto. Outra medida importante é o estímulo ao
aleitamento materno, por conter altos níveis de
anticorpos. Aos profissionais de saúde, a orientação
é que fiquem atentos e façam o diagnóstico precoce
para introdução de terapia oral ou endovenosa.
Denize
Assis