Secretaria de Saúde divulga informe técnico sobre rotavírus

09/08/2005

A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da Vigilância em Saúde (Visa), divulgou nesta terça-feira, 9 de agosto, para a rede pública municipal de saúde, informe técnico onde alerta para a possibilidade das unidades receberem, a partir desta época do ano – final do inverno e início da primavera -, pessoas com diarréias similares às causadas por rotavírus.

O comunicado diz que, assim como no restante do mundo, em Campinas o rotavírus tem sido uma das principais causas de diarréia em crianças menores de cinco anos. E acrescenta que os casos suspeitos têm sobrecarregado o atendimento nas unidades, principalmente nos Pronto Atendimentos (PAs), nesta época do ano estendendo-se pelos próximos dois ou três meses.

Segundo informações da Secretaria de Saúde, até o momento, a Visa notificou apenas um surto em uma escola. Também foram relatados, verbalmente,- portanto ainda não há dados na Visa – cerca de 30 casos, ocorridos entre sexta-feira e ontem, no PA do São José, referência para a região Sul de Campinas.

A faixa etária mais acometida, segundo o enfermeiro Edílson Marcos Vicentim, coordenador do PA São José, é a de crianças com até dez anos, com concentração nos menores de dois anos de idade. Mas, entre os registros, estão relatados casos referentes a todas as faixas etárias.

A Visa informa que trabalha com o termo ‘surto provável de diarréia por rotavírus’ até que sejam concluídos exames laboratoriais de amostras enviadas ao Laboratório Municipal. Os fluxos para colher amostras de fezes e encaminhar para exames e para notificar surtos estão relatados no informe técnico para a rede pública. Para a rede privada, os fluxos devem ser acertados com as Visas respectivas.

A Vigilância informa que são colhidas amostras de fezes na fase aguda da doença, até o quarto dia do início dos sintomas, para exames em um a cada dez pacientes. Para os demais casos, o critério de diagnóstico é feito com base nos sintomas e pelo histórico das pessoas, chamado tecnicamente de critério clínico-epidemiológico.

Segundo a médica sanitarista Naoko da Silveira, da Visa, a infecção pelo rotavírus varia de quadro leve com diarréia aquosa e duração limitada a quadros graves com desidratação, dores abdominais, febre e vômitos. "E a doença pode evoluir para desidratação grave", afirma.

Segundo Naoko, o final do inverno e início da primavera são épocas propícias para o aparecimento de surtos por rotavírus. Neste período, o número de ocorrências aumenta. Em 2004, Campinas notificou, entre agosto e outubro, mais de 3,2 mil casos.

A sanitarista informa, ainda, que os rotavírus são transmitidos por via fecal-oral, por contato de pessoa a pessoa e também por meio de água, alimentos, utensílios ou superfícies contaminadas. Segundo ela, não há vacinas disponíveis na rede pública, nem tratamento específico para combater a doença. O tratamento é sintomático, ou seja: a pessoa recebe medicação para controlar os sintomas como febre persistente e vômito com o objetivo principal de evitar a desidratação.

"Muitas vezes você entra com o soro oral primeiro e se a pessoa não apresenta melhora, o profissional entra com soro endovenoso para hidratar o doente", diz o enfermeiro Edílson Marcos Vicentim, coordenador do PA São José.

O coordenador explica que, contra o rotavírus, existem somente medidas preventivas. "E a melhor forma de prevenção é o reforço dos cuidados com a higiene, como limpeza dos ambientes domésticos e lavagem de mãos, principalmente antes das refeições, após ir ao banheiro e antes de manipular alimentos", diz.

Estas normas de higiene devem ser seguidas rigorosamente no cuidado com crianças, principalmente em creches, escolas, hospitais, ou qualquer local de convívio estreito entre crianças. Na suspeita de rotavírus, é necessário afastar crianças de creche ou escola até o desaparecimento dos sintomas.

Também é fundamental o controle da água e dos alimentos – verduras e frutas devem ser lavadas antes de serem ingeridas - e a destinação adequada do lixo e do esgoto. Outra medida importante é o estímulo ao aleitamento materno, por conter altos níveis de anticorpos. Aos profissionais de saúde, a orientação é que fiquem atentos e façam o diagnóstico precoce para introdução de terapia oral ou endovenosa.

Denize Assis

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