Mercado
de trabalho em condições precárias, insuficiência
ou ausência de legislação de trânsito e a
"cultura da pressa" são alguns dos vários
fatores considerados como causas do aumento de
acidentes e mortes de motociclistas estudados pela
comissão interdisciplinar e transetorial encarregada
de fazer a regulamentação da lei nº 12049, de 31 de
agosto de 2004, que dispõe sobre a notificação
compulsória dos acidentes de trânsito envolvendo
motociclistas profissionais.
A
comissão reuniu-se nas últimas quinta e sexta-feira,
4 e 5 de agosto, para fazer duas oficinas relativas ao
assunto e concluiu que só a notificação compulsória
na rede de saúde não resolve o problema dos cerca de
56 mil motociclistas que trafegam pela cidade, segundo
a Emdec. "Para reduzir os riscos e danos a que
estão submetidos os motociclistas é necessária uma
série de ações, de curto a longo prazo, que passa
pelas instâncias locais, estaduais e federais de governo, além de conscientização e educação da
população", diz o coordenador da Saúde
Ambiental de Campinas, Carlos Eduardo Cantúsio Abrahão.
De acordo com a coordenadora da Vigilância Epidemiológica
de Campinas, Brigina Kemp, durante as oficinas, os
profissionais foram distribuídos em três grupos que
apontaram objetivos, ações, tarefas e recursos
necessários para implementação de um programa de
redução dos acidentes e de contribuição para uma
convivência harmoniosa no trânsito.
Segundo Brigina, entre as sugestões feitas estão a
formalização e melhoria das condições de trabalho
dos motociclistas e a implantação de uma Vigilância
para os acidentes envolvendo motocicletas na cidade
que inclui a notificação compulsória – obrigatória
- em "unidades sentinelas" (hospitais
universitários, Hospital Municipal Mário Gatti e as
unidades municipais de Pronto Atendimento).
Outra diretriz, segundo Brigina, é o monitoramento
dos indicadores provenientes dos sistema de informação
de mortalidade da Secretaria de Saúde, de internações
hospitalares e dos bancos de dados da Emdec.
Campinas registrou um aumento de 14% nos acidentes com
motociclistas, no ano passado, em relação a 2000. Os
dados foram divulgados no último 27 de julho, no
Seminário A vida sobre duas rodas: Reduzir riscos
e danos, realizado no Salão Vermelho. O objetivo
do evento foi apresentar o problema do ponto de vista
da saúde pública, da mobilidade urbana e da organização
do sistema produtivo.
De acordo com Abrahão, um dos fatores que mais
impulsionam a criação do programa está no fato de
que 66% dos motociclistas em Campinas têm entre 20 e
30 anos. "É uma população bem jovem, em idade
produtiva e que pode perder a vida ou ter graves seqüelas",
diz o coordenador. No ano passado, 21 pessoas morreram
em virtude de acidentes com motos na cidade.
A comissão que participou das oficinas foi formada
por representantes do Departamento de Saúde Coletiva
da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas,
hospitais, Samu, Emdec, Centro de Referência da Saúde
do Trabalhador (CRST), Fundacentro (Fundação Jorge
Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho), Delegacia Regional do Trabalho, INSS, Câmara
Municipal, sindicatos patronal e dos trabalhadores.
Cláudia
Xavier
Especial
para o Portal da Secretaria de Saúde de Campinas