CS do Jardim Conceição inaugura horta comunitária como parte de projeto terapêutico para alcoolistas

16/08/2005

A última segunda-feira, 15 de agosto, foi uma data especial para um grupo de pessoas que participa, no Centro de Saúde (CS) Prefeito Antônio da Costa Santos, no Jardim Conceição, região Leste de Campinas, de um projeto terapêutico para se manter longe do vício do álcool. O grupo inaugurou uma horta comunitária. Para marcar a ocasião, pacientes, familiares e equipe de saúde promoveram uma grande festa.

"A horta comunitária é mais uma etapa do tratamento e tem como objetivo a reabilitação e reinserção social dos pacientes", diz a psicóloga Raquel Pardo Policastro, que integra a equipe multidisciplinar que acompanha o grupo. Segundo Raquel, o grupo, formado atualmente por oito pessoas, foi constituído há dez meses e tem apresentado bons resultados, tanto que foi possível esta nova etapa do trabalho.

A dentista Maria Cristina Cerávolo, que também integra a equipe multidisciplinar de assistência ao grupo, afirma que a expectativa é reduzir danos à saúde destas pessoas. "E a única condição é que os pacientes venham para as atividades sem estarem alcoolizados", diz. Cristina informa que, até então, as atividades eram realizadas uma vez por semana. Agora, com a horta, eles precisam vir ao Centro de Saúde – a horta fica no quintal da unidade - todos os dias para cuidar das plantas", afirma.

Para viabilizar a horta, o CS contou com a parceria da Ceasa, que disponibilizou um agrônomo para orientar o grupo e forneceu as sementes. O objetivo, futuramente, é que os participantes possam vender os produtos, todos orgânicos, e que a renda seja revertida para aumentar a produção e para a geração de renda dos próprios pacientes.

Para Domingos Carlos Almeida Pinto, um dos participantes do grupo, a horta é mais um estímulo na luta para se manter em abstinência. "Vem como um algo a mais para mostrar que estamos conseguindo", afirma.

Segundo Domingos, que tem 42 anos, quando ele começou a ser acompanhado pela equipe do CS Conceição, costumava faltar às atividades. "Hoje, o compromisso é outro. Venho todos os dias, me visto melhor, me cuido melhor. Já estou há um bom tempo sem beber e tenho mais saúde. Além disso, existe uma ligação entre nós, pacientes, e a equipe. Um dá força para o outro. É muito bom", diz.

O pintor Devair Teles Ferreira, de 63 anos, também freqüenta o grupo e descreve sua atual condição de abstinência como "uma grande satisfação". Ele afirma estar bem feliz. "É como recuperar algo que havia perdido. Hoje as pessoas me respeitam. E a horta é mais um incentivo para me manter assim", diz.

A terapeuta ocupacional Patrícia Cardozo, também da equipe multidisciplinar, diz que existe um cuidado da equipe em dar espaço para as aptidões dos integrantes do grupo e afirma que o projeto da horta comunitária foi escolhido estrategicamente. Nesta mesma diretriz, são exploradas as aptidões para música, desenho entre outras. "E, para ampliar o universo cultural destas pessoas e explorar estas potencialidades, promovemos com freqüência visitas a museus e a outros locais públicos", informa.

A médica generalista Renata Prado, que também é da equipe multidisciplinar que acompanha o grupo, afirma que a magnitude do problema do uso de drogas, verificada nas últimas décadas, ganhou proporções tão graves que hoje é um desafio da saúde pública no país. Além disso, este contexto também é refletido nos demais segmentos da sociedade por sua relação comprovada com os agravos sociais, tais como: acidentes de trânsito e de trabalho, violência domiciliar e crescimento da criminalidade.

"Ciente deste fato e dentro da nossa realidade que apontava vários pacientes usuários de álcool, definimos este projeto terapêutico e a horta surgiu dentro desta proposta e para dar ênfase à reabilitação e reinserção social", diz.

A equipe de saúde do CS Conceição ressalta que, para viabilizar o projeto da horta comunitária, foi fundamental o apoio da supervisora de controle ambiental Sandra Regina Deório Venturato, do Distrito de Saúde Leste, e da Ceasa. A equipe lembra, ainda, que o projeto terapêutico inclui apoio aos familiares dos alcoolistas.

Denize Assis

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