Começa neste sábado maior campanha de vacinação já realizada no mundo

08/08/2008

Autor: Denize Assis

Secretaria Municipal de Saúde lança campanha contra a rubéola com meta de vacinar cerca de 400 mil campineiros. No Brasil são 70 milhões

A Secretaria Municipal de Saúde lança no sábado, 9 de agosto, a Campanha Nacional de Vacinação para a Eliminação da Rubéola, com a meta de vacinar aproximadamente 400 mil campineiros entre 20 e 39 anos. No Brasil, são 70 milhões de pessoas. O lançamento nacional acontece às 9h, no Centro de Saúde Aurélia (rua Licínia Teixeira de Souza, 331, Vila Proost Souza). A vacinação contra a rubéola vai até o dia 12 de setembro. Essa é a maior mobilização já realizada em todo o mundo com o objetivo de imunizar indivíduos adultos.

Neste dia 9 de agosto, ocorrerá também a segunda etapa da vacinação contra a poliomielite, com objetivo de imunizar cerca de 70 mil crianças entre 0 e 5 anos em Campinas. Considerando a vacinação dos adultos e de seus filhos, o Ministério da Saúde criou para este sábado o slogan: Vacinação virou programa família. Em Campinas, o garoto-propaganda será o jogador de Vôlei Maurício Camargo Lima, que cedeu sua imagem gratuitamente.

Homens. Os homens são o principal foco da campanha contra a rubéola. Isto porque, em anos anteriores, os públicos-alvos foram crianças e mulheres. Além disso, para o Ministério da Saúde, agora é a vez de centrar esforços para vacinar pessoas do sexo masculino porque são as que vão menos ao serviço de saúde, se vacinam menos, e, assim, mantêm a cadeia de transmissão na comunidade. Dos 8.684 casos de rubéola confirmados no país, em 2007, 70% corresponderam a pacientes homens. Em Campinas, foram 12 casos em 2007, além da notificação de um caso de Síndrome de Rubéola Congênita (SRC). Em 2008, até junho, foram sete registros de rubéola.

A necessidade de vacinar os homens não exclui as mulheres. Pelo contrário, para eliminar a circulação do vírus no país é fundamental vacinar também as pessoas do sexo feminino.

Essa ação está dentro do compromisso firmado pelos países das Américas durante a 44ª reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) de eliminar, até 2010, a rubéola e a Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) - complicação da infecção pelo vírus da rubéola durante a gestação, principalmente no primeiro trimestre da gravidez.

Público. A imunização será feita em duas grandes frentes: com a aplicação da vacina Dupla Viral (sarampo e rubéola) em homens e mulheres com idade entre 20 e 39 anos de todo o país, e por meio da vacina Tríplice Viral (sarampo, caxumba e rubéola) em indivíduos entre 12 e 19 anos nos estados do Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte, além de toda a população indígena que vive em aldeias.

Pelo seu ineditismo e amplitude, a campanha já despertou o interesse de diversos países do mundo. Eles enviarão observadores para conhecer a ação durante uma semana. Além destes visitantes, essa ação vai contar com a participação de oito consultores internacionais, que vão ajudar técnicos brasileiros na estruturação da campanha nos estados. Eles vêm de cinco países – Paraguai, Colômbia, Equador, Peru e México – e devem permanecer no Brasil por três meses.

Megaestrutura. A campanha contra rubéola exigiu a preparação de uma megaestrutura. Quinhentas mil seringas e agulhas, 600 mil doses de vacinas, 125 carros e, no sábado, dia da abertura, 1,7 mil pessoas mobilizadas em ações em 250 postos de vacinação fixos e volantes são apenas alguns dos números grandiosos para a maior campanha de vacinação já feita no mundo. A logística para a campanha vem sendo pensada pela Secretaria de Saúde desde setembro de 2007.

Ao todo, o governo federal investiu R$ 204,8 milhões na campanha contra a rubéola. O custo por pessoa vacinada é de R$ 2,9. Estima-se que por cada dólar que é investido na estratégia de vacinação são economizados US$ 12 em tratamento das crianças portadoras da Síndrome da Rubéola Congênita.

O Brasil realizou entre 1992 e 2000 campanhas estaduais para implantação da vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) em crianças de um a 11 anos e, posteriormente, em mulheres em idade fértil. Esse conjunto de ações de vacinação dirigido a diversos grupos etários provocou importante redução na incidência da doença, modificou o ciclo dos surtos que deixou de ser prioritariamente em crianças e mulheres, mas não conseguiu interromper a circulação do vírus da rubéola.

Em 2006, houve um aumento de casos confirmados da doença, nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. A disseminação do vírus ocorreu também em 2007, quando 20 estados brasileiros foram afetados, totalizando 8.683 casos, sobretudo nas regiões Sudeste, Sul, Nordeste e Centro-Oeste.

Mobilização. Antes mesmo da Campanha de Vacinação de Rubéola e Paralisia Infantil começar, Campinas já entrou em ação para garantir o sucesso da iniciativa. Para fazer com que o objetivo de vacinar cerca de 500 mil seja alcançado, a Secretaria Municipal de Saúde desencadeou várias ações para mobilização.

Em julho, foi promovido um encontro entre o governo local e instituições parceiras, para a apresentação do plano de ação para a campanha. Participaram representantes da Vigilância em Saúde Municipal (Visa), o secretário de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, e instituições como a Ceprocamp, Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, Shopping Iguatemi, Unimed, as universidades Unip e FACC, Hospital de Clínicas da Unicamp, Emdec, Secretaria Municipal de Administração, Conselho Municipal de Saúde e outros.

A secretaria ainda enviou correspondências a representantes da sociedade civil, entidades representativas das áreas da saúde, universidades, escolas das áreas saúde e outros, conclamando os gestores a participarem ativamente dessa grande ação, sensibilizando a população.

Também em julho, a Vigilância em Saúde (Visa) de Campinas reuniu-se com representantes das escolas de enfermagem de nível médio para também informar da campanha, solicitar que cada escola assuma a vacinação na sua instituição e que colabore na composição das equipes. Faculdades de enfermagem também foram contatadas.

No final de junho, a Secretaria de Saúde mobilizou coordenadores de unidades básicas, distritos de saúde e enfermeiros da rede pública municipal de saúde para informar da campanha, o plano de ação e reforçar que o empenho de todos é muito importante para atingir a meta de vacinar 95% da população-alvo.

Saiba mais.

O que é a rubéola?

A rubéola, também conhecida como “sarampo alemão”, é uma doença infecto-contagiosa causada por vírus. Sua importância epidemiológica está relacionada ao risco de abortos, natimortos e malformações congênitas como cardiopatias, catarata, surdez, denominada Síndrome da Rubéola Congênita (SRC), quando a infecção ocorre durante a gestação.

Qual a causa?

É transmitida pelo vírus do gênero Rubivirus da família Togaviridae.

Quais os sintomas?

O paciente apresenta febre baixa, manchas na pele, dor de cabeça e nas articulações, gânglios aumentados no pescoço e atrás da orelha, entre outros. As formas inaparentes são freqüentes, entre 30% a 50% dos casos.

Como se transmite?

Apresenta alta contagiosidade. A transmissão é diretamente de pessoa a pessoa, por meio das secreções expelidas pelo doente ao tossir, respirar, falar ou respirar.

Como tratar?

Não há tratamento específico para a rubéola. Em caso de suspeita, a pessoa deve imediatamente procurar orientação médica.

Como se prevenir?

Atualmente, a vacina contra rubéola consta no calendário vacinal para crianças aos 12 meses de vida com reforço entre quatro a seis anos. A vacina também está disponível para mulheres na faixa etária de 12 a 49 anos e para os homens de 12 a 39 anos.

Como é feito o diagnóstico?

Algumas doenças se manifestam de forma semelhante à rubéola, como sarampo, escarlatina e dengue. Na situação atual de eliminação da rubéola, identificar precocemente um caso suspeito e realizar as ações de vigilância de forma adequada com uma correta investigação epidemiológica, a realização do diagnóstico diferencial é muito importante para classificar adequadamente qualquer caso suspeito.

Rubéola no mundo

- A OMS estima que existam 110 mil novos casos de SRC a cada ano no mundo.

- Em 1996, 65 países tinham a vacina de rubéola em seus calendários nacionais de imunização. Em 2006, o número de países passou para 123 países.

Rubéola no Brasil

- A partir de 2007, o Brasil inicia a organização de uma campanha nacional para eliminar a rubéola e a SRC.

- A vigilância epidemiológica da rubéola e da SRC foi intensificada a partir de 1999 com a implantação do Plano de Eliminação do Sarampo.

- Entre 1999 e 2007, a redução dos casos confirmados de rubéola ficou em torno de 80%.

- A partir de 2006 surtos de rubéola passaram a ocorrer nos estados de MG, RJ, RS, PR, CE, SP, MS, MT dentre outros. A faixa etária mais acometida é a de 20-34 anos de idade e 70% dos casos confirmados ocorreram no sexo masculino.

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