Campinas lança maior campanha de Vacinação no Centro de Saúde Aurélia

11/08/2008

Autor: Denize Assis

Meta é vacinar cerca de 70 mil crianças campineiras até 5 anos contra a paralisia infantil e 400 mil homens e mulheres contra a rubéola. Trata-se da maior campanha já realizada em Campinas

A Secretaria de Saúde de Campinas lançou neste sábado, às 9h, a Campanha Nacional de Vacinação para Eliminação da Rubéola, que vacinará homens e mulheres de 20 a 39 anos, e a 2ª etapa da Campanha de Vacinação contra a Paralisia Infantil, que vai imunizar todas as crianças menores de cinco anos. O objetivo é eliminar de vez a rubéola em todo continente americano e garantir a manutenção da erradicação da poliomielite no Brasil.

O lançamento ocorreu no Centro de Saúde Aurélia, na região norte do município, onde o secretário municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, acompanhado de autoridades da área médica, de técnicos da Secretaria e dos Conselhos de Saúde entre outros representantes da sociedade civil organizada realizou uma abertura solene e recebeu a comunidade.

“Este momento, simbólico, é muito importante. Trata-se de uma oportunidade para convocar a todos: população, representantes da área de saúde e da sociedade para aderir a esta estratégia que tem como objetivo vacinar 70 milhões de brasileiros, sendo 400 mil moradores de Campinas. É a maior vacinação já realizada no mundo. Que todos possam ser agentes para acabar com a rubéola e manter a paralisia infantil erradicada em nossa cidade, no nosso país. E que a população tenha a consciência de que vacinar é um ato de cidadania”, disse o secretário, na abertura.

O geneticista Walter Pinto Júnior, professor-doutor de genética médica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) também esteve presente na abertura e ressaltou o impacto da campanha. “A vacina da rubéola para adultos é segura, imuniza muito e previne 100% das deficiências e malformações congênitas causadas pelo vírus. Essas alterações fetais podem ser evitadas pela simples vacinação de adultos. Garantir isto é nossa responsabilidade”, afirmou o professor-doutor.

O médico pediatra José Spin Neto, diretor da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica (Puc-Campinas), também compareceu à abertura e ressaltou que ação como esta, de prevenir a poliomielite e erradicar a rubéola e a síndrome da rubéola congênita, é um grande passo em benefício da população. “Apóio e desejo sucesso na campanha”, disse.

A diretora do Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE) XVII, que esteve no evento representando o diretor da Direção Regional de Saúde de Campinas, José Carlos Ramos, ressaltou o empenho de Campinas, o envolvimento das equipes da Secretaria de Saúde e o compromisso do município para que o objetivo da campanha seja alcançado. “A Secretaria de Estado sempre pode contar com Campinas. Quero parabenizar a todos”, disse.

Também estiveram presentes no lançamento o otorrinolaringologista Luiz Miguel Chiriboga, da Associação dos Pais e Amigos dos Cegos de Campinas (Apascamp); a pediatra Maria Farnanda Costa Haddad, coordenadora municipal da Saúde da Criança e do Adolescente; o coordenador do Distrito de Saúde Sudoeste, Edison Martins da Silveira; a diretora municipal de Saúde, Lígia Aparecida Neaime de Almeida; a diretora da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), Maria Filomena de Gouveia Vilela; a enfermeira epidemiologista Eliana Nogueira Castro de Barros, da Coordenadoria de Vigilância de Doenças Respiratórias e Imunopreveníveis da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde; e outros.

A bancária Regina Maura Barreto Farias, de 35 anos, e o marido dela, Leonardo Moraes Farias, de 32, levaram o filho Geovani, de apenas 11 dias, para tomar a gotinha contra a poliomielite e também aproveitaram e tomaram a dose contra a rubéola. “O principal é a saúde do bebê. A qualidade de vida dele depende de ter saúde. E, para garantir a saúde dele, nós também temos que cuidar da nossa”, disse Regina. “É proteger a nossa saúde para proteger a do nosso filho”, completou o pai Leonardo.

Rubéola. A rubéola é transmitida pelas vias respiratórias. Provoca febre, manchas avermelhadas, dor nas articulações e aumento dos gânglios do pescoço. Sua importância epidemiológica está relacionada ao risco de abortos, natimortos e malformações congênitas como cardiopatias, catarata e surdez, denominada Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) quando a infecção ocorre durante a gestação.

A campanha faz parte do esforço da Organização Pan-Americana da Saúde para erradicar a rubéola das Américas até 2010.

Mesmo quem já tomou a vacina, como a consultora de viagens Vera Elisa da Silva, deve repetir a dose: “É importante e eu preservo muito a minha saúde”, disse. Ela tomou a dose logo de manhã no Centro de Saúde Santa Lúcia, região sudoeste de Campinas.

Para chamar a atenção da comunidade para a vacinação, a unidade preparou uma grande festa com música e apresentações infantis. Foi produzido um arco de bexigas logo na entrada da recepção. Foram oferecidas pinturas de mão e rosto para as crianças.

A festa está sendo promovida pela equipe de Saúde do CS Santa Lúcia, em conjunto com estagiários de enfermagem e fisioterapia da Faculdade Comunitária de Campinas (FACC). Também houve cortes de cabelo. A equipe ainda vendeu pastel e refrigerante e o lucro será revertido na compra de materiais e equipamentos para a unidade. A Comunidade São Paulo Apóstolo também apoiou a iniciativa, com voluntários que atuaram na unidade, e usou o lema: ‘Saúde é questão de uma atitude. Tome uma atitude. Vacine-se contra sarampo, rubéola e a poliomielite’.

“Já vacinamos cerca de 500 pessoas, mais adultos que crianças e principalmente mulheres. Mas os homens devem comparecer”, disse a terapeuta ocupacional Adriana Borrego Sander, coordenadora do CS Santa Lúcia.

Mulheres grávidas ou com suspeita de gravidez não podem tomar a vacina.

Pólio. Segundo dados da OMS, o panorama atual da doença aponta um total de 1.313 casos em 13 países no ano de 2007. São quatro países considerados pólio-endêmicos: Afeganistão, Índia, Nigéria e Paquistão. Além desses, outros nove países tiveram casos confirmados de poliomielite importados: Angola, Camarões, Chad, República Democrática do Congo, Sudão, Myanmar, Niger, Somália e Nepal.

Em 2008, até 3 de junho, foram confirmados 522 casos de poliomielite no mundo, representando um aumento significativo quando comparado ao mesmo período de 2007 com registro de 190 casos.

“Os dados, mais uma vez, comprovam que poliomielite ainda persiste no mundo, o que mantém elevado o risco de reintrodução do vírus selvagem em países que já não registram mais casos. Isto reforça que é preciso manter a estratégia que garantiu ao Brasil a erradicação da pólio, que inclui as campanhas em massa realizadas em duas etapas todos os anos. A ação, que é uma das mais importantes de saúde pública, não só mantém o país livre da paralisia infantil, como também integra uma rede mundial em busca da eliminação desta doença”, disse o secretário de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva.

A vacina contra a poliomielite é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a única maneira de erradicar a doença em todo o mundo.

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