Campinas marca Dia Nacional sem Tabaco com Ações educativas no Paço e nas unidades de saúde

26/08/2008

Autor: Denize Assis

Para marcar o Dia Nacional sem tabaco, em 29 de agosto, a Secretaria de Saúde de Campinas promove ações em todas as regiões do município para alertar a população sobre os males do tabagismo. Este ano, o tema escolhido para a data foi Ambientes 100% Livres de Fumo: um direito de todos.

No saguão do Paço Municipal, na avenida Anchieta, 200, nesta quarta-feira, dia 27 de agosto, das 9h às 12h, a equipe de tabagismo da Secretaria de Saúde, junto com profissionais de pneumologia do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, realiza ações educativas com acolhimento de cidadãos interessados em informar-se sobre o tabagismo – incluindo tabagismo ativo e passivo, prevenção, tratamento, ambientes livres de tabaco -, distribuição de material sobre o tema e aplicação do Teste de Fagerstrom, que mede o grau de dependência da pessoa à nicotina.

Para os fumantes passivos, serão disponibilizadas informações de como tornar ambientes de trabalho, estudo, lazer e domicílios livres de tabaco. Esta medida reduz sensivelmente a possibilidade de doenças, mortes e seqüelas prematuras devido ao tabagismo passivo. O tabagismo passivo aumenta o risco de câncer, de doenças respiratórias e de comprometimento do desenvolvimento fetal. Esta é a terceira maior causa de morte evitável no mundo, superada apenas pelo tabagismo ativo e o consumo excessivo de álcool.

Também serão fixadas faixas, ao lado da escadaria que dá acesso ao Paço, com os dizeres “Fumo ou saúde: você decide”, “Informe-se aqui” e “Faça seu teste de nicotina aqui”, além de uma outra com a frase “Este município promove ambientes livres de tabaco”.

No Centro de Saúde Costa e Silva, na região leste, durante todas as manhãs desta semana, equipes vão estar informando sobre o tabagismo e a importância dos ambientes livres de tabaco que, além de proteger tabagistas passivos, são indutores eficientes de parada do fumo para tabagistas ativos. Entre as atividades da semana, a equipe da unidade também promoveu palestra com o tema Entendendo o tabagismo como dependência na empresa Tecnol.

No Centro de Atenção Psicossocial (Caps) AD, também região leste, as equipes promovem palestras e outras atividades de educação em saúde e informação sobre o tema, com foco principal na questão dos ambientes livres de tabaco.

Na região sul, no Centro de Saúde Santa Odila, profissionais aproveitam a ocasião para reformular a metodologia de abordagem dos pacientes e planejar a retomada das atividades do grupo de tabagistas, programada para outubro.

Tabagismo passivo. A cada dia, ao menos sete brasileiros morrem por doenças provocadas pela exposição passiva à fumaça do tabaco. De acordo com o estudo Mortalidade Atribuível ao Tabagismo Passivo na População Urbana do Brasil, divulgado na última sexta-feira, 22 de agosto, por pesquisadores do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da UFRJ, pelo menos 2.655 não-fumantes morrem a cada ano no Brasil por doenças atribuíveis ao tabagismo passivo. Esta é a primeira pesquisa do gênero realizada no país e estimou números somente para a população urbana.

De cada 1.000 mortes por doenças cérebro-vasculares, 29 são atribuíveis à exposição passiva à fumaça do tabaco. A proporção é de 25 para 1.000, no caso de doenças isquêmicas, e de sete para 1.000 mortes por câncer de pulmão. Essas são as três principais doenças relacionadas ao tabagismo passivo.

Os óbitos de mulheres são de 1,3 a 3 vezes mais elevados que os de homens. Das 2.655 mortes, 1.601 foram de mulheres (60,3%). A faixa etária que registra maior ocorrência, tanto em homens quanto em mulheres, é de 65 anos ou mais. Não foram objeto do estudo outras causas de óbito possivelmente associadas ao tabagismo passivo, como síndrome da morte súbita da infância e doenças respiratórias crônicas. Também não foram avaliadas patologias relacionadas à infância e ao período neonatal.

Prevalência em Campinas. A prevalência do hábito de fumar em Campinas, entre as pessoas com dezoito anos ou mais, foi de 22,7%, sendo 24,9% nos homens e 20,7% nas mulheres. Estes porcentuais são próximos aos observados no município de São Paulo. Os dados constam no livro As Dimensões da Saúde – Inquérito Populacional em Campinas, lançado semana passada e que tem como base dados gerados pelo inquérito multicêntrico de saúde (Projeto ISA-SP).

A análise apresentada na publicação também aponta a exposição precoce ao tabaco em Campinas. Oitenta e meio por cento dos fumantes iniciaram-se no tabagismo antes dos 20 anos e 42,5% antes dos 15 anos. No Brasil, de acordo com pesquisa do Inca de 2004, 63% a 64% dos fumantes haviam, iniciado o consumo antes dos 20 anos de idade, dependendo da capital estudada.

Segundo a escolaridade, a prevalência de fumantes em Campinas, entre pessoas com 20 a 49 anos de idade, verificou-se que a freqüência do tabagismo foi crescente com a redução do nível de escolaridade, tanto entre homens como entre mulheres. A prevalência de fumantes em homens com menos de quatro anos de estudo (59,3%) foi 2,5 vezes maior que a observada nos de maior escolaridade (23%). As mulheres com menos anos de estudo (47,19%) fumam quase seis vezes mais que as com doze ou mais anos (8,11%).

O livro também aponta que, em Campinas existe uma forte associação entre tabagismo e precariedade de moradia. A prevalência de fumantes foi maior entre os residentes em barracos para ambos os sexos atingidos 79,8% entre homens e 33% nas mulheres.

TABAGISMO NO BRASIL

- No Brasil, 200 mil mortes anuais são causadas pelo tabagismo.

- Hoje, 16% da população brasileira adulta é fumante. Isso representa uma diminuição de quase 50% no número de fumantes desde 1989.

- Os homens apresentaram prevalências mais elevadas de fumantes do que as mulheres.

- A concentração de fumantes é maior entre as pessoas com menos de oito anos de estudo do que entre pessoas com oito ou mais anos de estudo.

- O cigarro brasileiro é o 6º mais barato do mundo.

- Cerca de 8% dos gastos com internação e quimioterapia no Sistema Único de Saúde são atribuídos a doenças relacionadas ao consumo do tabaco. Somente com esses dois procedimentos, o governo gasta R$ 338,6 milhões.

TABAGISMO NO MUNDO

- O tabagismo é considerado a principal causa de morte evitável em todo o mundo.

- A OMS estima que 1 bilhão e 200 milhões de indivíduos no mundo sejam fumantes.

- Os homens também apresentaram prevalências mais elevadas de fumantes do que as mulheres.

- O total de mortes devido ao uso do tabaco atingiu a cifra de 4,9 milhões de mortes anuais. Esse número aumentará para 10 milhões de mortes anuais por volta do ano 2030.

DOENÇAS ASSOCIADAS AO USO DOS DERIVADOS DO TABACO

São mais de 50 doenças relacionadas ao consumo do tabaco. O tabagismo está relacionado a:

- 25% das mortes causadas por doença coronariana - angina e infarto do miocárdio;

- 45% das mortes causadas por doença coronariana na faixa etária abaixo dos 60 anos;

- 45% das mortes por infarto agudo do miocárdio na faixa etária abaixo de 65 anos;

- 85% das mortes causadas por bronquite e enfisema;

- 90% dos casos de câncer no pulmão;

- 30% das mortes decorrentes de outros tipos de câncer (de boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga e colo de útero);

- 25% das doenças vasculares (entre elas, derrame cerebral).

O TABAGISMO AINDA PODE CAUSAR

- impotência sexual no homem;

- complicações na gravidez;

- aneurismas arteriais;

- úlcera do aparelho digestivo;

- infecções respiratórias,

ESTATÍSTICAS REVELAM QUE OS FUMANTES COMPARADOS AOS NÃO FUMANTES, APRESENTAM UM RISCO

- 10 vezes maior de adoecer de câncer de pulmão;

- 5 vezes maior de sofrer infarto;

- 5 vezes maior de sofrer de bronquite crônica e enfisema pulmonar;

- 2 vezes maior de sofrer derrame cerebral.

BENEFÍCIOS DE PARAR DE FUMAR

Depois que um fumante deixa de fumar:

- Após 20 minutos, a pressão sangüínea e a pulsação voltam ao normal;

- Após 2 horas, não há mais nicotina circulando no sangue do ex-fumante;

- Após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza;

- Após 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor;

- Após 2 dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já percebe melhor o sabor da comida;

- Após 3 semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora;

- Após 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio já foi reduzido à metade;

- Após 5 a 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram.

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