Parceria para fortalecer sistema de transplantes marca dia nacional do doador em Campinas

27/09/2004

Talita El Kadri

Uma parceria entre a Polícia Civil e a Organização de Procura de Órgãos (OPO) para Transplantes, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foi selada hoje, dia 27 de setembro, e marcou o Dia Nacional do Doador de Órgãos e Tecidos em Campinas. O trabalho conjunto vai viabilizar, em menos tempo, o deslocamento de órgãos que precisam ser transportados rapidamente, como o coração, que tem 6 horas de tempo máximo de preservação fora do corpo. O Hospital Municipal Mário Gatti, da Prefeitura, esteve presente e foi destacado na solenidade já que fez, neste final de semana, captação de múltiplos órgãos de um doador, inclusive de coração.

A data foi comemorada com entusiasmo em Campinas já que a cidade registrou o melhor desempenho da história nos primeiros meses de 2004 em número de transplantes feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As doações de fígado aumentaram de 19 em 2002 para 21 em 2003 e para 23 em 2004. Neste ano já foram doados 44 rins, enquanto em 2002 foram 32 e em 2003, apenas 24. Em 2004 também houve um transplante de coração sendo que nos últimos dois anos este procedimento não foi realizado na cidade. A única queda aconteceu com as doações duplas, de pâncreas e rins, que caíram de 7 em 2002 para uma em 2003 e uma esse ano.

Campanha. O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) credita o aumento do número de transplante, verificado em todo País, à campanha nacional de conscientização, lançada pelo Ministério da Saúde no fim do ano passado. "Os hospitais e serviços de saúde também têm papel de protagonistas no sistema de transplantes já que fazem a captação dos órgãos", afirma a assistente social do Hospital Municipal Mário Gatti, Vera Lúcia Reche. "Por isso já programamos no hospital Mário Gatti, para o próximo mês, uma série de ações para sensibilização interna".

De acordo com o Ministério da Saúde, a retirada de órgãos e tecidos de pessoas com morte encefálica depende da autorização da família. Por isso, a pessoa que deseja, após a sua morte, ser uma doadora de órgãos e tecidos deve comunicar seus familiares sobre seu desejo para que autorize a doação no momento oportuno.

A lei que refere-se a doação de órgãos para fins de transplante é a Lei 9.434, de 04 de fevereiro de 1997, posteriormente alterada pela Lei nº 10.211, de 23 de março de 2001. No país, de 1968 a 1996 vigorou o consentimento informado, de 1997 a 2000 a lei definia pela doação presumida e, a partir de 2001, novamente o consentimento informado.

Como proceder. Segundo o Ministério da Saúde, o paciente que precisa de transplante preenche uma ficha e faz exames para determinar características que viabilizam identificar a compatibilidade entre ele e o órgão doado. Esses dados são organizados em um programa de computador.

Quando existe um doador, o receptor é submetido a exames e os resultados cruzados, se não houver compatibilidade, o próximo na fila de espera faz o mesmo procedimento. É preciso, também, que o receptor esteja com boa saúde. Por esse motivo, segundo o Ministério, nem sempre o primeiro da fila é o receptor do órgão.

Para organizar esse processo o Brasil conta com 22 centrais estaduais de transplantes e oito centrais regionais, no Paraná e em Minas Gerais e no estado de São Paulo existem, ainda, dez OPO´s em hospitais universitários.

Órgãos que podem ser doados.

Córneas - retiradas do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidas fora do corpo por até sete dias;

Coração - retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo seis horas;

Pulmão - retirados do doador antes da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por no máximo seis horas;

Rins - retirados do doador até 30 minutos após a parada cardíaca e mantidos fora do corpo até 48 horas;

Fígado - retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas.;

Pâncreas - retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas;

Ossos - retirados do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por até cinco anos;

Medula Óssea - se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue;

Pele;

Valvas Cardíacas.

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