Prefeitura apresenta dados do primeiro ano do Sisnov

04/09/2006

A Prefeitura Municipal de Campinas, por meio da Coordenadoria da Mulher, apresentou nesta terça-feira, dia 29 de agosto, dados referentes ao primeiro ano de implantação do Sistema de Notificação de Violência (Sisnov). O Sistema tem como objetivo contribuir para interromper o ciclo das violências, com o registro dos casos atendidos. Ele também visa gerar informações e indicadores para apoiar o desenvolvimento de políticas específicas que reduzam os riscos e danos associados a violência sexual, doméstica e urbana.

O evento, que também comemorou os cinco anos de implantação do Programa Iluminar Campinas Cuidando das Vítimas de Violência, foi realizado no Plenário da Câmara Municipal e contou com a participação de secretários municipais, autoridades e profissionais de vários municípios, além de representantes do Ministério da Saúde, da Secretaria Especial de Políticas Públicas para a Mulher e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef/SP).

Na ocasião, a responsável pela Coordenadoria da Mulher, Berenice Rosa, enfatizou a importância da consolidação da rede de atenção à violência contra as mulheres e a forma diferenciada com que essa questão é tratada pelos profissionais envolvidos no Programa Iluminar.

Dados

O Sisnov é um sistema eletrônico de notificação dos atendimentos dos casos de violência doméstica contra crianças e adolescentes, de violência sexual em qualquer idade ou sexo e de exploração sexual comercial de crianças e adolescentes, desenvolvido em Campinas por meio de um trabalho conjunto entre órgãos públicos e privados.

De acordo com o responsável técnico do Sistema, Carlos Alberto Avancini de Almeida, mais importante que os dados em si, é conseguir visualizar o trabalho realizado pela rede de serviços diretos e indiretos que atende a vítima. "Um grande problema que sentíamos era a falta de dados, analisando este material poderemos dar início a um trabalho de prevenção", diz.

Neste primeiro ano de sistematização dos atendimentos foram notificados 230 casos de violência sexual, acompanhados ou não de violência física ou psicológica, sendo a grande maioria contra mulheres. No total foram 174 estupros, 111 registros de atentado violento ao pudor e 12 de assédio sexual. "Vale ressaltar que uma mesma pessoa pode ter sido vítima de vários tipos de violência, e o mesmo atendimento ter recebido mais de um tipo de notificação", esclarece Avancini.

A idade das pessoas que mais sofrem com este tipo de violência está na faixa etária de 15 a 19 anos, com 57 casos atendidos, seguida por 31 casos entre 10 e 14 anos. As notificações também apontam 158 casos de violência urbana e 72 doméstica.

Sistema

O acesso ao sistema é restrito a profissionais cadastrados que atuam nas unidades municipais, no Conselho Tutelar, organizações não governamentais (ONGs) selecionadas e outras instituições públicas ou privadas desde que autorizadas pelo Comitê Intersetorial e Interinstitucional, responsável pela gestão do sistema.

Para obter cadastro e senha é preciso acessar o Portal da Prefeitura www.campinas.sp.gov.br/saúde, clicar no botão Sisnov Sistema de Notificação de Violência em Campinas e clicar no ítem "Cadastre-se aqui". Depois de preencher todos os dados do cadastro, escolher o nome do usuário e a senha de acesso, a pessoa deverá aguardar a confirmação da autorização para acesso, que será feita por e-mail ou telefone.

"Com as notificações de atendimento pretendemos elaborar uma base de dados sobre violência doméstica contra crianças e adolescentes, violência sexual, urbana ou doméstica, em qualquer idade ou sexo e exploração sexual comercial no município de Campinas", comenta Avancini.

Para a representante do Ministério da Saúde, Marta Maria Silva, como a violência é questão de saúde pública, é necessário conhecer a magnitude do problema para prevenir. "Campinas é precursora na sistematização de dados. O Ministério da Saúde implantou apenas em 1º de agosto deste ano a Ficha de Notificação e Investigação de Violência Doméstica Sexual e outras Violências", conta.

Marta também elogiou a atuação do município de Campinas ao levar a experiência do Programa Iluminar para outros municípios da região num processo de construção coletiva.

Rede

A sistematização dos dados era uma meta da rede que reúne três programas independentes e têm em comum a violência na cidade de Campinas, fluxos de atendimento e necessidades semelhantes de informações e principalmente serviços que são executados por um mesmo conjunto de profissionais.

Entre eles estão o "Iluminar Campinas", que há cinco anos vem mudando o tratamento dado às vítimas da violência sexual ou doméstica, em qualquer idade ou sexo; o "Quebrando o Silêncio", que trata especificamente da violência doméstica contra crianças e adolescentes e o "Programa de Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes", criado para combater este tipo de violência.

O cuidado com as vítimas é feito por meio de um trabalho intersetorial que envolve as secretarias municipais de Saúde; Cidadania, Trabalho, Assistência e Inclusão Social; Educação e tem participação efetiva de diferentes serviços públicos como o Instituto Médico Legal (IML) e Centro de Assistência Integral a Saúde da Mulher (CAISM), universidades, Conselhos Municipais, entre outros.

 

Esta matéria é uma colaboração da jornalista Bel Buzzo Alonso, do Decom, para o Portal da Saúde

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