Campinas sedia Encontro de Centros de Convivência nesta sexta, 23, na Cati

23/09/2011

Autor: Marco Aurélio Capitão

Representantes de diversas secretarias de Saúde do Estado de São Paulo e de Centros de Convivência (Ceco) das cidades de São Paulo, Embu das Artes e Campinas participam nesta sexta-feira, 23 de setembro, das 8h30 às 17h, na sede da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) de Campinas, do I Encontro Estadual dos Centros de Convivência, intitulado "A delicada arte de produzir encontros".

Os Cecos, conforme explica Carla A.S. Machado, coordenadora da área técnica de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, são espaços que privilegiam a participação e a construção coletiva através de atividades relacionadas à arte, educação, lazer e cultura.

“Podemos definir esses espaços como dispositivos comunitários que compõem a rede de atenção substitutiva de saúde mental, que convida os usuários dos serviços de saúde e comunidade em geral a vivências de laços sociais e afetivos”, esclarece Carla.

Ela complementa que Campinas conta com onze Cecos, a cidade de São Paulo com 21 e os municípios de Embu das Artes, Mogi das Cruzes e Taboão da Serra com uma unidade cada. O Estado de São Paulo dispõe, atualmente, de 35 Centros de Convivência.

O Encontro desta sexta é promovido dentro de uma parceria entre o Conselho Regional de Psicologia do Estado de São Paulo (CRP- SP) e a Prefeitura Campinas, com apoio do Cati e do Serviço de Saúde Dr. Candido Ferreira.

O I Encontro Estadual dos Centros de Convivência tem, entre seus objetivos principais, discutir e problematizar o que são os Centros de Convivência e que lugar essas unidades têm, de fato, ocupado na rede substitutiva.

“Precisamos investigar de que forma os Cecos contribuem para a desinstitucionalização e para a desconstrução do modelo e das práticas manicomiais. Mais ainda, precisamos saber como estão constituídas as experiências de economia solidária nesses locais e qual a construção possível com a rede intersetorial”, esclarece Carla.

De acordo com a programação do 1º Encontro, logo pela manhã desta sexta haverá uma mesa de discussão, abordando os temas: “Conceituação dos Centros de Convivência”, “Intersetorialidade” e “Economia Solidária”. À tarde, os participantes serão divididos em subgrupos para debate e, por fim, vão redigir um documento que será encaminhado ao Ministério da Saúde (MS).

No encerramento, o projeto Coletivo da Música apresenta clássicos da Música Brasileira, na interpretação do grupo Retalhos de Cetim. As inscrições podem ser feitas no CRP-Campinas pelo telefone (19) 3243-7877. A Cati Campinas fica na Avenida Brasil, 2.340, no Jardim Guanabara.

Histórico.

Em 1990, a partir da parceria com a Prefeitura de Campinas, inúmeras transformações começam a ocorrer no Cândido Ferreira, como a constituição de alas mistas e a realização de assembleias de usuários. Ao longo dos anos 90, várias iniciativas começaram a apontar rupturas com o modelo tradicional, entre elas as moradias extra-hospitalares, o Hospital-Dia e o Núcleo de Oficinas de Trabalho (NOT).

“A partir daí a desospitalização se tornou um processo irreversível, que foi avançando a cada ano. A partir de 2000, a criação dos Caps e dos Centros de Convivência marcam uma nova forma de cuidado em Saúde Mental, com base no convívio social e familiar, tendo como eixos fundamentais a promoção dos direitos humanos e a valorização da cidadania”, acrescenta a coordenadora. Ela ainda lembra que, atualmente, o Serviço de Saúde Cândido Ferreira gerencia quatro Caps, três Cecos, doze Oficinas de Trabalho, 29 Residências Terapêuticas e um Núcleo de Retaguarda em Campinas.

Os primeiros Centros de Convivência em Campinas surgiram em 1997, a partir de uma ampla reestruturação do Cândido Ferreira. A constituição desses espaços deu-se com o fechamento de uma das alas de leito psiquiátrico dentro do Hospital. De acordo com dados fornecidos por Carla Siqueira Machado, “esses Centros de Convivência surgiram para ampliar o sentido terapêutico da clínica em saúde mental e da reabilitação psicossocial no contexto da construção e resgate da cidadania”

“Em outras palavras – destaca - esses espaços de convivência e de encontros permitiram a aproximação e interação entre hospital e comunidade local, o que possibilitou quebrar tabus já que moradores da comunidade passaram a frequentar o espaço do hospital para organizarem, junto com os pacientes, diversas atividades de lazer e cultura”.

Na região Norte, Campinas conta com os Cecos João de Barro, Viver e Conviver e com o Anchieta. Na Região Leste com os Cecos Espaço das Vilas e Casa dos Sonhos. Na região Noroeste, com os Cecos Toninhas, na Região Sudoeste com os Cecos Tear das Artes e Andorinhas e, na Região Sul, com os Cecos Bem Viver, Portal das Artes e Rosa dos Ventos.

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