Prefeitura investiga se houve seqüelas para saúde de trabalhadores que atuaram na área das Mansões Santo Antônio

03/10/2002

Também serão submetidos à avaliação clínico-epidemiológica cidadãos que moram
na área há mais de uma década e que consumiam água que provém do solo

A Secretaria de Saúde de Campinas começa a investigar, a partir da segunda quinzena de outubro, as condições de saúde das pessoas que estiveram mais expostas à contaminação ambiental do loteamento Mansões Santo Antônio, no bairro Santa Cândida, na região Leste de Campinas. Tecnicamente, este tipo de avaliação é denominada de investigação clínico-epidemiológica.

Os primeiros a serem submetidos à avaliação são trabalhadores da Construtora Concima, que exerceram atividades que envolviam movimentação de solo, como obras de fundação ou terraplanagem, e funcionários da garagem da empresa de ônibus Gardênia, que utilizavam água de um poço contaminado.

Também serão avaliados, cidadãos que moram na área há mais de 10 anos e que consumiram água que provém do solo. De acordo com levantamento preliminar, feito por agentes de saúde do Paidéia, este público é constituído por aproximadamente 400 pessoas.

A Secretaria de Saúde pretende organizar estas pessoas em grupos, esclarecer o que será feito, informar os motivos da investigação e deixá-los à vontade para decidir se querem ou não participar da pesquisa.

Primeiramente, os cidadãos responderão a um questionário – chamado de avaliação clínica. Em seguida, aqueles que apontarem algum problema que possa estar relacionado à contaminação, serão submetidos a exames laboratoriais de rim e fígado – provas de função renal e hepática.

O procedimento a ser adotado para a investigação foi definido em conjunto por profissionais do CRST (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador), Distrito de Saúde Leste e Vigilância Leste, Centro de Saúde Taquaral e Vigilância Ambiental.

Após esta etapa e, dependendo dos resultados apontados, o restante da população que mora na área de influência da contaminação também será submetida à investigação clínico-epidemiológica. No levantamento preliminar da Prefeitura, este público é constituído por 1.000 pessoas.

Entenda o que ocorre na área das Mansões

A contaminação ambiental do loteamento Mansões Santo Antônio foi ocasionada por uma já extinta indústria de produtos químicos, a Proquima. A empresa trabalhava na recuperação de solventes, a partir de resíduos
industriais ou solventes contaminados, e na fabricação de produtos de limpeza. A empresa esteve instalada no local por mais de vinte anos e foi fechada em 1996.

Depois de encerrar as atividades, o proprietário vendeu o terreno para a construtora Concima que, em 1997, iniciou lá a construção de um condomínio. Atualmente, já estão construídos na área três blocos de apartamentos, sendo que um deles já está ocupado por 43 famílias.
Em 15 de abril deste ano, a Prefeitura Municipal de Campinas foi informada oficialmente pela Cetesb, órgão responsável pelo Meio Ambiente no Estado de São Paulo, sobre a situação ambiental inadequada.
Desde então, a Prefeitura tem adotado uma série de intervenções para conter ou atenuar a contaminação da área e para conter os riscos que ela possa trazer às pessoas. A população foi orientada para não utilizar água que provém do solo. Equipes da Secretaria de Saúde interditaram 19 poços, lacraram uma nascente e outros três poços. Também foi providenciada ligação de água tratada pela Sanasa em imóveis que dispunham deste serviço.
A Secretaria de Saúde, por meio dos agentes de saúde do Paidéia, cadastrou imóveis e orientou moradores de toda área de influência da contaminação. A população ainda foi esclarecida e as dúvidas puderam ser sanadas, por profissionais da Secretaria de Saúde, numa reunião pública realizada no último dia 23 de setembro.

A Prefeitura de Campinas também embargou, em 27 de setembro, quatro construções que estão naquela área. As obras tiveram que ser suspensas porque, por necessitarem de movimentação de solo, poderiam oferecer risco para a saúde dos trabalhadores. A suspensão tem como base o decreto 14.091, publicado no Diário Oficial do Município na última sexta-feira, 27 de setembro.

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