Também
serão submetidos à avaliação clínico-epidemiológica cidadãos
que moram
na área há mais de uma década e que consumiam água que provém
do solo
A Secretaria de
Saúde de Campinas começa a investigar, a partir da segunda
quinzena de outubro, as condições de saúde das pessoas que
estiveram mais expostas à contaminação ambiental do
loteamento Mansões Santo Antônio, no bairro Santa Cândida, na
região Leste de Campinas. Tecnicamente, este tipo de avaliação
é denominada de investigação clínico-epidemiológica.
Os primeiros a
serem submetidos à avaliação são trabalhadores da
Construtora Concima, que exerceram atividades que envolviam
movimentação de solo, como obras de fundação ou
terraplanagem, e funcionários da garagem da empresa de ônibus
Gardênia, que utilizavam água de um poço contaminado.
Também serão
avaliados, cidadãos que moram na área há mais de 10 anos e
que consumiram água que provém do solo. De acordo com
levantamento preliminar, feito por agentes de saúde do Paidéia,
este público é constituído por aproximadamente 400 pessoas.
A Secretaria de
Saúde pretende organizar estas pessoas em grupos, esclarecer o
que será feito, informar os motivos da investigação e deixá-los
à vontade para decidir se querem ou não participar da
pesquisa.
Primeiramente,
os cidadãos responderão a um questionário – chamado de
avaliação clínica. Em seguida, aqueles que apontarem algum
problema que possa estar relacionado à contaminação, serão
submetidos a exames laboratoriais de rim e fígado – provas de
função renal e hepática.
O procedimento
a ser adotado para a investigação foi definido em conjunto por
profissionais do CRST (Centro de Referência em Saúde do
Trabalhador), Distrito de Saúde Leste e Vigilância Leste,
Centro de Saúde Taquaral e Vigilância Ambiental.
Após esta
etapa e, dependendo dos resultados apontados, o restante da
população que mora na área de influência da contaminação
também será submetida à investigação clínico-epidemiológica.
No levantamento preliminar da Prefeitura, este público é
constituído por 1.000 pessoas.
Entenda o que
ocorre na área das Mansões
A contaminação
ambiental do loteamento Mansões Santo Antônio foi ocasionada
por uma já extinta indústria de produtos químicos, a Proquima.
A empresa trabalhava na recuperação de solventes, a partir de
resíduos
industriais ou solventes contaminados, e na fabricação de
produtos de limpeza. A empresa esteve instalada no local por
mais de vinte anos e foi fechada em 1996.
Depois de
encerrar as atividades, o proprietário vendeu o terreno para a
construtora Concima que, em 1997, iniciou lá a construção de
um condomínio. Atualmente, já estão construídos na área três
blocos de apartamentos, sendo que um deles já está ocupado por
43 famílias.
Em 15 de abril deste ano, a Prefeitura Municipal de Campinas foi
informada oficialmente pela Cetesb, órgão responsável pelo
Meio Ambiente no Estado de São Paulo, sobre a situação
ambiental inadequada.
Desde então, a Prefeitura tem adotado uma série de intervenções
para conter ou atenuar a contaminação da área e para conter
os riscos que ela possa trazer às pessoas. A população foi
orientada para não utilizar água que provém do solo. Equipes
da Secretaria de Saúde interditaram 19 poços, lacraram uma
nascente e outros três poços. Também foi providenciada ligação
de água tratada pela Sanasa em imóveis que dispunham deste
serviço.
A Secretaria de Saúde, por meio dos agentes de saúde do Paidéia,
cadastrou imóveis e orientou moradores de toda área de influência
da contaminação. A população ainda foi esclarecida e as dúvidas
puderam ser sanadas, por profissionais da Secretaria de Saúde,
numa reunião pública realizada no último dia 23 de setembro.
A Prefeitura de
Campinas também embargou, em 27 de setembro, quatro construções
que estão naquela área. As obras tiveram que ser suspensas
porque, por necessitarem de movimentação de solo, poderiam
oferecer risco para a saúde dos trabalhadores. A suspensão tem
como base o decreto 14.091, publicado no Diário Oficial do
Município na última sexta-feira, 27 de setembro.